Por Mônica San Galo
Viver é arriscar-se com prazo. O risco de estar vivo dá até pra tentar calcular, em algumas circunstancias Podemos ter idéias, levantar hipóteses, avaliar condições, condenar alguns estilos de vida, aprovar outros, somos mestres em apontar culpados, e é uma tentação dos demônios fazer julgamentos.. Mas o prazo, ah, o prazo, felizmente, não fica gravado na embalagem. Não sei por que cargas d’água, num rasgo de generosidade, Deus não nos autorizou a saber o prazo da estadia. Há dias em que acho que isso é uma baita sacanagem, pra logo em seguida concluir que é muita delicadeza conosco, somos um bando de inconsequentes com mania de grandeza, e nem merecemos tanta consideração divina.
E então, a cada prazo que vence, um novo susto, uma nova perplexidade. Desde sempre pra nós foi difícil realizar o fim. Religiões tentam tornar mais fácil esse estranho caminho, crenças e otimismos fazem a sua parte, países criam ritos mais leves, cores são oficializadas, trajes e cantos são adotados, tudo em busca da fórmula perfeita pra fazer com que o mistério nos desça goela abaixo, o mais rapidamente possível, para que em seguida a passagem do tempo, outro grande e inconsistente mistério, complete o trabalho ingrato.
Hoje é um dia melancólico para mim. Um amigo especial partiu, assim, sem dar pistas, sem bilhete, sem aviso e sem vontade. Antecipando o prazo, o que me deixa mais um mistério pra tentar resolver.
Fonte: Facebook Mônica San Galo
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