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quarta-feira, 14 de outubro de 2009
terça-feira, 13 de outubro de 2009
CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Tuna e Cajaíba, "o fazendeiro do ar"
Tuna Espinheira no Museu Cajáiba em Vitória da Conquista
Por André setaro
"Velho, (sim estou velho, pois a fazer, hoje, 59 primaveras - nota de AS)
"Estive na V Mostra Conquista de Cinema, aproveitei para visitar o museu ao ar livre, concebido, trabalhado, pelo artista plástico, CAJAIBA. Nesta foto estou à beira do túmulo do próprio Cajaiba. Ele conseguiu ser enterrado no cenário em que sempre expos as suas esculturas. Outrora foi um ponto de grande afluxo de visitantes, turistas,artistas, gente das mais variadas espécies. Hoje sobrevive a duras penas, à mercê do abandono do poder público, resistindo graças a dois dos seus filhos, abnegados, cuidando, como podem, daquelas peças, um mostruario de vultos históricos, em tamanho natural, esculpidos em cimento e ferro.
Estou recuperando o filme que fiz, décadas atrás, quando ainda vivia o escultor. Com a parceria dos fotografos, Carlos Rizério (hoje morando em Conquista) e Claude Santos e mais um grupo da comunidade conquistense, planejamos, em tempo, o mais breve possivel, fazer uma exibição, no próprio local, do filme, Cajaiba... Lição de Coisas... O Fazendeiro do AR. A idéia é chamar a atenção sobre o sítio artístico ao Deus dará, com o objetivor de recuperar os estragos imposto pelo tempo e abandono. Caso o referido filme possa vir a ajudar neste sentido, teremos uma cinematografica chance de brindar este acontecimento."
CAJAÍBA, LIÇÃO DAS COISAS...O FAZENDEIRO DO AR foi fotografadopor Antonio Luis Mendes Soares. Roteiro, Montagem, Direção, Tuna Espinheira. Narração de Fernando Coni Campos. Ano de produção: 1976. P&B. 13m.
Forte abraço, Tuna
PONTO DE VISTA
CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR
Por Serge Daney
2 de Dezembro 1989 – Velho princípio da “nossa” cinefilia: o ponto de vista. Para mim, o ponto de vista é precisamente o que vem no lugar de um corpo que é elidido na imagem, o que pode ser visto do ponto cego. O ponto de vista refere-se ao que pode ser visto por um personagem que estaria sempre no lugar da câmera. Persistir com esse ponto de vista diretamente significa confrontar problemas de mise en scène (desde que haja imagens proibidas, o que não seria consistente com o ponto de vista único). A questão do “ponto de vista” vem para perguntar quem está olhando. Quem é o personagem adicional? Por exemplo, no filme de Depardon, outro guarda, o guarda “que saberia”. O cinema do ponto de vista único está desaparecendo/ausentando-se (em ambos sentidos do termo) em sua (mística, pictória) relação com o “real”. Ele abole a si mesmo. Ele nunca teve muito sucesso, visto que confisca para si mesmo o imaginário (e priva a audiência disto: Antonioni, Depardon). Obsessivo.
O cinema do ponto de vista duplo é o cinema popular por excelência, visto que este acampa firmemente entre o plano e o contraplano (leia o livro de Warren), bancando o “pequeno objeto a” ( petit objet a) entre dois objetos capturados numa luta de forças (veja minha velha idéia sobre Tubarão: o tubarão e a perna da criança). É popular porque cria uma identificação vertiginosa entre dois pólos: ativo/passivo, caçador/caça, torturador/vítima, etc. Histeria.
Isto deixa o cinema com n pontos de vista; no fim, é isso o mais importante. Algumas vezes é popular, mas não necessariamente. Ele tem que brincar/fazer malabarismo com a paranóia, a lei, a loucura. Não consigo imaginar um filme melhor que The Night of the Hunter nessa categoria, a categoria da polifonia, do carnaval (talvez junto com Ivan o Terrível, 2001, alguns filmes de Ford).
Tiebreak (set de desempate): o cinema sem nenhum ponto de vista é possível? Não. Nós teríamos que analisar televisão não com metáforas visuais mas táteis (“ponto de toque”, acolchoamento tátil) e proxêmica1.
23 Julho 1988 – DEMY (tv). O fim de Duas Garotas Românticas. Estúpido, devastado, emoção definitiva. Uma emoção tão forte que tudo que eu sempre pensei – e escrevi – sobre Demy continua verdadeiro. Um cineasta difícil, não completamente sentimental, mórbido e alegre.
Só uma “idéia”. Melancolia não é nostalgia. O mundo de Demy (o meu também, suponho) é melancolia instantânea. Não há mundo perdido, nenhum ideal que se foi, nenhum estado prévio pelo qual nos lamentamos. Pela simples razão (perversion oblige 2) que não queremos saber nada desse mundo “do qual viemos” (mais aliança do que parentesco, etc). Melancolia é instantânea como uma sombra. Coisas se tornam melancólicas imediatamente, graças à música e à música do diálogo. É a boa disposição ( good mood) com a qual os personagens falham em tudo (exceto talvez no essencial) que é terrível e comovente ao mesmo tempo. Um não falha nas coisas porque não as vê mas porque ele descobriu muito rapidamente um jeito de esvaziá-las do seu conteúdo, de circular ao redor delas, de dançar. Darrieux descobre quem é o sádico e diz: “E ele comandava tudo enquanto cortava o bolo!”
O essencial era o amor mas este seguiu perdendo suas cores. Já nesse filme a beleza do “último minuto” porque todo final feliz é puro voluntarismo. Porém, mais tarde (Pele de Asno, etc) este se atrita mais e mais. E voluntarismo é precisamente o assunto de Une chambre en ville.
A força absoluta de Demy é relacionar tudo de um ponto de vista perfeito: o da mãe. A mãe que nunca cresceu, que é frívola, que esqueceu de parar de ser uma garotinha. O mundo é organizado a partir desse ofício cego
A dançar: Gene Kelly.
26 Março 1988 – Ontem, entre a tarde e a noite, em frente à TV. Abandono rapidamente 8 ½, mesmo que nunca o tenha visto, mas me exaspera e me pego assistindo até o fim um filme que objetivamente acho mal feito, mal contado, mal tudo: O Veredicto de Sidney Lumet. Esquizofrenia da televisão: nós não só assistimos o que não é bom (não é bem feito), mas nós vemos até melhor do que no cinema (edição, por exemplo), e mesmo assim nós preferimos ver um filme mal feito do que um bem feito. Ou ainda: os conceitos de “bem feito” e “mal feito” não são relevantes na televisão. Ou o filme tem uma força tamanha que se impõe ou nós estamos na relatividade de um mundo de imagens, numa banheira do imaginário, onde tudo é interessante. Isso depende do clima do momento.
Ontem eu preferi assistir Mason e especialmente Newman compondo com idade, com tudo. Lumet é o arquetípico cineasta que filma do ponto de vista de ninguém, portanto com uma eficiência abstrata, tão abstrata que é reduzida ao nonsense de roteiro. Ele acelera quando não há razão pra isso. Um belo momento. Newman finalmente encontrou a enfermeira que “sabe” o que aconteceu. Ela cuida de crianças em Chelsea. Ela tem uma bela face de santa de sindicato. Ela está no playground; Newman, que chegou de Boston, está abordando-a desajeitadamente. Close-up no bilhete Boston-Nova Iorque, que cai de seu bolso. E lá, um pequeno truque do velho Lumet, um pouco da verdadeira velocidade: contracampo em Newman que não está mais aparecendo: "Você vai me ajudar?" Ela vai ajudá-lo, não porque o roteiro exige isso, mas porque nós fomos colocados no lugar dela (pela mise en scène) e ela no nosso, e porque o desejo de que ela o ajude foi inscrito no filme. Coisas velhas mas existentes, pelo amor de Deus!
O exemplo do filme de Lumet, uns dias atrás (“Você vai me ajudar?”) soma tudo isso. É impuro ( ou pouco refinado) mas suficiente. O plano de Newman – de um Newman que pede ajuda e pede duas vezes: para o outro personagem (off) e a mim que – por um instante – fui capaz de me colocar no filme no lugar desse personagem ausente da imagem. E ele será ajudado duas vezes: no roteiro e por mim (neste momento, eu aceito seguir com o filme, e então fazê-lo funcionar).
Notas:
1.O termo proxêmico foi cunhado pelo antropologista Edward T. Hall em 1966. Consiste no estudo de distâncias mensuráveis entre as pessoas à medida em que interagem. “Como a gravidade, a influência recíproca entre dois corpos é inversamente proporcional, não apenas ao quadrado de sua distância mas até possivelmente ao cubo da mesma”.
2.Paráfrase da expressão clássica em francês Noblesse oblige ( Nobreza exige, ou obriga), referindo-se a regras fundamentais e imprescindíveis de etiqueta. No caso, de perversão.
Traduzido do livro L'exercise a eté profitable, monsieur. Tradução original do francês para o inglês por Laurent Kretzschmar.
Traduzido do inglês para o português por Luan ales.
EXIBIÇÃO DO FILME EM MARACANGALHA
CINE MARACANGALHA
CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV E TELEJORNALISMO, LOCUÇÃO, CINEGRAFISTA, ROTEIRO em Salvador
(atores, jornalistas, comunicadores em geral) Com Rada Rezedá Conteudo: Dicção (respiração/voz/fala); Expressão corporal; Memorização e interpretação de textos;Gravação; Noções sobre set de filmagem, direção de fotografia e mercado de trabalho.No 5º mês de curso é gravado um vídeo com a turma que fará parte do projeto "Baianos que Brilham".INICIO: OUTUBRO – toda quarta-feira das 19 as 22h
domingo, 11 de outubro de 2009
Filme de Almodóvar é o mais visto do Festival do Rio
sábado, 10 de outubro de 2009
CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV
CURSO DE INTERPRATAÇÃO PARA TV E CINEMA EM SALVADOR
CURSO DE TELEJORNALISMO EM SALVADOR
CURSO DE LOCUÇÃO EM SALVADOR
CURSO PARA CINEGRAFISTA EM SALVADOR
CURSO DE ROTEIRO EM SALVADOR
CURSO DE INTERPRATAÇÃO PARA TV E CINEMA EM SALVADOR
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sexta-feira, 9 de outubro de 2009
CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV E CINEMA, TELEJORNALISMO, LOCUÇÃO, CINEGRAFISTA, ROTEIRO em Salvador
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
GRAVAÇÃO DO CURTA "PELO CRONTÁRIO"
O CINEMA
Entretanto, o cinema é antes de tudo uma ilusão de ótica. Só enxergamos as imagens se movimentando na tela porque somos portadores de uma deficiência visual chamada "persistência retineana", ou seja, uma característica do olho humano que faz com que uma imagem permaneça fixa na retina por algumas frações de segundos, mesmo depois de não estarmos olhando para ela. Nossos olhos não são capazes de perceber, durante a projeção, os intervalos que separam os fotogramas na cópia do filme. Fotogramas constituem uma série de fotografias paradas, cada uma das quais representando uma parte de um movimento completo. Quando aparece uma faixa negra, ainda estamos vendo o fotograma anterior, e continuamos vendo o fotograma que vem depois da faixa quando o fotograma seguinte toma o seu lugar. Isto quer dizer que uma sucessão de figuras (imagens) passadas torna-se capaz de mostrar a sensação do movimento contínuo. Atualmente a velocidade da filmagem é de 24 fotogramas por segundo.
O cinema é, também, conhecido como "a sétima arte". Esta expressão foi criada pelo crítico e estudioso de cinema Ricciotto Canudo , italiano radicado na França, e fundador do "Clube dos Amigos da Sétima Arte", e popularizada, no início da segunda década do século XX, época dos "filmes de arte" franceses, colocando o cinema no mesmo patamar de status do teatro, da música, da literatura, do balé, da pintura e da escultura. Esta denominação é bastante utilizada atualmente.
Segundo Louis Delluc, "o cinema é, talvez, a única arte realmente moderna, porque é ao mesmo tempo filha da máquina e do ideal humano".
A princípio, o cinema foi apenas uma maravilhosa invenção mecânica. Depois, sua linguagem evoluiu, a técnica e seus efeitos se sofisticaram, até chegar à fase atual, caracterizada por uma evolução dos temas, do conceito de personagem e do conceito de estrutura narrativa.
PRECURSORES:
A preocupação do homem com o registro do movimento é muito antiga. O desenho e a pintura rupestres foram as primeiras formas de representação da vida humana e da natureza registradas pelos nossos ancestrais, produzindo narrativas através de figuras.
Durante séculos, civilizações buscaram meios para produzir a realidade. A mais remota precursora do cinema de que se tem noticia é a Sombra Chinesa. Surgidas na China, por volta de 5.000 a.C., e difundidas na Índia e em Java, o jogo de sombras do teatro de marionetes oriental projetavam silhuetas de figuras humanas, animais ou objetos recortados sobre paredes ou telas de linho. O operador narrava a ação quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões.
No século XV, Leonardo da Vinci enuncia o princípio da Câmara Escura. O invento é desenvolvido pelo físico napolitano Giambattista Della Porta, no século XVI, que consiste em projetar imagens numa caixa fechada, com um pequeno orifício coberto por uma lente. Através dele penetram e se cruzam os raios refletidos pelos objetos exteriores. A imagem, invertida, inscreve-se na face do fundo, no interior da caixa. A Câmara Escura permitia a projeção de imagens externas dentro de um quarto escuro.
No século XVII, o alemão Athanasius Kircher cria a Lanterna Mágica, que se baseia no processo inverso da câmara escura, composta por uma caixa cilíndrica iluminada à vela, que projeta as imagens desenhadas em uma lâmina de vidro. A Lanterna Mágica é considerada a precursora das sessões de cinema.
Nos séculos XVIII e XIX, o teatro em caixa é apresentado nas ruas e feiras. O apresentador, puxando fios, desenrola cenas iluminadas por velas. No fim do século XIX, as placas de lanterna mágica não são mais apenas pintadas à mão, mas podem ser recobertas de cromolitografias ou de fotografias. O teatro passa também por uma renovação, com os espetáculos do cabaré parisiense "Le Chat Noir", em que se projetam silhuetas em zinco, variando as cores e a intensidade luminosa.
SÉCULO XIX:
A invenção da fotografia pelos franceses Joseph- Nicéphone Niépce e Louis-Jacques Daguerre abre caminho para o espetáculo do cinema, que também deve sua existência às pesquisas do inglês Peter Mark Roget e do belga Joseph-Antoine Plateau sobre a persistência da imagem na retina após ter sido vista. Sendo o fenômeno da "persistência retineana" conhecido desde a antiguidade, o problema dos cientistas era descobrir o princípio da composição e decomposição do movimento a partir de uma série de imagens fixas. Em 1832, Plateau inventa um aparelho o fenacistoscópio, formado por um disco com várias figuras desenhadas em posições diferentes, ao girar o disco elas adquiram o movimento.
Durante todo o século XIX, inventores tentam produzir a ilusão do movimento. Em 1833, o britânico W.G. Horner idealiza o zootrópio, jogo baseado na sucessão regular de imagens. Em 1877, o francês Émile Reynaud cria o teatro óptico, uma combinação de lanterna mágica e espelhos para projetar filmes de desenhos numa tela. Na mesma época, Eadweard Muybridge, nos Estados Unidos, experimenta o zoopraxinoscópio, decompondo em fotogramas corridas de cavalos. Pesquisas posteriores sobre o andar do homem ou o vôo dos pássaros levam Étienne-Jules Marey, em 1887, ao desenvolvimento da cronofotografia, a fixação de fotografias de várias fases de um corpo em movimento, que é a própria base do cinema. Contudo, o inventor americano Thomas Alva Edison, desenvolve, com o auxílio do escocês William Kennedy Dickson, o filme de celulóide perfurado. E, em 1890, roda uma série de pequenos filmes em seu estúdio, o Black Maria, primeiro da história do cinema. Esses filmes não são projetados em uma tela, mas no interior de uma máquina, um aparelho para a visão individual de filmes chamado cinetoscópio.
A partir do aperfeiçoamento do cinetoscópio, os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière idealizam o cinematógrafo, invento equipado com um mecanismo de arrasto para a película, conseguindo projetar imagens ampliadas numa tela. Na apresentação pública de 28 de dezembro de 1895, no Salão Indiano do Grand Café do boulevard des Capucines, em Paris, o cinema nascia oficialmente, o público viu, pela primeira vez, filmes como "A saída dos operários da fábrica Lumière" e "Chegada de um trem à estação", breves testemunhos da vida cotidiana. O cinema começava a dar os seus primeiros passos.
O CINEMA MUDO:
No início do século XX, a arte cinematográfica já era uma indústria, os filmes silenciosos divertiam o público com a força das suas imagens e das expressões dos atores. As cenas eram acompanhadas por instrumentos musicais e por pequenas orquestras e apresentavam legendas que explicavam as ações ou o diálogo dos personagens.
Desde a sua origem até o seu apogeu, o cinema mudo evoluiu. Os primeiros filmes eram curtos e rudimentares, apenas documentários sobre a vida cotidiana, marca dos irmãos Lumière; O gênero ficção foi introduzido pelo ilusionista, diretor, ator, produtor, figurinista e fotógrafo Georges Méliès, conhecido como o criador do espetáculo cinematográfico, que desenvolve diversas técnicas como: fusão, exposição múltipla, uso de maquetes, truques ópticos, precursores dos efeitos especiais. Dos trabalhos que marcaram destacam-se "O encouraçado Maine" (1898), "A caverna maldita" (1898), "A gata borralheira" (1899) e sua obra-prima mais conhecida "Viagem à Lua" (1902); Edwin Porter inaugura o western americano com "O Grande Roubo do Trem" (1903), e marca o começo da indústria do cinema; David Griffith estabeleceu a linguagem narrativa, seus maiores sucessos são "O Nascimento de uma Nação" (1915) e "Intolerância" (1916).
Escolas experimentais expandiram a estética do cinema e legalizaram a sua visão artística, como:
A Escola de Brighton, na Inglaterra: seus principais representantes foram James Williamsom e George Albert Smith que tinham predileção por filmagem ao ar livre, com luz natural, em amplos espaços. Esta tendência, combinada com o aprimoramento das técnicas de montagem e planificação, criou um tipo de filme envolvente e vibrante, entre eles se destaca "Attack on a China Station", de Williamson, onde a câmara não permanecia fixa, obedecendo o ponto de vista do espectador, fazendo com que o mesmo participasse da ação. Os ingleses são considerados os pais dos filmes de perseguição.
Na França com Charles Pathé e Ferdinand Zecca, que realizam filmes longos em que substituem a fantasia pelo realismo, com "Histoire d'um Crime"(1901) e "Lês Victimes de L'Alcoolisme"(1902). Seus filmes eram simples, diretos, claros e objetivos, e também, utilizavam doses de erotismo e aberrações; Léon Gaumont , montou uma fábrica de equipamentos cinematográficos, como o cronotógrafo, um equipamento que unia projetor e câmara ao mesmo tempo, o cronofone (1902), um sistema que tentava sincronizar o som dos filmes com um disco previamente gravado, e o cronochrone (1912), uma técnica que se utilizava de três cores para proporcionar a sensação de filmes coloridos. Gaumont produziu pequenos filmes; a primeira mulher cineasta, Alice Guy; secretária de Gaumont.
A Itália, produziu grandiosos espetáculos culturais. O filme mais conhecido foi "Cabiria"(1914), de Giovanni Pastrone, que utilizou cenários suntuosos com locações na Tunísia, Sicília e nos Alpes, alcançando sucesso internacional.
A Alemanha foi o berço dos filmes de terror. A série "Der Golen"(1914), de Paul Wegener é tido como um clássico do terror antigo.
A Rússia se destaca com experiências pioneiras, como o "stop motion", efeito de
animação através de filmagem quadro a quadro. Um dos filmes mais conhecidos é "A Bela Leukanida"(1912), de Wladyslaw Storewicz, que usa bonecos animados.
O expressionismo alemão, o construtivismo Russo e o Surrealismo Espanhol surpreenderam com sua complexidade e inovação.
O expressionismo alemão: a obra que inaugurou e até hoje simboliza o expressionismo no cinema é o "Gabinete do Dr. Caligari"(1919), de Robert Wiene. As perspectivas distorcidas, os cenários grosseiros, móveis, que não se encaixavam na anatomia humana, um forte jogo de luzes e sombras, e uma aberta discussão sobre a sanidade e a loucura, transformou o filme numa obra obrigatória dos cursos de cinema e em todas as listas dos mais importantes filmes do século. Outro gênio do expressionismo alemão foi Fritz Lang, uma das suas obras-primas foi "Metrópolis"(1927), o mais caro filmes já rodado na Alemanha. A visão futurista do homem dominado pelo sistema capitalista até hoje impressiona. Os gigantescos edifícios, pontes, viadutos e construções dispostas de forma caótica, cria um ambiente claustrofóbico.
O construtivismo russo: "Greve" e "Encouraçado Potemkim", ambos de 1925, de Sergei Eisenstein, revoluciona a arte e a técnica da montagem, imprimindo em seus filmes um ritmo e uma riqueza visual jamais apreciada até então. Este último filme colocou a União Soviética no mapa do cinema e fez de Eisenstein uma celebridade do dia para a noite.
O surrealismo espanhol: com Luis Bǔnuel e Salvador Dali. A produção "Um Cão Andaluz"(1928), mostra uma série de imagens chocantes, aparentemente sem conexão umas com as outras.
Com a primeira guerra mundial, o cinema se concentrou nos Estados Unidos. Em Hollywood, na Califórnia, nasceram os primeiros grandes estúdios, como a Universal, a Keystone, a Paramount, Fox, United Artists, Columbia, entre outros. A denominação "estrela" passou a consagrar e a imortalizar mitos como Douglas Fairbanks, Mary Pickford, Rodolfo Valentino, John Barrymore, Theda Bara, Gloria Swanson, Greta Garbo, entre muitos. Os reis da comédia Max Linder, Mack Sennett, Charles Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, Stan Laurel e Oliver Hardy ( a dupla "o gordo e o magro") e diversos outros, ampliaram e solidificaram o cinema como o mais popular das diversões.
Exatamente quando a imagem silenciosa alcançava o seu ápice, o cinema começava a falar.
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR
Um pequeno Glossário de termos para Produção Audiovisual
1. Morfologia
1.1. Campo Aquilo que a câmera vê. No espaço, o campo tem a forma de uma pirâmide com o vértice no centro da objetiva.
1.1.1. Quadro O retângulo resultante da projeção da pirâmide sobre uma superfície plana, seja o filme, seja a tela de projeção.
1.1.2. Ângulo de visão A medida do ângulo formado pelo vértice da pirâmide, em graus. O ângulo de visão varia em função da distância focal da objetiva e das dimensões da janela sobre o filme. Como o quadro é retangular, os ângulos de visão horizontal, vertical e diagonal são sempre distintos. Uma objetiva é classificada em função de seu ângulo horizontal: chama-se "normal" quando este mede cerca de 40 graus, "tele" quando é menor e "grande angular" quando é maior.
1.1.3. Ponto-de-vista e câmera subjetiva O local do espaço em que se encontra o vértice da pirâmide. Quando reproduz o ponto-se-vista de um personagem, chama-se câmera subjetiva.
1.1.4. Eixo (quebra de) Distingue-se eixo visual da câmera de eixo dramático. O eixo visual é o próprio eixo geométrico da pirâmide, a direção para a qual a câmera está apontada. O eixo dramático, estabelecido pela relação entre dois personagens que se olham frente a frente, por exemplo, é fundamental para situar o espectador espacialmente. A quebra de eixo, nome que se dá ao salto do ponto-de-vista de um lado para o outro do eixo dramático, pode confundi-lo, portanto deve ser usada com cuidado. Equivale a mudar repentinamente a câmera que transmite um jogo de futebol para o outro lado do campo: o torcedor que assiste pela TV pode pensar que um gol marcado foi contra, pois não sabe mais para qual lado joga cada time.
1.1.5. Profundidade de campo A dimensão do campo no sentido do eixo de visão. Em ótica, diz-se do intervalo entre o ponto mais próximo e o mais distante cujas imagens podem ser vistas com nitidez. Em linguagem cinematográfica, refere-se à visão simultânea de ações que se desenrolam a diferentes distâncias a partir do ponto-de-vista (ver "Plano").
1.1.6. Off Diz-se de toda ação que se desenrola fora do campo, mas que pode ser percebida seja pelo som, seja pelos seus efeitos visíveis causados nos elementos em campo.
1.2. Plano O enquadramento do objeto filmado, com a dimensão humana como referência. Atenção:
conforme o contexto, o termo plano pode ter outro significado (ver "Sintaxe")
. 1.2.1. Plano geral (PG) Abrange uma vasta e distante porção de espaço, como uma paisagem. Os personagens, quando presentes no PG, não podem ser identificados.
1.2.2. Plano de conjunto (PC) Um pouco mais próximo, pode mostrar um grupo de personagens, já reconhecíveis, e o ambiente em que se encontram.
1.2.3. Plano médio (PM) Enquadra os personagens por inteiro quando estão de pé, deixando pequenas margens acima e abaixo.
1.2.4. Plano americano (PA) Um pouco mais próximo, corta os personagens na altura da cintura ou das coxas.
1.2.5. Primeiro plano (PP) Enquadra o busto dos personagens.
1.2.6. Primeiríssimo plano (PPP) Enquadra apenas o rosto.
1.2.7. Plano de detalhe (close-up) Enquadra e destaca partes do corpo (um olho, uma mão) ou objetos (uma caneta sobre a mesa).
1.3. Posição de câmera
1.3.1. Plongée/Contra-plongée Câmera posicionada em nível mais ou menos elevado do que o objeto enquadrado, respectivamente (em francês: plongée = mergulho).
Também conhecido como câmara alta e câmara baixa.
1.4. Movimentos
1.4.1. Panorâmica (pan) Rotação da câmera em torno de seu eixo horizontal (para cima e para baixo) ou vertical (para um ou outro lado).
1.4.2. Chicote Uma panorâmica muito rápida.
1.4.3. Traveling Deslocamento da câmera. Pode ser para frente (in), para trás (out), para cima, para baixo, para os lados ou combinado.
1.4.4. Zoom Alteração gradual, dentro de um mesmo plano, do ângulo de visão. Chama-se zoom-in quando este diminui e zoom-out quando aumenta.
1.4.5. Traveling + zoom Combinação dos movimentos descritos acima, normalmente em sentidos inversos. 2. Sintaxe 2.1. Plano É a unidade significante mínima do filme. Entende-se por plano o trecho contínuo de filme contido entre dois cortes consecutivos.
Atenção: não confundir plano com tomada, que é a ação de filmar um plano. Em uma filmagem, podem ser feitas várias tomadas de um mesmo plano, das quais apenas uma será aproveitada.
2.2. Cena Pode ser composta por um ou mais planos. São agrupados em uma mesma cena os planos que têm uma continuidade temporal e espacial entre si.
2.3. Sequência Pode ser composta por uma ou mais cenas.
Define-se pela continuidade da ação.
2.3.1. Plano sequência Uma sequência sem cortes.
2.3.2. Montagem paralela Montagem intercalando planos de sequências que se desenrolam simultaneamente, mas em espaços diferentes, normalmente convergindo para um encontro no final.
2.4. Relações entre planos
2.4.1. Campo/contra-campo Alternância de planos orientados no mesmo eixo dramático, mas em sentidos opostos. Ver "Eixo (quebra)".
2.4.2. Plano autônomo Exibe uma ação que corre paralelamente às demais, sem encadeamento causal com o plano anterior e nem com o seguinte.
2.4.3. Efeito Kuleshov Justaposição de planos com o poder de criar uma nova significação, inexistente nos planos isolados. O termo foi criado a partir de um experimento do cineasta russo Lev Kuleshov (1899¬1970) em que um mesmo plano de um ator (Mosjoukine) com expressão neutra era alternado com planos carregados de diferentes significações afetivas (criança = "ternura"; mulher num caixão = "tristeza"; prato de sopa = "apetite"), que "contaminavam" a interpretação dos espectadores, fazendo-os acreditar que sua expressão havia mudado.
O poder do Efeito Kuleshov foi bastante superestimado nas décadas de 20 e 30 em função da valorização da montagem em detrimento de outros elementos da linguagem cinematográfica por parte de outros teóricos e cineastas russos como Sergei Eisenstein e Dziga Vertov.
3. Estilística (figuras de linguagem) As mais importantes são:
3.1. Elipse Supressão de um intervalo temporal e/ou espacial, que fica subentendido.
3.2. Metonímia Recurso em que o todo é representado pela parte, o grupo pelo indivíduo, a causa pelo efeito, etc.
3.3. Gradação Variação gradual ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax) na intensidade dramática.
4. Dramaturgia
4.1. AçãoÉ o elemento central da dramaturgia (em grego: drama = ação). É ação tudo aquilo que pode gerar uma reação da parte de outros personagens. Neste sentido, os ocupantes dos assentos um ônibus lotado que permanecerem sentados a partir do momento em que entrar no veículo uma velhinha de muletas estarão desempenhando uma ação dramática que não depende de nenhuma ação física.
4.2. PersonagemÉ qualquer ser humano, animal ou ente inanimado ao qual sejam atribuídas características humanas (prosopopéia), capaz de desempenhar espontaneamente uma ação.
4.3. Conflito A oposição das ações de diferentes personagens.
4.4. Peripécia Inversão repentina no sentido da evolução dramática, causada pela mudança de intensidade das forças conflitantes (no futebol: "virada"). Em um drama, podem ocorrer inúmeras peripécias encadeadas.
4.5. Desenlace Resolução do conflito levando à situação final, depois que uma das forças antagônicas sobrepuja a outra.
* Roteiro para seminário realizado no curso Multimídia e Intermídia I do prof. Prof. Arthur Matuk ¬ECA/USP 05/11/1997.
Fabio Durand é graduado em Cinema e Vídeo pela ECA/USP e atualmente trabalha na TV US