segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Faltam homens de negócios e roteiristas para produção de filmes nacionais, reclamam cineastas



Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil 


Brasília – A intenção da Agência Nacional de Cinema (Ancine) de aumentar a produção de filmes brasileiros e tornar o país o quinto mercado de audiovisual do mundo esbarra na falta de mão de obra qualificada, especialmente roteiristas e executivos que possam conceber e realizar produções de sucesso, dizem os cineastas.
“A narrativa do filme e o entendimento do business [negócio] são dois aspectos vitais”, explica o roteirista e produtor Marcus Ligocki. Segundo ele, “não basta a capacidade técnica de filmar. É preciso entender a lógica de produtores, distribuidores e exibidores.”
A opinião do cineasta é compartilhada pelo diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel. “Para o mercado que queremos, será necessário ter produção mais robusta, mais desenvolvedores de projetos, mais homens de negócio”, disse à Agência Brasil. Para ele, “o mercado já tem massa crítica” e busca cada vez mais fazer “filmes com capacidade de comunicação.”
No mercado cinematográfico brasileiro, o produtor e roteirista, Marcus Ligocki, aponta como profissional de referência José Padilha, diretor de Tropa de Elite e Tropa de Elite 2 – o último foi o maior sucesso do cinema nacional e a segunda maior bilheteria registrada no Brasil (arrecadou R$ 102 milhões em 263 salas de cinema), visto por mais de 11 milhões de pessoas.

“Padilha é um estrategista. Sabia o que queria e como queria fazer. Ele conhece o mercado, tem talento, mantém bons relacionamentos e busca resultado fílmico.” Para ser executivo, Ligocki diz o que é preciso: “Saber ler o futuro e disposição para o diálogo, para entender quais são os valores do mercado, o que é importante para os interlocutores,” se referindo, por exemplo, a distribuidores e exibidores.
Um dos méritos de Padilha, na avaliação do diretor de cinema independente Luiz Roberto Menegaz, foi ter feito dois filmes de grande sucesso, sem depender de patrocínio oficial. “Aqui no Brasil as pessoas se habilitaram a fazer com lei de incentivo”. Para ele, ainda falta o país aprender um “novo modelo de negócio” e incorporar “o planejamento de longo prazo.”
A dependência dos patrocínios estatais também é criticada pela produtora Júlia Moraes. Ela avalia que “o cinema atrelado ao Estado” herda ineficiências do setor público e não tem preocupação com resultados. “Não dá para fazer quatro filmes ruins pagos pelo Estado”, critica.
Para Júlia, há sempre risco do país produzir muitos “filmes inexpressivos”. Ela alerta: “Um cinema sem personalidade, não existe”. Luiz Roberto Menegaz concorda e avalia que o cinema brasileiro tem que “trabalhar melhor com a condição humana”. “O cinema é reflexo da vida. Se narra o que vive”, diz ao defender filmes “mais autorais”, porém que saibam mobilizar grandes públicos. Ele é autor de um filme ainda inédito sobre como será a final da Copa do Mundo de 2014 (uma ficção sobre o jogo final entre Brasil e Argentina).
Marcus Ligocki acrescenta que o cinema brasileiro “é pouco universal” e nem sempre domina “os elementos que fazem as histórias serem atraentes, como por exemplo os elementos da imagem (linhas, movimento, forma, cor e impactos emocionais associados).”
Com o intuito de ter um roteiro mais atraente para o filme que dirigirá em 2013, Ligocki está em Los Angeles (Estados Unidos) para reescrever o texto junto com o roteirista Bruce Block (autor do livro A Narrativa Visual). Segundo ele, foi necessário ir aos Estados Unidos para contar com um roteirista que o ajudasse a encontrar “caminhos mais polidos da história” e reelaborar pontos como “as motivações dos personagens.”
A capacitação de mão de obra é uma das diretrizes do Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual (PDM), elaborado pela Agência Nacional de Cinema (Ancine). Entre as metas, a agência quer, em 2020, o funcionamento de 80 cursos superiores em todo o país com foco em audiovisual e 1,6 mil pessoas graduadas ou especializadas na área por ano.
Edição: Carolina Pimentel

MAIO-68

Por André Setaro
Bernardo Bertolucci em Os sonhadores (The dreamers, 2003) evoca a ebulição de Maio de 1968, e o filme tem sua ação localizada neste período, a começar um pouco antes, em fevereiro, quando da demissão de Henri Langlois da Cinemateca Francesa, que veio a provocar intensos protestos da intelectualidade com repercussão internacional. Bertolucci mostra (recriando ficcionalmente) o barulho provocado pelo afastamento do grande pesquisador, cujo responsável foi André Malraux, ministro da Cultura do General De Gaulle, autor do ato demissionário.
François Truffaut considera que Maio de 68 tem início em fevereiro com as manifestações pela readmissão do célebre pesquisador-arqueólogo de filmes. Em Beijos roubados (Baisers volés), filmado em março deste ano, a primeira imagem apresenta a porta da Cinemateca, no Palácio de Chaillot, fechada, e o filme é dedicado a Henri Langlois.
Se em The dreamers há a evocação da época através do recuerdo ficcional, o espírito da juventude "Maio de 68" está bem captada em uma obra do ano anterior, 1967, de Jean-Luc Godard, A chinesa (La chinoise), e se poderia também incluir, nestes registros, um outro filme do cineasta: Week-end à francesa, também de 1967. Godard fazia um filme atrás do outro.
A pesquisadora e historiadora de cinema Ivana Bentes coloca bem a questão em artigo para a Folha de São Paulo: "É que tudo o que virou 'História' em Bertolucci em A chinesa é a matéria mesma do filme-acontecimento, do filme-panfleto de Godard, com demonstrações em quadro-negro, fórmulas visuais, palavras de ordem e signos em rotação. Um filme pop-revolucionário cravado no dorso do presente. Um filme que afirma e põe em cena os discursos a quente: maoísmo, marxismo-leninismo, anarquismo, situacionismo, terrorismo, cinefilismo. Filme-aparelho que nos captura e de onde saímos exaustos e confusos, nunca "bem informados" ou satisfeitos com o saber adquirido.
A satisfação em Godard é essa experiência de estranhamento e polifonia. Mao Tsé-tung transformado em jingle, Mao, Mao. Juliet Berto fantasiada de chinesa diante do tigre da Esso, o rosto pintado como os soldados do Vietnã bombardeando florestas com um napalm imaginário. O discurso é arma, livros, cartazes, grafite, slogans, manchetes de jornais, a fulguração de um pop político. Sartre e Marx decorando paredes, fragmentos de Althusser declamados como poemas, quebra-cabeças filosóficos, jogos agressivos, sátiras ao Partido Comunista Francês, teatro e agit-prop".
Obra que focaliza a absorção do pensamento de Mao Tsé-Tung como consumismo intelectual pelos jovens franceses, La chinoise se passa quase todo dentro de um apartamento, espaço de reflexão e treinamento de maoístas. Veronique (Anne Wiazemsky, a companheira do cineasta depois que ele se separou de Anna Karina, musa de seus filmes), o ator Guillaume (Jean-Pierre Léaud, alter ego de Truffaut nas obras dedicadas ao personagem de Antoine Doinel, a exemplo de Baisers volésDomicílio conjugal e, principalmente Os incompreendidos/Le quatre-cent coups, que, juntamente com "Acossado"/A bout de souffle, de Godard, detonou a Nouvelle Vague), o economista Henri (Michel Semeniako), o pintor Kirilov (Lex De Bruijn), e a prostituta Yvonne (Juliet Berto, que teve um caso com Glauber Rocha e trabalhou em Claro, que realizou durante o seu exílio italiano nos anos 70), repartem um apartamento e ali aplicam as idéias revolucionárias de Mao-Tsé-Tung.
Em La chinoise, a partir do estabelecimento dos jovens no apartamento, Jean-Luc Godard procura discutir uma causa política, a pôr em pauta a ação, os vícios e os diálogos dos chamados "aprendizes de esquerda", uma parte muito festiva da juventude francesa que se aplica aos ensinamentos de Mao e de sua Revolução Cultural.
Pode-se ver nestes jovens - e a visão de Godard é ácida e crítica - aqueles que um ano depois estariam nas ruas de Paris nas grandes manifestações do celebrado Maio de 68.
Godard não poupa seus estudantes e há, evidente, um propósito claro em condenar a pressa e a fragilidade com que as opiniões se formam para uma militância política discrepante. O cineasta de Acossado faz emergir o debate, apressado, sectário, na superfície das questões ideológicas propostas.
Enclausurados no apartamento, Veronique, por exemplo, planeja o assassinato de um líder universitário, enquanto Henri, ao defender a coexistência pacífica, é expulso do grupo, e, em conseqüência, desiludido, Kirilov se suicida. Mas Veronique concretiza seu plano, o de matar o líder universitário. Quando as férias terminam, e o apartamento, alugado, é entregue a seus donos, todos partem para seus afazeres habituais, e Veronique, como se nada tivesse acontecido, volta, tranqüilamente, às aulas.
"A chinesa" é um filme emblemático de Maio de 1968 e uma das obras mais importantes de Godard que, atualmente, cresceu com o passar do tempo. Se, na época, era um registro dos espíritos indômitos da juventude francesa, atualmente o filme é um testemunho de sua vacuidade. Num momento em que se comemora com tanto alarde a efervescência francesa do período, A chinesa pode servir como documento de uma época, da necessidade e da urgência de uma atitude, de se ser um enragé. Se havia um fulgor contestatório oportuno, por outro lado, muitos entraram na onda para se distrair. A fábula godardiana sobre o "treinamento" de maoístas, para passar o tempo de suas férias escolares, é exemplar nesse sentido. É um filme que precisa ser resgatado.
NOTAS PROVINCIANAS DE MAIO DE 68
Neste maio de 2008, quarenta anos se passaram daquele Maio de 1968, quando a ebulição se fazia presente nos protestos, na movimentação cultural, na ânsia da juventude por um mundo melhor, pela "imaginação no poder".
As grandes manifestações que ocorreram no conturbado Maio de 1968 ficaram restritas aos grandes centros civilizados, principalmente Paris, e no Brasil, se há de convir, vivia-se sob a égide das botas dos militares, mas, mesmo assim, a influência dos acontecimentos exteriores se fez enxergar nas principais capitais brasileiras, notadamente o eixo Rio-São Paulo.
Mas em Maio de 1968, ainda não havia o Ato Institucional número 5, assinado em 13 de dezembro, deste mesmo ano, e o golpe de 64 ainda permitia uma certa movimentação, passeatas (como a dos cem mil no Rio), protestos diversos, propostas artísticas renovadoras, ainda que reprimidas (Roda Viva, entre outros).
A decretação do Ato Institucional número 5 constitui, na verdade, o estabelecimento da ditadura brasileira com o cerceamento completo à liberdade de expressão, ao direito de ir e vir, inclusive com a permissão violenta da violação da correspondência (preceito constitucional). Rasgou-se, com a maior sem cerimônia, a Carta Magna (outorgada pelos milicos, apesar de "promulgada", a fórceps, por um Congresso Nacional rastejante), estabelecendo-se, com isso, o início dos anos de chumbo, que tanto amargaram o brasileiro, que permaneceu acossado 17 anos (sem contar o período de 64 a 68). A linha dura, a mandar às favas os escrúpulos da consciência, tomou o poder.
O que pretendo mostrar aqui nesta coluna é a visão de um jovem de 18 anos, habitante da soterópolis, e, portanto, distante da efervescência do período, durante aquele chamado "ano que nunca terminou".
Estudante do Colégio Estadual da Bahia, o inesquecível Central, a cursar o Clássico (naquela época, depois de findo o ginásio, se podia escolher entre o Clássico e o Científico, que duravam, ambos, três anos, até o jovem, através do vestibular, ingressar na universidade).
O Central era um pólo aglutinador do debate político e, neste centro de ensino, foi onde se formavam as lideranças estudantis, que promoviam passeatas, protestos, pelas ruas de Salvador. O estudante, ao contrário do de hoje, tinha que ser politizado, consciente de sua realidade e com disposição transformadora. Aquele que se mantinha à margem, distante dos acontecimentos, era taxado de "alienado".
A cultura política e literária era uma espécie de "conditio sine qua non" para o estudante se tornar um sujeito "in" dentro de sua escola, perante seus colegas. A leitura de autores como Marcuse, Luckacs, Sartre, Marx, e literatos como James Joyce, Graciliano Ramos, Dostoievsky, entre muitos, muitos outros, fazia parte da vida estudantil. Mas Machado de Assis, que considero o primus inter pares, não estava incluído entre as leituras do período.
Era de bom tom (a usar uma expressão "anti-maio") que os estudantes sobraçassem livros para dar o ar de intelectuais. Era chic se ser intelectual, usar óculos. Paulo Francis, lá em "O Pasquim", já dizia: "Intelectual não vai à praia, intelectual bebe". E, realmente, a dizer a verdade, bebia-se e fumava-se muito. Não havia o culto ao corpo, e até tinha algum "charme" quem cultivasse uma "barriguinha" discreta. Neste particular, é interessante notar que o estudante atlético, forte, preocupado com esportes, era visto de esguelha, de soslaio, como um "alienado" (outra bobagem da época).
E como se lia jornais! Em 1968, o jornal mais disputado eram dois: "Correio da Manhã", com seu quarto caderno (o cultural, com ensaios enormes de Otto Maria Carpeaux, José Lino Grenewald, Paulo Ronai, Antonio Moniz Vianna...), e o "Jornal do Brasil". A "Folha de S. Paulo", que me lembre, não tinha presença no meio intelectual do crepúsculo da década de 60. Pessoalmente, comprava o "JB", o "Correio" e, o "Estado de S.Paulo" dos domingos (um calhamaço difícil de carregar que, comparado com a edição atual, esta vira "peso-pena").
Em comparação, hoje, com os tempos pretéritos, três diferenças básicas: o desprezo pela cultura literária, a inconsciência política e a desimportância dos jornais como "vício diuturno".
O cinema tinha um "status" político muito forte. Acredito que uma das características mais marcantes de 1968 no Brasil (embora tenha se iniciado antes) foi a "Geração Paissandu", que se estabeleceu nas calçadas, em frente ao cinema do mesmo nome, situado à rua Senador Vergueiro, no Rio de Janeiro. Havia, nesta "geração", um espírito de combate, de discussão, que tinha o cinema como mola propulsora.
Os realizadores que eram respeitados eram aqueles que possuíam uma visão de mundo e uma visão do cinema, a exemplo de Jean-Luc Godard, ícone da época, cineasta que usou a arte do filme como um veículo de exposição de pensamentos e idéias, além de alterar profundamente a narrativa cinematográfica ao estabelecer uma fragmentação com a inserção, nela, de materiais de procedências diversas (animação, planos de detalhes de frases de um livro aberto, um ator a ler durante alguns minutos certo trecho, recortes, bonecos, fotografias, etc).

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

CAP-ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA da BAHIA SALVADOR - 16 ANOS! (71) 3240.3964

 1) CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV / TELEJORNALISMO / APRESENTADOR

 2) CURSO DE TV E CINEMA PARA ATORES

 3) CURSO DE PRODUÇÃO/ DIREÇÃO DE TV

 5) CURSO LOCUÇÃO

 6) CURSO DUBLAGEM

 7) CURSO OPERACAO MESA SOM – MONTE SEU HOME STUDIO

 8) CURSO DE EDIÇÃO DE VÍDEO

 9) CURSO DE VIDEO REPORTAGEM

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

QUARTAS BAIANAS...

Lúcio Mendes, Fabiola Aquino Coelho, Joel de Almeida, Claudia Chávez, Cristiane Pinho, Conceição Miranda, Beto Magno, Fernando Neves, João Luiz,Marcelo Matos de Oliveira, Fausto Oliveira Junior, Carollini Assis, Elson Rosario, Lazaro Faria, Chico Argueiro Neto e Simone Brito L. de Santana em Salvador - Bahia - Brasil.

FESTIVAL DE CINEMA

O 7º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões é uma festival com atenção especial para as produções cinematográficas de Pontos de Cultura e Produtoras Independentes. Acontecerá entre os dias 07 a 11 de novembro de 2012. As inscrições para a competição e todas as atividades paralelas são gratuitas e estão abertas até 14 de agosto de 2012. Informações: http://www.cinemadossertoes.com/

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ÁGUA DE MENINOS - A FEIRA DO CINEMA NOVO

Documentário que resgata a memória da importante Feira de Água de Meninos, incendiada criminosamente em setembro de 1964, e tema de dois consagrados filmes baianos (A grande feira, 1962, de Roberto Pires, e Sol sobre a lama, 1963/64), de Palma Neto/Alex Viany, Água de Meninos - A Feira do Cinema Novo, de Fabíola Aquino, tem na sua estrutura narrativa materiais de origens diversas: recortes de jornais, entrevistas com antigos feirantes, antropólogos, urbanistas, pais de santo, e pessoas ligadas ao local, trechos de filmes, e filmagens in loco. A realizadora soube captar toda a riqueza visual do ambiente da feira, optando por uma alternância desses materiais no sentido de levar ao público para uma compreensão exata do valor cultural da comunidade feirense. Antonio Pitanga, que trabalhou na maioria dos filmes do Ciclo Baiano de Cinema, funciona, além de depoente, pois testemunha ocular dos fatos e da ficção criada em torno deles, como uma espécie assim de meneur de jeu. Perpassa por todo o filme e, no final, canta, apoteótico, um samba do inesquecível Batatinha. Pitanga foi criado nas circunvizinhanças da Feira de Água de Meninos e, além de ter sido ator em A grande feira e Sol sobre a lama, tem a experiência da vivência no local. As filmagens in loco foram feitas na Feira de São Joaquim, que substituiu a de Água de Meninos, embora não possua a dimensão desta. E também no Mercado das 7 Portas. O documentário toca na questão da reforma programada para a Feira de São Joaquim que as autoridades municipais pensam que, com ela, podem higienizar o aglomerado. Mas uma antropóloga, que dá um depoimento, diz que a sujeita é cultural e faz parte da paisagem. Um outro depoente afirma que se houver reforma esta somente pode ser feita com a colaboração da comunidade. Não se pode impor uma mudança de cima para baixo sem a consulta e a colaboração dos feirantes. Trechos de Sol sobre a Lama e de A grande feira são incluídos. Um dos produtores do primeiro, entrevistado, Álvaro de Queiroz, revela que Sol sobre a lama foi uma resposta a A grande feira, que, segundo Palma Neto, não focaliza a realidade verdadeira de Água de Meninos. O seu depoimento é comovente e, no fim, quando narra o incêndio, chega a ficar emocionado e quase chora. Dois filmes que tiveram como local de sua ação principal Água de Meninos, que, muitos anos antes do incêndio criminoso, já se dizia que havia interesses, por parte das empresas petrolíferas, em incendia-la - o que se tornou realidade meses depois do golpe de abril de 64 no mês de setembro numa ação, segundo se diz, das companhias de petróleo com a Capitania dos Portos. Um belo documentário, Água de Meninos - A Feira do Cinema Novo, de Fabíola Aquino, com pesquisa de Laura Bezerra e funcional fotografia de Paulo Alcântara e Marcelo Pìnheiro. A coordenação de produção esteve a cargo de Cláudia Chavez. Entre os que prestam depoimentos, além dos citados (Pitanga, Queiroz), Mateus Aleluia, Gessy Gesse, Nilson Mendes, Zé do Licor, Seu Pascoal, Mestre Lourão, Pai João, Duda, Rosa Fortes, Luciana Novaes, Domingos Leonelli, Marcilio Santos, Carl von Hauenschild, e a população da Feira de São Joaquim. Filme sobre a feira e também um filme sobre o cinema feito em torno da feira. A ver assim que a oportunidade surgir.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual entra em consulta pública Documento aprovado pelo Conselho Superior do Cinema estabelece bases para o desenvolvimento do setor

De hoje até 22 de dezembro, é possível opinar sobre o Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual, que entrou em Consulta Pública. O documento foi aprovado no início de agosto pelo Conselho Superior do Cinema. A ideia é que o documento sirva como guia das ações do poder público para o setor audiovisual no Brasil até o ano de 2020, e sugere ações para o fortalecimento do mercado, tanto internamente, como em termos de presença brasileira no mercado internacional. É um trabalho sujeito a revisão constante, especialmente neste momento inicial de sua construção. A partir de um diagnóstico apurado do setor, considerando cinema, televisão, mídias móveis e interativas, considerando todos os elos da cadeia produtiva e tanto a atuação do poder público quanto as necessidades do agentes privados, foi possível identificar os principais vetores do desenvolvimento do audiovisual no país. E é com base neste diagnóstico que o plano foi elaborado, tendo como principais metas a expansão do mercado interno, a universalização do acesso e a transformação do Brasil num forte centro produtor e programador de conteúdos, fortalecendo a presença do país no mercado internacional, sempre partindo do princípio da produção e circulação de conteúdos brasileiros como uma atividade econômica sustentável, competitiva, inovadora e acessível à população. A consulta não se encerra no site. “Realizaremos ainda audiências e seminários para ouvir e mobilizar as vontades e iniciativa do setor”, diz Manoel Rangel, diretor-presidente da ANCINE. O Plano de Diretrizes e Metas para o Audiovisual ficará em consulta pública pelos próximos quatro meses. Depois desse período, irá novamente a debate no Conselho. Para participar das consultas públicas abertas à contribuição é preciso acessar o Sistema de Consultas Públicas e se cadastrar. Dúvidas sobre o funcionamento do sistema devem ser encaminhadas para ouvidoria.responde@ancine.gov.br.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

CURSOS DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA

CURSOS DA CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA / SALVADOR:

TELEJORNALISMO/APRESENTACAO PARA TV/INTERPRETACAO PARA TV - CINEGRAFISTA/OPERACAO DE CAMERA - EDICAO DE VIDEO - VIDEOREPORTAGEM-PRODUCAO E DIRECAO PARA TV-TEATRO,ATORES PARA TV etc...

 1) CURSO DE INTERPRETAÇÃO PARA TV / TELEJORNALISMO / APRESENTADOR Duração: 5 meses todas as quintas das 19 as 22 h inicio: julho ( apenas 15 alunos por turma ) Treinamento prático em programa jornalistico de TV Web. Conteúdo: dicção/voz/fala; memorização de textos; leitura e interpretação; expressão corporal; gravação. Investimento: R$ 1.800,00 Forma de Pagamento: * a vista 5% desconto * No cartão em até 5x de R$ 380,00 * ou em até 5x de R$ 360,00 (cheque)

 2) CURSO DE TV PARA ATORES – novas turmas em junho 2.1) Turmas para iniciantes, adolescentes e crianças Aulas as sextas das 14.30 as 17.30 h Professora: Rada Rezedá Duração da turma: 11 meses Gravação de um curta por semestre! 2.2) Turmas para adultos Aulas as terças das 18.00 as 22h Professora: Rada Rezedá Duração da turma: 11 meses Gravação de um curta por semestre! Forma de Pagamento: O pagamento deve ser integral, parcelado em cheque ou cartão: * Valor integral: R$ 2.860,00 * a vista 5% desconto * mensalidade de R$ 270,00 (cheque) * R$ 280,00 (cartão)

 3) CURSO DE PRODUÇÃO/ DIREÇÃO DE TV inicio:AGOSTO · Conteúdo: As 3 etapas da produção com a gravação de um vídeo de 1 minuto no final do curso. Professora: Rada Rezedá e José Carlos Torres · Conteudo: as três etapas da produção audiovisual e produção de um vídeo no final. Investimento: R$ 550,00 Forma de Pagamento: * R$ 450,00 a vista: * R$ 520,00 em 2x no cheque R$ 550,00 em 2x no cartão

 4) CURSO CINEGRAFISTA Inicio: 30 DE JULHO Conteúdo: curso prático – o aluno aprende a operar câmera profissional de TV; planos e movimentos de câmera; lentes, noção básica de iluminação, etc. Professor: José Carlos Torres (jornalista e cinegrafista) Investimento: R$ 450,00 Forma de Pagamento: * em até 2x de R$ 225,00 (cheque ou cartão) * R$ 385,00 a vista

 5) CURSO LOCUÇÃO INICIO DE NOVA TURMA: 25 JULHO Conteúdo: dicção/voz; interpretação de textos, microfones, gravação. Professora: Rada Rezedá Investimento: R$ 400,00 Forma de Pagamento: * a vista R$ 350,00 * em até 2x de R$ 200,00 (cheque ou cartão)

 6) CURSO DE EDIÇÃO DE VIDEO ( ADOBE PREMIERE E FINAL CUT) INICIO: 30 DE JULHO ( de 30/07 a 4 de agosto das 18.30 as 22h) Conteúdo: pratica de edição de vídeo em adobe première e final cut. Professor: José Carlos Torres (jornalista e cinegrafista) Turma com máximo de 10 alunos. Investimento: R$ 800,00 Forma de Pagamento: * a vista R$ 600,00 * em até 2x de R$ 400,00 (cheque ou cartão)

 7) CURSO DE TEATRO COM MONTAGEM DE ESPETACULO NO FINAL DO ANO Coordenação: Rada Rezedá Professora: Lais Almeida e professores convidados (Esse espetáculo fará parte da Cia de Teatro da CAP) Forma de Pagamento: O pagamento deve ser integral, parcelado em cheque ou cartão: Valor total R$ 2.800,00 * a vista 5% desconto * R$ 280,00 por mês no cartão * R$ 260,00 por mês no cheque (desconto por cheque)

 8) CURSO ROTEIRO valor 350,00 em 2x no cartão/cheque ou R$ 250,00 à vista até o dia 23 de junho Professora: Carolini Assis (Diretora Institucional da Associação Baiana de Cinema e Vídeo e da Associação Brasileira de Documentaristas / Secção Bahia)

 9) CURSO DE OPERACAO DE MESA DE SOM Inicio AGOSTO das 10 as 12.30 valor 350,00 em 2x no cartão/cheque ou R$ 250,00 à vista Professor: Toni Brito 10) CURSO DE VIDEO REPORTAGEM Inicio: 13 DE AGOSTO ( de 13 a 18 de agosto) das 18.30 as 22h Professor: José Carlos Torres (jornalista e cinegrafista) Conteúdo: noções sobre operação de câmera e edição, entrevista/reportagem, microfones. Forma de Pagamento: R$ 800,00 em 2x no cartão R$ 750,00 em 2x no cheque R$ 600,00 à vista CAP ESCOLA DETV E CINEMA DA BAHIA 3240 3964 / 9167 8274

Robert Altman: humor ácido e requintado

Em inícios dos anos 70, a comédia americana - que teve seu apogeu nos anos 30, 40 e 50, a Idade de Ouro de Hollywood - dava mostras de esgotamento, principalmente por causa da aposentadoria de alguns de seus próceres, e os que ainda a continuavam não conseguiam renová-la. É neste despertar dos 70 que aparece no panorama internacional uma comédia diferente, satírica, ácida, irreverente: "M.A.S.H.", de Robert Altman. Localizada a ação na Guerra da Coréia, tem uma clara referência à do Vietnã que então se encontra no auge e no clamor dos protestos da sociedade americana. Conta a película a vida de soldados no front bélico, onde dois cirurgiões (Elliot Gould e Donald Sutherland) fazem o diabo para costurar os feridos. Tudo feito na base da anarquia criativa, com um dinamismo estrutural, rapidez de diálogos, que muitos críticos consideram que, neste filme, há uma renovação na comediografia cinematográfica. Sally Kellerman se revela como a oficial séria e ríspida que tem sua cortina devassada quando toma banho numa sequência memorável. Altman, por "M.A.S.H.", e apenas por este, se torna, logo, um "cult" de uma hora para outra, ainda que já com uma filmografia cujo início se dá muito antes, em 1957, com "Os Delinqüentes" ("The Delinquents") e, neste mesmo ano, "The James Dean Story", um documentário sobre o mito que há poucos anos tinha sido vitima de um acidente automobilístico. Os produtores não gostam de "Os Delinqüentes" e, quanto ao documentário, não o consideram palatável comercialmente. De pires na mão, Altman procura um produtor - naquela época não se usava a famigerada captação de recursos - e, desempregado, custa a arranjar, e mesmo assim na televisão, um emprego como diretor de fitinhas sem importância - que os críticos franceses, dando uma busca nos arquivos televisivos, conseguem encontrar, nestas fitinhas, o "touch altmaniano". Dez anos se passam até que Altman encontra um produtor com mania de risco, de investir em projetos condenados. E realiza "No Assombroso Mundo da Lua" ("Countdown", 1968), ficção-científica que rende alguns trocados na bilheteria e faz os produtores acreditarem que Altman "era diferente" e, assim, deviam lhe dar uma segunda chance. Esta foi um sucesso, ainda que relativo de público, mas entusiasmado da crítica: "Uma Mulher Diferente" ("That Cold Day in the Park", 1969), um thriller de extremado rigor sobre a solidão de uma mulher (Sandy Dennis) numa grande cidade (Nova York). Filme marcante, com uma mise-en-scène baseada nos acordes musicais e no silêncio. A seguir, o estrondo de "M.A.S.H." Espera o diretor quarenta e cinco anos para se ver reconhecido como cineasta (nasce em 1925, morre em 2006, aos 81). Após a sátira devastadora sobre o Vietnã travestido de Coréia, os produtores começam a lhe oferecer projetos. Altman, como sempre muito exigente e muito à margem do "sistema" hollywoodiano, procura construir uma carreira de autor. Tem tanta presença a sua assinatura que mesmo quando pega um roteiro alheio, e do qual não gosta, o resultado é sempre um filme de Robert Altman. O que constrói o cineasta após "M.A.S.H."? A resposta vem no mesmo ano: "Voar é com os pássaros" ("Brewster McCloud"), com Bud Cort - o menino que contracena com Ruth Gordon em "Ensina-me a Viver". Fracasso. Humor sofisticado demais. Um garoto tem o desejo de voar como Ícaro. E parte para a ação num aparelho de madeira complicado. Apesar de rejeitado pelo público, é um grande filme, difícil, é verdade, pois de configuração diferente dos padrões de Hollywood. Em seguida, "Quando os Homens São Homens" ("Mc Cabe and Mrs Miller", 1971), com Warren Beatty e Julie Christie, um anti-western, pois sem a essência do gênero, o conflito em movimento. Altman opta pela inação, e, ainda por cima, numa paisagem cheia de neve. Outro fracasso. Mas a crítica recebe os filmes de braços abertos. E os produtores arrancam os cabelos de raiva. Mostra ser um cineasta temperamental, difícil, incapaz de se dobrar às solicitações de uma platéia convencional. Os filmes seguintes dão ao realizador um passaporte para a rua da amargura. "Imagens" ("Images", 1972), reavaliação do terror como componente do "impulso cinemático", com Suzannah York, e após este, um estudo crítico de gêneros, desmistificando-os como fórmulas: o filme noir em "Um perigoso adeus" ("The long goodbye", 1973), com Elliot Gould, e o thriller com a tônica no gangsterismo em "Renegados até a última rajada" ("Thieves like us", 1974), com Keith Carradine. Desse modo, a revisão de gêneros, que a chamada pós-modernidade se apodera, tem em Altman um precursor. Um estilo que se caracteriza pela preocupação em desmontar a lógica que precede o discurso cinematográfico, subvertendo, sempre, o diapasão de seu itinerário. A grande arma de Altman é o humor, ácido, por vezes cruel, mas sempre refinado, requintado, um humor para o sorriso interior, mas, quase nunca, para a explosão de gargalhadas - exceto em "M.A.S.H." Sua linguagem se concentra num "texto" e num "subtexto", em tons e subtons. Altman, definitivamente, não pode ser admirado pela horda selvagem multiplexiana, pela patuléia que comanda o espetáculo de horror - que é ir a uma "matinê" numa das salas dos complexos dominantes. Por causa dos apupos da crítica, um produtor, que não tem medo de negócios arriscados, banca Altman. E, ainda em 1974, faz "Jogando com a sorte" ("Califórnia split"), com Elliot Gould, ator preferido na época, e George Segall, uma viagem altmaniana sobre os deserdados da sorte e a "feérie" da jogatina. Mas até o produtor, que lhe banca os filmes, quis dar o fora, pois o dinheiro investido não retorna a contento. Mas Altman arranjou produção e, num golpe de sorte, acerta em "Nashville" (1976), que muitos consideram sua obra-prima. Retrato da América, o filme se concentra num festival de música country. Segue outro anti-western, com Paul Newman: "Oeste Selvagem" ("Buffalo Bill and the indians or Sittings Bull's history lesson", 1976), celebrado em Berlim. O sucesso de "Nashville" compensa as perdas internacionais. "Sittings Bull" é outra desmistificação, desta vez do heroísmo de Buffalo Bill, tão cultuado nos Estados Unidos, mostrando-o como um homem de caráter duvidoso e comportamento ambíguo. A paisagem do oeste, selvagem, como diz o título original, e a ausência total de uma "clicheria" não contentam os amantes do gênero. Um estudo da alma feminina feita com sensibilidade e emoção neste filme que considero um de meus preferidos do realizador de "Assassinato em Godsford Park". Janice Rule, Sissy Spacek e Shelley Duvall estão inexcedíveis como as personagens de "Três mulheres" ("Three Women", 1977), criaturas atormentadas pela angústia do existir e que se debatem no inferno de suas existências. Obra rara e severa, mas difícil de encontrar para uma revisão. O espaço chegando ao fim e eu, aqui, ainda com Altman na década de 70. Que fazer? É dizer logo que "Cerimônia de casamento" ("A Wedding", 1978), afresco notável sobre os comportamentos hipócritas numa festa de casamento burguesa, é um sucesso. Elenco fabuloso, que inclui Vittorio Gassman e Lillian Gish e Carol Burnett. Nunca a burguesia é tão bem radiografada quanto neste "A Wedding". Grande filme, mas também assinala o começo de sua decadência nos anos 80 cuja reabilitação somente se dá em 1992 com "O Jogador" ("The Player"). Se em 1970 tem início o culto a Altman, 1980 assinala a sua descida ao inferno com "Popeye", com Robin Williams e a magricela Shelley Duvall como Olívia. Os produtores são, literalmente, enganados. Ao invés de um filme para agradar as platéias populares, Altman prefere a caricatura, a desmistificação - como sempre o olhar irônico, o riso que se multifaceta nas entrelinhas. O público quer gargalhar com Williams no papel de Popeye e se depara, sem entender nada, a piada oculta. Antes deste elabora um filme que particularmente não gosto, "Quinteto" ("Quintet", 1979), com Paul Newman, novamente, e também trazendo de volta Gassman - cujo desempenho em "A Wedding" deixa Altman entusiasmado. "Um Casal Perfeito" ("A Perfect Couple") é simpático, mas sem o brilhantismo habitual. E com o afundamento de "Popeye" as portas se cerram para o realizador. Realiza o que quer, no entanto, nos anos 70, e somente por esta safra o título de grande cineasta já lhe poderia ser dado. Enfraquecido, sem crédito, Robert Altman desaparece de circulação. Nenhum filme seu estréia mais no circuito. Aos poucos, na década de 80, vai sendo substituído no culto por outros realizadores, como Wim Wenders. A maior parte dos filmes que o diretor de "Godsford Park" faz nesta década nada prodigiosa para ele não foi distribuída no Brasil, como, por exemplo, "Come back to the Five and dime, Jimmy Dean", com Karen Black - que fim levou essa atriz? e Cher, e "Além da terapia" ("Beyond therapy", 1986), com Glenda Jackson e Tom Conti, sátira à psicanálise, ou "Fool for love" (1985), com Sam Shepard e Kim Bassinger. O único Altmam com alguma notoriedade nos 80 é "O exército inútil" ("Streamers", 1983), por causa de prêmio internacional dado a todo o elenco na categoria "melhor ator". Baseado em peca teatral, segue ao pé da letra as torrentes verbais, constituindo-se quase que num teatro filmado desenvolvido em planos-sequências e movimentos de câmera inteligentemente manipulados. Finalmente, os anos 90 lhe abrem novamente as portas: "O Jogador", "Short Cuts" (este, uma obra-prima), "Prêt À Porter", "Kansas City", "A Fortuna de Cookie", o admirável "O Assassinato em Godsford Park", e "A última noite", seu canto de cisne. A sua narrativa polifônica marca época e influencia uma geração de cineastas, principalmente a encontrada em "Nashville" e "Short Cuts".

"A ULTIMA ESTAÇÃO" ABRE FESTIVAL DE CINEMA DE BRASILIA

O longa-metragem "A Última Estação", de Márcio Curi, irá abrir o 45º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro, no dia 17 de setembro. O filme é uma coprodução entre Brasil e Líbano. A história é baseada na trajetória de vida do libanês Tarik. Em meados dos anos 50, juntamente com o irmão mais novo, Karim, eles vêm ao Brasil e, já no navio, iniciam uma grande amizade com outros meninos árabes e sírios, que ao desembarcarem em terras brasileiras, acabam seguindo caminhos distintos. Os anos se passam e, em setembro de 2001, após perder sua esposa, o velho Tarik decide cumprir algumas promessas. O muçulmano abandona tudo e resolve atravessar o Brasil, na companhia da filha Samia, em busca dos meninos que fizeram com ele a travessia, 51 anos antes. O festival ocorre entre os dias 17 e 24 de setembro. Dentre os longas selecionados para a mostra competitiva estão "A memória que me contam", de Lucia Murat; "Boa sorte, meu amor", de Daniel Aragão; "Eles voltam", de Marcelo Lordello; "Era uma vez eu, Verônica", de Marcelo Gomes; "Esse amor que nos consome", de Allan Ribeiro; e "Noites de Reis", de Vinicius Reis. Os documentários selecionados para a competição são: "Doméstica", de Gabriel Mascaro; "Elena", de Petra Costa; "Kátia", de Karla Holanda; "Olho nu", de Joel Pizzini; "Otto", de Cao Guimarães; e "Um filme para Dirceu", de Ana Johann.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

BETO MAGNO

Beto Magno

CINEMA E VIDEO

Deraldo Portela, Beto Magno e Rada Rezedá numa reunião de pré-produção do projeto de adaptação para teledramaturgia das cronicas do saudoso Jornalista Augusto Berbert de Castro.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

AGENDA DO AUDIOVISUAL BAHIA

Se liguem na Agenda do Audiovisual na Bahia: 09/08 Hércules 56 - com a presença de Silvio Da-Rin (09h, Auditório Zélia Gattai, Unijorge) Realização: Projeto Cinema pela Verdade, Ministério da Justiça e ICEM. Parceria Abcv Abd Bahia e Unijorge, Coordenação dos cursos de Publicidade e Propaganda, Jornalismo e Produção Audiovisual da UNIJORGE. 11/08 Gitirana - com presença de Conceição e Orlando Senna (15h, Sala Roberto Pires, ABI - Associação Baiana de Imprensa) Realização: ABI, Instituto Memória Roberto Pires. Apoio: ABCV / ABD-BA, APC, Cambuí Produções, Iglu Filmes, Dimas/Secult. GRATUITOS! 11/08 - Lançamento da Cooperativa de Cinema da Bahia (Coopercine) Auditório do IRDEB - 08 às 12h 15/08 - Quartas Baianas- Bahêa Minha Vida - Presença de Márcio Cavalcante 19h30, Sala Walter da Silveira Realização: ABCV/ ABD-BA, Dimas 22/08 - Quartas Baianas - Lançamento de Glauber Rocha em Defesa do Cinema Brasileiro, presença de Roque Araújo Realização: Roque Araújo, Instituto Roque Araújo Apoio: ABCV/ ABD-BA, Dimas 23/08 - Debate / Com ou sem edital: Alternativas do Audiovisual Independente CineTeatro Solar Boa Vista, 19h30 Realização: Cual - Coletivo Urgente do Audiovisual Apoio: Solar Boa Vista 29/08 - Quartas Baianas - Água de meninos : A Feira do Cinema Novo, presença de Fabíola Aquino 19h30, Sala Walter da Silveira Realização: ABCV/ ABD-BA, Dimas

Antônio Conselheiro - O Taumaturgo dos Sertões - Trailer Oficial

Antônio Conselheiro - O Taumaturgo dos Sertões - Trailer Oficial


 Entrou em cartaz (Salvador), sexta, dia 10 de agosto, em bom circuito, Antonio Conselheiro, o taumaturgo dos sertões, de José Walter Pinto Lima: Espaço Unibanco, Sala de Arte da Ufba, Cine XIV (Pelourinho), UCI Orient Iguatemi, e UCI Orient Paralela. Também em Petrolina no Orient Cinemas River Shopping. Na próxima sexta, 17, entra em cartaz no Rio e São Paulo. É um filme baiano que deve ser prestigiado. O seu lançamento se constitui numa façanha de Walter Lima, pois difícil a colocação de uma obra que foge aos padrões dominantes do modelo narrativo comercial - o mercado, dominado pelas multinacionais, promove o cinema a um parque de diversões. Basta dizer que, considerando que o Brasil possui pouco mais de 2.000 salas de exibição, 1.000 cópias foram lançadas de O Homem Aranha e mais 1.000 de BatmanAntonio Conselheiro está mais afeito ao cinema de poesia do que ao cinema de prosa: tem um acento mais retórico do que fabulatório. É o segundo longa de Walter Lima, que atua no cinema baiano há mais de 40 anos, sendo o organizador e idealizador do bem sucedido Seminário Internacional de Cinema e do Audiovisual (que mudou de nome para Cine Futuro). Vamos vê-lo e, com isso, prestigiar o esquálido cinema que se faz na Bahia.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

"NA ESTRADA" FILME DE WALTER SALLES

NA ESTRADA – O mérito cinematográfico de Walter Salles é nos dizer, desde as primeiras imagens, que mostram os pés de Sal Paradise, em travellings, andando na estrada de barro que o conduzirá ao amor de Terry e aos campos de algodão da Califórnia, que o conceito de road movie, antes mesmo de ser um subgênero cinematográfico, já estava inserido, como reflexo de uma jornada interior, no fluxo memorialístico de nomes como Virginia Woolf, James Joyce e Marcel Proust, as principais influências de Kerouac. A presença de No Caminho de Swann (primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, obra romanesca definitiva de Proust), passeando pelas mãos de Sal e outros personagens do filme, orquestra esse conceito, esse sinal. Na Estrada é um filme superior porque corre no sentido de colocar o cinema no nível da litaratura e da grande arte. Walter Salles pode estar enganado, talvez ele seja mesmo pretensioso, mas suas imagens são sintomáticas. Leia mais sobre Na Estrada. Ficha Técnica Diretor: Walter Salles Elenco: Garrett Hedlund, Sam Riley, Kristen Stewart, Amy Adams, Tom Sturridge, Danny Morgan, Alice Braga, Marie-Ginette Guay, Kirsten Dunst, Viggo Mortensen Roteiro: Jose Rivera Baseado no romance de Jack Kerouac Direção de fotografia: Eric Gautier Direção de arte: Carlos Conti Trilha sonora: Gustavo Santaolalla, com Charlie Haden e Brian Blade Figurino: Danny Glicker Montagem: François Gedigier Duração: 2h20min Classificação: 14 anos

domingo, 5 de agosto de 2012

OS FILMES DO CHICO

Há mais críticos e comentaristas de cinema no espaço virtual do que gafanhotos no Egito. A maioria dos blogs, no entanto, reflete um entusiasmo de fã sem a necessária base referencial, um conhecimento de causa, uma visão mais abrangente não somente da arte mas também do mundo, ou mehor dizendo, uma visão do cinema e uma visão do mundo. Por outro lado, há blogs (ou blogues?) que revelam profundidade na exegese da arte do filme. E um deles é o de Chico Fireman, que mergulha no cinema para buscar tesouros do pretérito da história do cinema e um atento espectador-crítico do cinema contemporâneo. O trabalho imenso de Fireman no resgate de títulos do passado pode ser visto na Liga de Blogues Cinematográficos, coordenado por ele (http://ligadosblogues.wordpress.com/), que brinda o amante do bom cinema com rankings cada vez mais surpreendentes. Mas o que se quer ressaltar aqui é que Fireman inaugura hoje, dia 20 de julho, o seu novo blog, mais limpo visualmente e livre de gralhas. A conferir: http://filmesdochico.com.br/

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

JORGE AMADO E A SÉTIMA ARTE

Por André Setaro. Recebi este release, que publico abaixo, anunciando o lançamento do livro Jorge Amado e a sétima arte, organizado por Bohumila S. de Araújo, Maria do Rosário Caetano e Myriam Fraga. Considerando a comprovada competência das organizadoras, um livro para comprar, ler e guardar. Duas sessões de autógrafos em Salvador marcam lançamento de livro que integra as comemorações do centenário de nascimento de Jorge Amado No mês em que se comemora o centenário de nascimento de Jorge Amado, a Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA), em coedição com a Casa de Palavras, apresenta o livro Jorge Amado e a sétima arte, de Bohumila S. de Araújo, Maria do Rosário Caetano e Myriam Fraga (Org.). No dia 8 de agosto, quarta-feira, às 18h30, durante o VIII Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (ENECULT), acontece o pré-lançamento do livro. No dia 10, sexta-feira, às 18h, evento na Fundação Casa de Jorge Amado concretiza o lançamento. Um híbrido entre trabalho acadêmico e livro de depoimentos, Jorge Amado e a sétima arte contém diversos relatos sobre a relação do escritor baiano com o cinema. Conta com declarações e entrevistas com autores, cineastas, atores, roteiristas e diretores, além de bibliografia e filmografia completas, reunindo um rico material sobre Amado. José Calasans Neto, Guido Araujo, Walter da Silveira, Sonia Braga, Maria do Rosário Caetano, Bohumila Araujo, Myriam Fraga, Hélio Pólvora, Germano Tabacof, Ana Rosa Ramos, José Umbelino, Marise Berta, Guido André Araujo, Nelson P. dos Santos, Cacá Diegues, Nélia Belchote e João Carlos Sampaio são alguns dos nomes que contribuíram com textos, ensaios, depoimentos e entrevistas. Nascido no dia 10 de agosto de 1912 no município de Itabuna, no interior baiano, e falecido em 6 de agosto de 2001, Jorge Amado, ao lado de Nelson Rodrigues, é o autor brasileiro com maior número de adaptações para o cinema e para a televisão. Seus romances foram traduzidos para 49 idiomas e são conhecidos e premiados mundialmente. Foi um grande disseminador da cultura baiana, que ganhou dimensão nacional e mundial através de sua obra. Por André Setaro Pré-lançamento de Jorge Amado e a sétima arte Onde: Auditório do PAF III da UFBA (Campus de Ondina, Salvador, Bahia) Quando: 08 de agosto, quarta-feira, às 18h30 Mais informações: www.enecult.ufba.br Lançamento de Jorge Amado e a sétima arte Onde: Fundação Casa de Jorge Amado (Largo do Pelourinho, Salvador, Bahia) Quando: 10 de agosto, sexta-feira, às 18h Realização: Fundação Casa de Jorge Amado/ Editora Casa de Palavras Informações adicionais sobre o livro ISBN: 978-85-232-0976-6 Formato: 16 x 23 cm Número de páginas: 216 Ano: 2012 Preço especial de lançamento: R$ 30,00

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

quarta-feira, 25 de julho de 2012

O QUE É CINEFILIA?

Beto Magno e Jorge Mello (JM). Para os que nasceram na era do vídeo, e, agora, do disquinho mágico, nada muito surpreendente. Mas para aqueles, como eu, que nasceram em priscas eras, em meados do século passado (1950, para ser mais preciso), com o tempo passando rápido - ó, tempo, suspende o teu vôo! -, o advento do VHS foi uma surpresa, e a do DVD, com tantos dreyers e bergmans, minnellis e langs, hawks e fellinis, espalhados por aí, quase um assombro. Alguém já disse que foi pelo assombro que o homem começou a filosofar, mas, isto, outra história. Acontece que, antigamente, as imagens em movimento somente eram possíveis de ser contempladas no escurinho das salas exibidoras, havendo, para isso, de se pagar um ingresso. A televisão, naquela época, era muito ruim em termos de imagem. Assim, havia duas características no que diz respeito à psicologia da recepção: a inacessibilidade e a impossibilidade de o espectador intervir na temporalidade. Na primeira, quando dentro do cinema, e sala enorme, com quase dois mil lugares, verdadeiros palácios, a imagem que se via na tela era algo mágico, inacessível. Lembro-me que havia um senhor que vendia fotogramas de filmes na Praça da Piedade (aqui em Salvador), e que também oferecia para compra uma lata que, devidamente furada, continha, em uma de suas extremidades, uma lente de óculos que permitia ver os fotogramas com mais nitidez do que a olho nu. Se um determinado filme era exibido e, por acaso, estivesse doente ou viajando, retirado de cartaz, podia perdê-lo para sempre, excetuando-se os grandes sucessos que sempre eram recolocados. E, na segunda característica, a impossibilidade de intervenção na temporalidade. Projetado o filme, este se desenrolava na tela - ou no écran, como se dizia então, e ninguém podia pará-lo, retrocedê-lo, avançá-lo, salvo se entrasse na cabine de projeção e, revólver em punho, ameaçasse o operador. Mas a inacessibilidade e a temporalidade se tornaram favas contadas com o surgimento do VHS e do DVD. Há, inclusive, creio, uma perda da aura cinematográfica. Se os disquinhos funcionam como o resgate do cinema, por outro lado, no entanto, perdeu-se a magia do espetáculo, visto em comunhão numa platéia. O indivíduo hoje já nasce vendo imagens em movimento e, por isso, elas se tornaram vulgares no sentido de corriqueiras. Quando me contaram que, nos Estados Unidos, inventaram um aparelho pelo qual se podia ver filmes, que ficavam dentro de uma caixinha, não acreditei. Era o vídeo que então estava inventado e restrito ao território de Tio Sam. Precisei, como São Thomé, ver para crer, o que aconteceu em torno da metade dos anos 80, quando comprei o meu primeiro aparelho de VHS, um Sharp, que me deu muito trabalho de sintonizar. E as cópias eram péssimas. Precisou-se esperar que o DVD surgisse para que o cinema recebesse uma punhalada nas costas (na região pulmonar). E atualmente ir ao cinema é entrar num festim diabólico onde reinam as pipocas, as conversinhas fora de hora, os celulares que, atendidos, infernizam o espectador que queira contemplar o filme. O público de cinema, no Brasil, pelo menos, se tornou uma espécie de patuléia desvairada. Repito sempre que o ir ao cinema hoje é uma das fases do shoppear. Não se vai mais ao cinema, esta a verdade, mas aos shoppings. Até mesmo nas salas ditas alternativas o público se comporta com apatia e as pessoas gostam mais de aparecer, porque, na sua grande maioria, pseudo-cinéfilos, pseudo-intelectuais. Mas vou contar uma história. Corria o ano de 1973. Estava no Rio de Janeiro a passar as férias de julho. O jornal da época era o Jornal do Brasil, com seu excelente Caderno B. Neste, tomei conhecimento que Ladrões de bicicleta ia ser exibido na Cinemateca do Museu de Arte Moderna numa única sessão pela tarde. Conhecia muitos filmes, nesta ocasião pré-vídeo, de ouvi dizer e de leitura, alguns importantes com muitas informações. Era o caso de Ladri di biciclette, de Vittorio De Sica, que nunca tinha visto por falta de oportunidade e, também, porque nunca foi exibido em Salvador durante o meu itinerário existencial (depois passou algumas vezes). Assim, fiquei a postos, esperando o horário, com certa expectativa, aliás, que não tenho mais para quase nada. Chovia fino. Entrei na sala da saudosa Cinemateca. Mas, quando saí, um toró se abateu sobre a cidade, que ficou completamente engarrafada. Difícil pegar um táxi. Depois de algum padecimento embaixo da marquise do museu, resolvi ir andando do Flamengo, onde fica este, até Laranjeiras, onde estava hospedado. Cheguei encharcado e, no outro dia, com febre alta, ameaçado de pneumonia. Mas estava feliz por ter visto Ladri di biciclette. Atualmente, tenho-o em VHS e DVD, que fica guardado, parado. Não seria mais possível um sacrifício tal para ver um filme. Tenho um amigo, por exemplo, que ia sempre a Paris para se meter na Cinematheque Française e ficar o dia todo vendo obras clássicas. Hoje tem um home theater em sua casa e há anos que não viaja. Viajava somente para ver filmes. A cinefilia, como se praticava antigamente, está morta, e bem enterrada. André Setaro