Beto Magno
Este filme é uma espécie de biografia. Só que ela conta apenas um período da vida do escritor/filósofo alemão Nietzsche. De um dos períodos que ele passou na Itália.
Fernando Eiras interpreta Nietzsche magnificamente. sempre com um semblante tranquilo que passa tanto a paixão de uma pessoa por particularidades da vida. Como a loucura de um filósofo que entende os pormenores da humanidade. Seu bigode característico e inconfudível e a narração em off, intensificam a alma atormentada de um humano, demasiado humano.
As imagens do filme são maravilhosas, de uma beleza estética incrível. A fotografia é igualmente incrível. Os planos que foram escolhidos sempre ajudam a compor a narração do filme. Em todo momento há trechos dos livros sendo citados. Assim falava Zaratrusta, O anticristo, Crepúsculo dos ídolos, Além do bem e do mau, Ecce Homo, Humano, demasiado humano e outros. Somando junto com as imagens, estas ferramentas se tornam necessárias para enterdermos, ou a menos tentarmos, entender a mente de Nietzsche.
Há cenas incríveis dele junto com a família, onde ele está hospedado. Geralmente eles conversam sobre música e a confusão do momento chega a ser angustiante quando não consegue-se distinguir por qual das filhas da família Nietzsche poderia estar apaixonado. É em uma destas cenas que ele solta a máxima: "Minha vida seria um erro sem a música".
Dias de Nietzsche em Turim não é um filme como qualquer outro filme biográfico. Ele é totalmente o que se convenciounou chamar de filme de arte. São cenas paradas sem muita ação, alguns momentos chegam a ser sonolentos. Acredito até que para passar um certo tédio pelo qual Nietzsche passa em certos momentos niilisticos. Não é um filme fácil de assistir. No entanto, se você gosta de Nietzsche, filosofia, filme-arte e Julio Bressane. É uma ótima oportunidade de ver além de um belo filme, conhecer a outra face do cinema nacional que se mantém viva desde que surgiu o cinema underground.
É claro que há filmes melhorese mais interessantes tanto no cinema underground quanto do próprio Julio Bressane. Mas o anti-clima das produções das grandes produtoras nacionais e a ousadia de fazer um filme de um filosofo alemão do final do século dezenove falado em português, acrescentam a este filme o status de cult e ainda um cult underground nacional. Imperdível.
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