Por Allan de Kard
DURVAL SACERDOTE DE MENEZES
Quando menino, perambulava aos domingos pela manhã na praça Abdias Menezes, feirinha do Bairro Brasil, a cata de alguns trocados, através da venda das minhas parcas porém valiosas forças de trabalho. Vendia fósforo e picolés, pegava carregos, engraxava sapatos no capricho e tudo mais que a inspiração mo permitisse. A mesma inspiração que move o nosso amado Durval Lemos de Menezes. Certo dia quando fitava a placa com o nome da praça, onde se via Praça Abdias Menezes, e não Abedias como havia eu datilografado em cerca de setecentas carteiras de estudante, a mando do meu saudoso Pai. Fato que me rendeu uma sova homérica. Fui sacudido por um pipoco de trovões que me fez viajar no tempo e no espaço.
Mau sabia eu que iria construir fortes laço s de amizade com o neto daquele importante senhor. Durval vem do germânico, Thorvald que vem do Antigo Nórdico, que significa Sacerdote de Thor ( deus do trovão). Estava ali uma destas filigranas proféticas que recheiam as nossas vidas, desde que tenhamos a acuidade visual para percebermos tais sinais. Logo mais, haveria de ouvir pela vez primeira o nome de Durval, na época Diretor do Centro Integrado de Educação Navarro de Brito. Para mim era um gigante, pois as crianças e jovens vêem os adultos como gigante. Mais tarde o sentido literal foi substituído pelo sentido metafórico, quando me fiz homem, e voltei a encontrá-lo, desta feita já na condição de amigo, na ocasião da feitura do Livro a República dos Miguelenses, quando fui convidado por ele a fazer a capa do livro. Passei a narrar a história de meu avô, João Cardoso, tropeiro analfabeto, portador de uma sabedoria invejável, também natural do fabuloso vale do Jequiriça. Tal narrativa, valeu a inclusão de sua história no livro. Então o Senhor trovão, verdadeiro sacerdote das Letras passou a ocupar lugar especial no meu coração. Gigante em todos os sentidos, defensor da Justiça. Poucos como ele vêem os horizontes de forma tão larga. Profundo conhecedor da história de seu povo. Durval é um destes homens que grafam na Rocha sua história de forma indelével. Quisera eu ter a capacidade de colocar no papel tudo aquilo que lhe é devido em forma de agradecimento pelo tanto que representa para nossa Pólis.
Sua voz, como os trovões ecoará na eternidade.
Se seu amigo para sempre
Allan de Kard, outono de 2023
Foto: blog do Anderson
Não retiro uma só palavra do seu texto, Allan, só a descendo que o professor Durval, professor de muitas gerações, deixa marca em todos nós que tivemos e temos a honra de partilhar memórias familiares e históricas , que sempre trazem marcas do nosso povo, da nossa ancestralidade
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