terça-feira, 7 de dezembro de 2010

TRILHA DO BESOURO EM MARACANGALHA

Beto Magno gravando entrevista com o Eghº da Petrobrás em Maracangalha na trilha do besouro, um dos patrocinadores e participante do evento.

domingo, 5 de dezembro de 2010

O CINEMA ANTIGO E O ATUAL

Por Beto Magno

Cinema é uma expressão artística. Chamamo-no de 7ª arte. Mas a que tipo de cinema nos referimos quando falamos de arte? É evidente que o cinema em seus primórdios era muito mais arte do que atualmente.
Comparando as histórias dos filmes de antigamente com as de hoje podemos notar uma gritante diferença. Falava-se de bonitos valores humanos, fortes laços de amizade, regeneração, arrependimento e perdão, bravura e perseverança.
Hoje temos filmes que não só são isentos de arte como parecem zombar da inteligência de quem os vê. Salvo raras exceções, é claro.
Enlatados, pastelão, comédias com piadas ridículas e até ofensivas, estes filmes passam bem longe da arte. São feitos para gerar lucros e popularidade a seus diretores, que se sairiam bem melhor como publicitários de cerveja de humor duvidoso do que dirigindo filmes. Seu humor reciclado não tem expressão artística alguma.
Filmes bons geralmente não se utilizam de muita tecnologia, são mais roteiro e interpretação do que efeitos especiais e computação gráfica. Bons atores e atrizes e uma bela história. E então temos um filme promissor.
Já os produtos cinematográficos enlatados, geralmente dão preferência a atrizes "boas" e não a boas atrizes; se esta não consegue subir o ibope com suas curvas e litros de silicone, então não é a atriz ideal. Notam-se também muitas cenas de violência gratuita, criminosos virtuais, vilões bonitos e carismáticos etc. Tudo o que é necessário para desviar mentes sãs para o mau caminho.
Adolescentes, ao verem certos filmes, saem do cinema com o desejo de possuir poderes sobrenaturais, soturnos ou saltar de um prédio a outro sem o mínimo esforço, como se isso fosse algo absolutamente normal.
Quem já assistiu a filmes em preto e branco e até mesmo alguns filmes dos anos 70, 80 e meados da década de 90 pode notar que ali sim havia uma certa preocupação com o roteiro, a mensagem a ser passada. A partir da metade dos anos 90 é que as coisas começaram a mudar. Para pior.
O nome da rosa, a vida é bela, o fabuloso destino de amélie poulain, os excêntricos tenenbaums, sociedade dos poetas mortos, gênio indomável, casablanca são exemplos de belíssimos filmes com mensagens que realmente tocam o coração de quem os assiste.
Bons filmes deixam marcas, emocionam, tornam-se inesquecíveis, sem dúvida ver um bom filme é uma experiência transcendental. Altamente recomendável. É como uma terapia para a alma.
Há que se ter por isso, bom senso para saber discernir o que é bom do que é ruim ao entrar numa videolocadora. Por esse motivo é melhor evitar filmes muito ricos em tecnologia e efeitos especiais. Certamente, os mais simples sempre terão roteiros melhores e mais bem-acabados. Mensagens realmente belas, para sempre.

O PRIMEIRO FILME PORNÔ DA HISTÓRIA DO CINEMA

O primeiro filme pornô da história do cinema

video
Pelo que se tem notícia, trata-se do primeiro filme verdadeiramente pornográfico da história do cinema. Uma raridade, portanto. A data, não a consegui localizar, mas, ao que parece, foi feito na primeira década do século passado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ATOR DO CAP ESCOLA DE TV EM VIVER A VIDA


Val Perré ator e ex-aluno da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador com grandes participações em novelas e mini-séries da Rede Globo

Audiovisual baiano receberá R$ 11 milhões através de Programa Especial de Fomento

A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia, e a Ancine firmarão convênio para a execução do Programa Imagens da Bahia. Trata-se de um programa especial de fomento (PEF) que assegurará a produção de 50 obras audiovisuais e distribuição de três longas-metragens baianos, ainda inéditos no circuito comercial de exibição. Através do programa, ao governo baiano captará, através da Lei do Audiovisual, R$ 11 milhões. Os recursos irão para o setor audiovisual através de editais públicos.

O Programa Imagens da Bahia está ancorado na TVE Bahia, sendo que todos os conteúdos que serão produzidos e distribuídos terão assegurada sua exibição pela TV, ampliando o diálogo e a relação entre televisão pública e produção independente. A meta do programa é gerar uma obra cinematográfica de longa-metragem, uma série de animação, cinco telefilmes, duas minisséries de ficção, sendo uma para o público infantil e outra para o público juvenil, cinco pilotos para desenvolvimento de séries de animação, além de apoiar a distribuição de três filmes de longa-metragem. Todas as ações do programa serão amparadas por oficinas de capacitação técnica para qualificação dos projetos.

A assinatura do convênio acontece em Salvador na próxima terça-feira, dia 30.

*Com informações da Tela Viva News.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

TESTE PARA ATORES NEGROS

Edy Cordeiro ator da Cap Escola de Tv e Cinema

ATENÇÃO:
ATORES NEGROS, HOMENS E MULHERES, DOS 2 AOS 80 ANOS, A CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR FARA NA QUINTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DAS 9 AS 16 (HORARIO MAXIMO) UM CADASTRO DE ATORES PROFISSIONAIS E INICIANTES. O OBJETIVO DESSE CADASTRO DE ATORES É PARA 2 FILMES QUE SERÃO RODADOS EM SALVADOR EM 2011.
A CAP ESCOLA DE TV EM SALVADOR AGRADECE DESDE JÁ.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

CURSO PARA ATORES DE TV E CINEMA DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA COM MATRICULAS ABERTAS

Rada Rezedá e Beto Magno com a turma de alunos da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

CURSO DE TV PARA ATORES salvador
  • Turmas para iniciantes, adolescentes e crianças
Inicio: 18 de fevereiro

Aulas as sextas das 14.30 as 17.30 h

Duração: de fevereiro a dezembro


Professora: Rada Rezedá
  • Turmas para adultos

Inicio: 15 de fevereiro

Aulas as terças das 18.30 as 22h

Duração: de fevereiro a dezembro

Professora: Rada Rezedá

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA

GRAVANDO DOCUMENTÁRIO

Beto Magno gravando documentário na Fazenda Santa Fé em Planalto-Ba

2010 È SÓ FESTA NA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA


Em 2010 a Cap Escola de Tv e Cinema completa 15 anos de existência, pioneira na formação de atores para Tv, Cinema e Propaganda com centenas de ex- alunos bem sucedidos na área.

GRAVANDO!!!

Beto Magno

terça-feira, 16 de novembro de 2010

LN COMPUTADORES - DIA DAS CRIANÇAS

No comercial estão Maria Pitthan, a garotinha mais fofa e competente da Cap Escola de Tv e Cinema Salvador em 2010; Dam Fernandes, o ator dançarino que trabalhou em pelo menos 4 filmes em 2010!; Cris Ribeiro e Claudio Varella, os dois estreando na TV!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

COMEMORAÇÃO NO HOTEL PESTANA

Por Beto Magno
Dr. Otto Alencar, Governador Jaques Wagner, Rada Rezedá e alunos da turma de adolecentes da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador caracterizados de: Otto Alencar, Moema Gamacho, Jaques Wagner, Pinheiro e Lidce da Matta

COMEMORAÇÃO NO HOTEL PESTANA

Por Beto Magno

Rada Rezedá, o Senador Pinheiro e alunos da turma de adolecentes da Cap Escola de Tv em Salvador caracterizados de: Jaques Wagner, Moema Gramacho,Pinheiro, Lidice da Mata e Dr. Otto Alencar.

A SUPREMA FELICIDADE

domingo, 14 de novembro de 2010

A SUPREMA FELICIDADE

Por Beto Magno

Rio de Janeiro, 1945. Em uma rua bucólica, Paulo, de 8 anos, assiste à festiva comemoração do fim da guerra ao lado dos pais, Marco, aviador da FAB, e da mãe Sofia, sorriso largo, sedutora, cheia de vitalidade, cabeça feita pelos filmes de Hollywood, foi num baile cinematográfico que o casal se conheceu e acreditou que viveria feliz para sempre.

A rua de Paulo vibra com personagens típicos desse anos cinquenta, como o pipoqueiro Bené, sempre narrando façanhas sexuais, uma turma de vizinhos briguentos, e um triste vendedor de garrafas. Paulinho tem um amigo inseparável, Cabeção. com quem compartilha a rua e o colégio jesuíta, onde padres com sermões virulentos ameaçam com o inferno qualquer pensamento de cunho sexual.

Na juventude, Paulo vive situações fortemente contrastadas. Em casa, o pai apaixonado por aviões, não consegue realizar o sonho de pilotar um jato. Deprime-se e reprime as tímidas aspirações da mãe de alçar algum vôo profissional. A relação entre Paulo e o pai é distante, mas compensada pela cumplicidade com Noel, o avô paterno, um funcionário público boêmio, tocador de trombone de vara na Lapa, filósofo do cotidiano e iniciador de Paulo e Cabeção na vida noturna. A avó de Paulo, uma polaca ex-dançarina da Lapa, também é um sopro libertário no clima doméstico cada vez mais opressivo.

Logo chega o tempo do primeiro porre, da primeira festa, do primeiro amor - Deise - uma jovem misteriosa com ar existencialista, tão original quanto delirante. O primeiro amor não dá certo, mas graças ao avô, o rapaz e Cabeção fazem novas incursões na animada noite carioca. O rol de experiências amplia-se com idas ao Mangue, área de prostituição onde Paulo assiste a uma impressionante "convenção de prostitutas". Inquieto, inseguro, intenso, o rapaz questiona tudo - da existência de Deus a tabus sexuais. Nos momentos de crise, pode contar com o avô que acena com possibilidades de entendimento da felicidade - quem sabe um dia.

Uma ida ao cabaré Eldorado será um divisor de águas nesta vida em formação. Entre os clientes, Paulo vê o pai, seu antigo herói da aviação degradado, solitário. E compartilha com o pai o fascínio por Marilyn, dançarina de 16 anos, sensual e provocante como a atriz de Hollywood, obrigada pela mãe a se despir para os clientes.

De repente, para Paulo, tudo parece acontecer ao mesmo tempo: uma surpreendente história de amor com Marilyn, a deterioração mental da mãe, uma repentina aproximação com o pai, o envelhecimento do avô.

Um dia deverá ser bom olhar para trás e lembrar. E perceber que, apesar de tudo, naquela época, naquela casa, naquelas ruas, conheceu personagens incríveis e viveu momentos de suprema felicidade numa cidade, em tantos sentidos, maravilhosa.

FINALMENTE É LANÇADO OFICIALMENTE "O CASCALHO"

Othon Bastos participa do talentoso elenco do filme O Cascalho Por André Setaro

Cascalho, primeiro longa de Tuna Espinheira, vai ser lançado em livro/DVD dia 15 de dezembro, às 18 horas, na Aliança Francesa, que fica na Ladeira da Barra. A realização desse filme dá bem conta e é um exemplo do sacrifício que é se fazer cinema na Bahia. Apresentado em 2004, levou quatro anos para que recursos fossem levantados para conseguir o Dolby Stereo, imprescindível para a exibição comercial. A estréia de Cascalho, em avant-première numa das salas do complexo Multiplex aconteceu em outubro de 2008. O livro que acompanha o disco é o de Herberto Salles, fonte inspiradora do filme, um romance já antológico escrito nos anos 30, onde a ação se localiza na Chapada Diamantina. Tuna há muitos anos que tinha a idéia de transformá-lo em filme até que venceu o concurso de roteiros dos editais governamentais e conseguiu verba para pô-la em prática. Mas os recursos desses editais nunca são suficientes para terminar o trabalho. A tenacidade, a vontade e a perspicácia do velho Tuna venceram, no entanto, o desafio. A imagem é de um momento de Cascalho, com o veterano Othon Bastos. Reproduzo abaixo a mensagem de Tuna anunciando o lançamento.



Velhos amigos,

Finalmente, após longo inverno, foi batido o martelo do lançamento do livro/DVD de Cascalho. Será no dia 15 de dezembro, Ás 18 horas, na Aliança francesa, ladeira da Barra. Ainda não tenho o convite oficial, soube ontem, mas o aviso, com este vasto tempo de espera, porque , creio eu, você pode dar uma força, na época, publicando alguns dizeres sobre este velho filme de barbas brancas, se este for do vosso alvitre.

Resgatar este trabalho do ossuário geral da utopia cinematográfica de baixo orçamento, o disponibilizando ao valioso olhar público, tirando-o de uma espécie de clandestinidade. O evento não significa nenhuma vitória, mas me inunda de alumbramento, com a alma lavada, delírio para minhas retinas cansadas.

Vocês foram os primeiros a saber, espero contar com os dois nesta missa de corpo presente.

Paz e muito Axé,

Tuna

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV E CINEMA EM SALVADOR

Por Beto Magno

Alunos do curso de interpretação para tv da Cap Escola de Tv e Cinema em salvador estão gravando uma série de programas para uma web tv da própria escola, essa turma grava com a equipe de produção da Cap Escola de Tv algumas cenas sobre o movimento contra-cultural woodstock e seu reflexo na atualidade, um texto muito intligente e bem elaborado pela diretora Rada Rezedá para reflexção de como os sonhos e desejos "pisicodéicos" de uma geração influenciaram na conjutura política, cultural, socio-economica de todo o Mundo. Muitos dos participantes desse movimento ocupam hoje cargos de extrema importância em todas as áreas de atividades com exito reconhecido internacionalmente.

sábado, 6 de novembro de 2010

GRAVANDO O PROGRAMA "TOQUES DA BAHIA"

Rada Rezedá e Beto Magno gravando um programa para uma TV de São Paulo ( TOQUES DA BAHIA) com alunos-atores da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

PROGRAMA "TOQUES DA BAHIA"

Patrícia Cortizo (aluna-atriz) da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador, Rada Rezedá, Vitória Magno, Beto Magno, João Luiz e Kaliandra Borges (aluna-atriz) da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

GRAVANDO "TOQUES DA BAHIA" PARA UMA TV DE SÃO PAULO

Beto Magno e Rada Rezedá da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador

GRAVANDO O PROGRAMA "TOQUES DA BAHIA"

Beto Magno, Rada Rezedá da Cap Escola de Tv e Cinema em Salvador e Patrícia Cortizo (apresentadora) gravando Toques da Bahia para uma Tv de São Paulo

A MARGINALIZAÇÃO DE GLAUBER ROCHA PELA PATRULHA IDEOLÓGICA



Pro André Setaro

Glauber de Andrade Rocha estaria, se vivo estivesse, com respeitáveis 71 anos. Nasceu nos já distantes 1939 (14 de março), quando a Segunda Guerra Mundial estava prestes a explodir, e desapareceu prematuramente em 1981 (22 de agosto), aos 42, tendo, como causa mortis, uma septicemia (infecção generalizada) ao desembarcar, vindo de Portugal, no Rio de Janeiro.


Muito já se escreveu sobre a obra cinematográfica de Glauber Rocha e, também, muito já se falou sobre a sua esfuziante personalidade polêmica por natureza. Há exegeses de todo tipo publicadas sobre a rica filmografia de Glauber Rocha, mas o melhor livro sobre ele, na minha opinião, é o de João Carlos Teixeira Gomes (Joca), Glauber, esse vulcão, editado em 1997 pela Nova Fronteira. Teixeira Gomes era um dos melhores amigos do realizador e participou de sua juventude agitada na província da Bahia nos saudosos anos 50.

A amizade, porém, perdurou até o fim da vida do cineasta de Terra em transe. Assim, além da rica parte biográfica, Glauber, esse vulcão, obra fundamental para a compreensão do gênio baiano, faz também uma exegese de sua obra, a contemplar a sua linguagem e a sua estética.


Não vou falar sobre os filmes de Glauber Rocha, pois muitos já o fizeram (inclusive este comentarista). Quero me restringir à sua polêmica volta ao Brasil na década de 70, quando foi colocado à margem por grande parte de seus amigos do Cinema Novo e pela intelectualidade dita de esquerda.
Acontece que, em 1974, na desaparecida revista Visão, Zuenir Ventura encomendou a Glauber um artigo sobre o Brasil. O texto publicado veio a provocar a ira de seus companheiros, porque, nele, Glauber escreveu que a volta do país à democracia não poderia prescindir do apoio dos militares progressistas. E elogiou a abertura, lenta, gradual, de Geisel, chamando o General Golbery do Couto e Silva de “gênio da raça”.


Na sua volta, ao invés de uma aclamação, recebeu a indiferença (e, segundo William Shakespeare, "a indiferença também é crime" - "Hamlet") e viu negada a publicação de seus escritos em jornais alternativos como Movimento, Opinião e até em O Pasquim. O Partidão emitiu ordem no sentido de que se espalhasse que Glauber estava completamente maluco (na acepção psiquiátrica). Pessoa muito emocional, sentimental, Glauber amargou o desespero. Não se apaga fatos históricos (como Stalin pretendeu fazer em Outubro [1927], de Sergei Eisenstein, quando mandou tirar as imagens de Trotsky).


Em 1977, quando da morte de Di Cavalcanti, Glauber adentrou o velório, ao lado do fotógrafo Mário Carneiro, e passeou, com sua câmera, o corpo defunto do famoso pintor - a família deste, depois, entraria com um processo na justiça para impedir a circulação do filme, que, apresentado em Cannes, ganhou a Palma de Ouro de melhor curta metragem. Mas, antes da proibição (que perdura até hoje), Di Cavalcanti teve negada a sua exibição numa jornada baiana em 1977. O impedimento de o filme ser mostrado tem como causa a ordem partidária emitida pelo Partidão em função da marginalização do cineasta. Enfurecido, ao saber da recusa, o realizador ataca furiosamente o organizador da jornada e estabelece uma polêmica em jornais que foi esquecida propositadamente, mas que vale, agora, ser lembrada.


Nada tenho contra o Partidão, mesmo porque, ainda que nunca fazendo parte de seus quadros, era, na época, um jovem de pensamento de esquerda, simpatizante dos comunistas, inclusive. Mas aqui se trata da constatação de fatos.


A partir de 1978, começam os preparativos para a realização de A idade da terra, todo financiado pela Embrafilme, com os maiores recursos da empresa no financiamento de um filme brasileiro. Falou-se, na época, que houve intervenção de Golbery para a liberação das verbas. O fato é que Glauber filmou a vontade, e o resultado foi um copião de 40 horas. Como montar o filme e retirar, no mínimo, 37 horas e meia para ajustá-lo às 2 horas e mais (como ficou o tempo de duração na cópia final)?


Amigo e companheiro de Glauber desde os seus primeiros filmes, Roque Araújo foi presenteado pelo amigo com as 37 horas e meia de celulóide para que as vendesse para uma fábrica de vassouras em Niterói. Roque, sempre atento, desistiu e guardou tudo em seu apartamento. Morto o cineasta no ano seguinte, Roque aproveitou o rico material excedente e realizou um documentário precioso como documento histórico: No tempo de Glauber, no qual estão registrados os bastidores das filmagens de A idade da terra, inclusive a célebre briga entre Glauber e Valentin Calderon de La Barca, então diretor do Museu de Arte Sacra dentro do qual Glauber queria filmar um ritual dançado por freiras desabusadas.


A irritação pegou foto quando Glauber, já a morar em Portugal, abraçou efusivamente o General João Figueiredo quando este estava a visitar o país. O abraço, no entanto, é simbólico. Figueiredo, presidente, representava o Brasil e promovia a abertura. Já tinha sido promulgada a lei da anistia, a censura se encontrava branda, e Glauber, neste ato simbólico, o que queria, na verdade, era abraçar o Brasil. Mas a esquerda não o perdoou. A morte de Glauber talvez tenha muito a ver com esta marginalização que sofreu de seus companheiros de luta. Falou-se, na época de sua morte, de um assassinato cultural.


Em Glauber, o filme – Labirinto do Brasil, documentário de Sílvio Tendler, as cenas do sepultamento de Glauber – proibidas de serem veiculadas por mais de vinte anos por sua mãe, Dona Lúcia Rocha – mostram todos seus companheiros e amigos do peito do Cinema Novo. Todos se encontram emocionados, tristes, muitos a chorar. Lágrimas de crocodilo? Parece que não. Aqueles que fizeram de tudo para marginalizá-lo estavam todos lá, contritos. A morte funcionou como uma redenção. Glauber foi sacralizado. E mostras e homenagens foram realizadas por muitos que o chamaram de maluco e coisas que tais.Glauber de Andrade Rocha estaria, se vivo estivesse, com respeitáveis 71 anos. Nasceu nos já distantes 1939 (14 de março), quando a Segunda Guerra Mundial estava prestes a explodir, e desapareceu prematuramente em 1981 (22 de agosto), aos 42, tendo, como causa mortis, uma septicemia (infecção generalizada) ao desembarcar, vindo de Portugal, no Rio de Janeiro.


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A DECADÊNCIA DOS TRAILERS

Por André Setaro

A decadência do cinema contemporâneo se reflete também nos trailers, que se caracterizam por uma pulsação de imagens rápidas que não oferecem nenhuma possibilidade de contemplação. Falo dos trailers dos filmes oriundos da indústria cultural de Hollywood. A estética do videoclip, que tanto mal está a fazer ao espetáculo cinematográfico, está também inserida nos trailers.


Gostava muito de ver trailers e, muitas vezes, ficava para a outra sessão apenas para vê-los novamente (num tempo em que era permitido se ficar para quantas sessões se quisesse - o cinéfilo podia entrar duas da tarde e sair meia-noite depois da última sessão). A velocidade, que castiga sobremaneira a contemplação, leva tudo de roldão. Não há, no chamado cinemão, mais espaço para a reflexão e a contemplação, exceção se faça a alguns filmes privilegiados com a vida inteligente atrás das câmeras, a exemplo de A troca e Gran Torino, ambos de Clint Eastwood, Sangue negro, de Paul Thomas Anderson, as fitas dos fratelli Coen, os filmes de Martin Scorsese, Antes que o diabo saiba que você está morto, de Sidney Lumet, entre poucos.


Mas nem tudo está perdido, pois ainda restam realizadores competentes como Sidney Lumet, cujo Antes que o diabo saiba que você está morto foi um dos melhores filmes apresentados no circuito há alguns anos. E há, bissextamente, delicatessens, como Medos privados em lugares públicos, do mestre supremo Alain Resnais. E o recente Ervas daninhas (Les herbes folles), que já saiu em DVD.


Mas estava a falar dos trailers. Antes do atual "tsunami" da "videoclipação", os trailers eram pensados como se fossem um curta-metragem e possuíam estilos, ritmos, e, em alguns casos, uma marca pessoal muito forte, como os trailers dos filmes de Alfred Hitchcock, que eram todos dirigidos por ele. O mestre aparecia a comentar, a fazer piadas, a anunciar o filme de maneira surpreendente e genial. Em Anatomia de um crime, de Otto Preminger, este, que não trabalha no filme, aparece no tribunal vazio a chamar, um por um, os atores do filme. Na atualidade, porém, os trailers se descaracterizaram, e são praticamente todos iguais feitos pela "linha de montagem" dos estúdios, a perder, com isso, a originalidade que possuíam.


E por falar em trailers, é absolutamente insuportável a quantidade destes que algumas distribuidoras de DVDs colocam antes do filme propriamente dito. A finalidade, que seria a de promover os filmes, para mim surte efeito contrário. E dá trabalho avançar para não vê-los e cair diretamente no filme.


Mas o público pouco ou quase nada está a ligar para isso. Seria interessante se fazer uma mostra de como eram os trailers de antigamente para se ter uma idéia da engenhosidade com que eram feitos. O trailer original de Cidadão Kane, que pode ser encontrado no DVD distribuído pela Warner (o da Continental não deve ser visto, pois a cópia, como de hábito nesta distribuidora, é muito ruim), é muito original, e tem um microfone como condutor de sua realização. Aliás, Kane, de Welles, é um filme bem radiofônico (Rogério Sganzerla aproveitaria o "gancho" em O bandido da luz vermelha, que é um filme radiofônico sem deixar de ser extremamente cinematográfico).
Na época em que as imagens em movimento estavam restritas às salas exibidoras e, para vê-las, tinha-se que pagar um ingresso (hoje as imagens podem ser vistas em diversos suportes e a criança já nasce vendo a televisão ligada no quarto da maternidade), havia uma maior magia, um maior encantamento. Na época em que os cinemas tinham quase dois mil lugares, cortinas, e a abertura de uma sessão se fazia de forma pomposa, com gongos, luzes de variadas cores que se acendiam e apagavam, a cortina que se abria com cerimônia.


Um programa cinematográfico, por exemplo, “circa 1960”, comportava primeiro o cine-jornal de atualidades (Canal 100, Atualidades Atlântida, Herbert Richers, etc), e, logo a seguir, dois “trailers” (não mais que isso). E as sessões eram sempre em horários certos: 14, 16, 18, 20 e 22 horas. Quando acontecia de o filme ter metragem maior: 14, 16.30, 19 e 21.30. Neste caso, para preencher o horário, além do cine-jornal e dos dois “trailers”, havia um documentário chato (geralmente de I. Rozemberg, Primo Carbonari, entre outros). Havia também um cine-jornal estrangeiro, e quem ia ao cinema nos anos 50 e 60 deve estar lembrado das Atualidades Francesas, principalmente, e O Mundo em Notícia, de Gunter Bohm.


Os cine-jornais desapareceram com o advento do jornalismo televisivo, porque, em tempos idos, quando as emissoras televisivas ainda não possuíam um jornalismo eficiente, a única maneira de se ver as celebridades e as personalidades da política e da sociedade era através das atualidades. Conhecia-se, por exemplo, os presidentes da República por elas. Havia, no final, sempre um jogo de futebol, que era apresentado um mês depois de sua realização.
Os “trailers” que vemos atualmente nos cinemas é um pálido reflexo daqueles do passado.

terça-feira, 2 de novembro de 2010