terça-feira, 20 de janeiro de 2009

ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA-GLAUBER ROCHA

Considerado um dos mais importantes espaços de cinema de Salvador por participar de momentos históricos do cinema baiano e nacional, o Espaço Unibanco de Cinema - Glauber Rocha, ex-Guarany e ex-Glauber Rocha, voltou a funcionar no dia 19 de dezembro de 2008.

"Esta é a maior homenagem que meu pai já recebeu" declarou Paloma Rocha, filha de Glauber, ao público que lotou as quatro salas do novo complexo, na pré-estréia do cinema no dia 16 de dezembro de 2008, antes da exibição do clássico de Glauber restaurado O Dragão da Maldade e o Santo Guerreiro.Dona Lúcia Rocha, mãe de Glauber e incansável promotora da memória do cineasta à frente do memorial Tempo Glauber (http://www.tempoglauber.com.br/), visitou a obra em homenagem ao filho com lágrimas nos olhos.

Também estiveram presentes na inauguração do novo espaço, além de Paloma Rocha, os filhos de Glauber, Erik Rocha, Ava Rocha e João Rocha. A abertura também teve a presença de autoridades baianas e do ministro da Cultura Juca Ferreira, que elogiou muito a iniciativa e prometeu investir em um novo projeto de revitalização do Pelourinho, a começar pela Praça Castro Alves, onde fica o Espaço Unibanco de Cinema - Glauber Rocha, e o soterramento da fiação elétrica e eliminação dos postes e cabos de alta tensão.

O Espaço Unibanco de Cinema – Glauber Rocha traz ao público baiano um equipamento cultural e de entretenimento, com o melhor em equipamento, som, projeção e conforto. O Espaço Unibanco- Glauber Rocha possui quatro modernas salas de cinema, com 630 lugares ao todo; uma livraria, a Galeria do Livro, especializada em livros de arte e literatura, fotografia, cinema e quadrinhos; um restaurante (ainda a ser instalado) e um café.

A reforma preservou os símbolos que estão na memória dos cinéfilos baianos que freqüentavam os antigos cine Guarani e Glauber Rocha. Logo na fachada é possível ver a famosa rosácea (criada para o cartaz de Deus e o Diabo na Terra do Sol) do designer Rogério Duarte, redesenhada pelo autor e executada em forma de mosaico pelo artista plástico Bel Borba. No saguão, onde ficam a bilheteria e a bomboniere, estão os famosos painéis de Carybé restaurados por João Magalhães, profissional indicado pelo Ipac (Instituto do Patrimônio Artístico Cultural).
Além disso, foi preservado um antigo pórtico e as cariátides, de 1919, quando ainda era chamado de cine Guarany.

Situado na Praça Castro Alves, tendo a Bahia de Todos os Santos como vista, o Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha vem encabeçar a importância de revitalização do centro de Salvador. “A Praça Castro Alves é a encruzilhada da Bahia, com Glauber Rocha, Castro Alves, Gregório de Matos, Igreja da Barroquinha, Cidade Alta, Cidade Baixa, Baía de Todos os Santos, Forte São Marcelo, Rua Chile… “Não estamos devolvendo apenas um cinema à cidade, mas trata-se da possibilidade de revitalização de toda uma região de extrema importância para Salvador”, enfatiza Cláudio Marques, idealizador deste projeto de revitalização.

O Espaço Unibanco de Cinema teve um investimento de R$ 6 milhões com o patrocínio do Unibanco e da Ancine, através da Lei do Audiovisual, e foi financiado pelo Banco do Nordeste.
Importância histórica do projeto – Fundado em 1919 como Cine-Theatro Kursaal-Baiano, um ano depois foi rebatizado de Cine Guarany.

O espaço era freqüentado pela elite baiana e considerado moderníssimo para época, com seus 1.200 lugares, lanchonete, quiosque de jogos, jardim e uma balaustrada com estátuas e duas pirâmides decorativas iniciais. Em 1955, foi reformado e reinaugurado já com o formato Cinemascope, o mais moderno da época, e som estéreo. Foi nessa época que surgiu um dos símbolos mais conhecidos do espaço, os índios pintados por Carybé. Entre seus momentos históricos, temos a estréia do primeiro longa-metragem baiano Redenção, em 1959, de Roberto Pires, iniciandoo ciclo de cinema da Bahia, que vai até 1963 e que faz 50 anos em 2009.

O Guarany, em meados dos anos 60, era a sede do Clube de Cinema da Bahia. Era lá que Walter da Silveira, cinéfilo e crítico a favor do cinema nacional de perspectiva humanística e revolucionária, exibia as obras-primas do cinema nacional e mundial, sempre aos sábados, às 10 horas da manhã. Foi no Guarany que Glauber Rocha deixou a platéia extasiada e emocionada com a exibição, pela primeira vez, do clássico do cinema novo Deus e o Diabo na Terra do Sol.
Em 1982, depois da morte de Glauber Rocha (1981), o cinema passou por uma reforma encabeçada pela arquiteta Lina Bo Bardi e se transformou no Cine Glauber Rocha. A partir daí, o espaço passou por altos e baixos, não resistindo ao surgimento dos cinemas de shopping e ao abandono do centro de Salvador, fechando suas portas em 1998. Mas a batalha não estava vencida, quase 100 anos depois, o ex-cine Guarany e ex-cine Glauber Rocha, surge como o Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha para encabeçar mais um momento importante da história da Bahia, a revitalização do centro de Salvador.

Fonte: Tempo Glauber

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