Por José Araripe Jr.
"Três Histórias da Bahia" é atração do Cineclube Glauber Rocha
Lançado em 2001, o filme de retomada da produção audiovisual baiana, neste século, está de volta em exibição especial, no formato original: película 35mm. É no domingo (21/05), às 10h30, no Cine Metha - Glauber Rocha, com ingressos a cinco reais!
Considerado também o precursor da então denominada "novíssima onda" do cinema local, "Três Histórias da Bahia" reúne viagens aos subterrâneos do imaginário local, intitulados "Agora é Cinza", "Diário de um Convento" e "O Pai do Rock" Dirigidos, respectivamente, por Sérgio Machado, Edyala Iglesias e José Araripe Jr., a estrutura episódica do longa transita de um pitoresco barzinho do bairro de Periperi até uma anárquica garagem povoada de roqueiros insurgentes contra a duradoura hegemonia do axé music, passando pelo claustro algo anticlerical, que remonta as agruras de uma noviça por volta do século XVII.
No elenco grandes nomes da dramaturgia nacional como Othon Bastos, Sergio Mamberti, Lucélia Santos e Ingra Liberato, além de jovens promissores que se consolidariam como presenças marcantes do cinema brasileiro nos anos seguintes, caso de Daniel Boaventura e Osvaldo Mil, este último, por sinal, vai estar presente à sessão do Cineclube Glauber Rocha, ao lado do cineasta José Araripe Jr. e da realizadora Edyala Iglesias. Os três vão apresentar o filme e depois participar do debate que fecha o evento.
A despeito de ser uma produção já da virada do milênio, "Três Histórias da Bahia" até hoje não foi digitalizado, portanto não está acessível em DVD, blu-ray, nem consta do acervo de nenhuma plataforma de streaming. Portanto, infelizmente, corre o risco de se tornar invisível para as novas gerações, uma vez que Salvador só dispõe de uma sala de exibição ativa e equipada com projetor de filmes em película 35mm.
Como observa o cineasta Cláudio Marques, um dos curadores do Cineclube e gestor do Cine Metha-Glauber Rocha, além do gesto de difusão, a projeção do filme reforça a necessidade de ações de preservação da memória audiovisual na Bahia. "Exibir o filme em 35mm é celebrar a presença física, orgânica do cinema. Sem falar que ainda nos permite matar a saudade do barulhinho do projetor e das eventuais contingências que envolviam a experiência do espectador do período pré-digital. Para os mais jovens, acredito, será uma descoberta e a rara oportunidade de contato com uma qualidade de imagem, com texturas que só a película é capaz de alcançar", constata Marques, ressaltando que outras exibições no suporte clássico (analógico) estão previstas na programação do Cineclube para as próximas semanas.
Importante lembrar que essa atividade acontece no mesmo local onde o mítico Clube de Cinema da Bahia, comandado por Walter da Silveira, teve lugar nos anos 50 e 60. Um espaço de exibição e debate, formador de toda uma geração, das mais variadas profissões mas, sobretudo, de artistas como Caetano Veloso e o próprio Glauber Rocha.
O Cineclube Glauber Rocha conta com apoio da Truque Produtora de Cinema, TV e Vídeo, Embaixada da França, Institut Français, Instituto Cervantes, Embaixada da Espanha e da AECID y Cooperação Espanhola. É mais uma iniciativa de formação de plateia do Cine Metha - Glauber Rocha, que oferece vários projetos com preços populares exibindo filmes recentes e agora também busca apresentar clássicos às novas gerações.
Fonte: APC Associados
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