domingo, 10 de fevereiro de 2013

O CINEMA DE HOJE


Espaço de Cinema Tempo Glauber ( Rio de Janeiro)

Era uma vez um público variado, que lotava salas de cinema para ver de tudo, desde dramas e suspenses intrincados até o desenho animado mais bobo, ou aquele filme catástrofe que seria esquecido momentos depois da projeção. De uns 30 anos para cá esse público vem desaparecendo, sendo substituído ao poucos pelo público de um gênero só, ou quase.
Os relatórios de bilheterias anuais demonstram bem a migração do grande público para filmes de apreensão rápida, com muitos efeitos especiais e, principalmente, uma falta de criatividade sem precedentes. Estimulados pelo fenômeno, os produtores seguem abrindo seus cofres para levar mais super-heróis e continuações de sucesso para as telonas, ganhar mais dinheiro e produzir mais desse cinema fast food. Um ciclo sem fim.
Acontece que ninguém aguenta comer lanche com gosto de isopor a vida inteira e acaba preferindo fazer outra coisa longe do cinema, liberando as salas para uma faixa etária específica, a mesma que no futuro vai sair de fininho. Essa migração, somada às facilidades de acesso aos filmes, via tv, internet e outras mídias, já começa a ser sentida nos Estados Unidos, o país que mais produz e ganha dinheiro com cinema até hoje. A diminuição progressiva do público pagante, de dois anos para cá, tem preocupado os produtores que, sem perceber o que realmente está acontecendo, saem em busca de novos quadrinhos adaptáveis e franquias que permitam sequências infinitas.
O que pensar, por exemplo, quando analisamos a lista dos maiores blockbusters de todos os tempos e constatamos que entre os vinte primeiros filmes que mais arrecadaram no mundo somente dois, até o momento, não são parte de nenhuma franquia: Titanic, que, dada a quantidade versões extendidas e 3D que vão e voltam dos cinemas, só não tem sequências por que é historicamente impossível, e Alice no País das Maravilhas, que é a adaptação de uma história já levada ao cinema várias vezes? E não pára por aí. Desses mesmos vinte, somenteAvatar, líder absoluto de público com uma arrecadação de mais de dois bilhões de dólares, é baseado em um roteiro original, ainda que seja uma versão interplanetária de Pocahontas.
Além de comprovar a capacidade de seu diretor, James Cameron, em fazer rios de dinheiro,Avatar também faz parte de outra classificação dessa mesma lista: é o primeiro de uma série, já com duas continuações previstas. As adaptações de livros Harry Potter e a Pedra Filosofal eJurassic Park – O Parque dos Dinossauros estão juntos com ele, com a décima primeira e a décima oitava maiores bilheterias de todos os tempos, respectivamente.
Nada contra esses filmes, que, a seu modo, têm sua qualidade artística e indubitavelmente inovaram a técnica cinematográfica, mas fica difícil não formar coro com André Barcinski quando, em sua coluna do dia 28 de fevereiro, pergunta o que aconteceu com o público que lotava as salas para ver filmes como Perdidos na Noite.
Ah, George, você aqui de novo?
Se os rios de dinheiro gerados por Tubarão, de Steven Spielberg, são apontados como o começo da derrocada, eu faço questão de apontar o meu dedo para um outro senhor: George Lucas. Amigo íntimo daquele outro mas menos qualificado artisticamente, o homem que repudiava alterações nos filmes mas não se cansa de ganhar dinheiro com as que faz em uma mesma história, foi quem provou ao mundo que séries de filmes podem ser muito rentáveis.
O primeiro ano do resto de nossas vidas foi 1980. A sequência de Guerra nas EstrelasO Império Contra Ataca, estreava em mais de mil salas e teve um rendimento duas vezes maior do que o segundo colocado naquele ano, a comédia Como Eliminar seu Chefe. Neste ano: completando os dez filmes de maior bilheteria nos EUA, estavam as comédias Loucos de Dar Nó e Recruta Benjamin; o drama O Destino Mudou sua Vida; duas sequências: Desta Vez Te Agarro e Punhos de Aço – Lutador de Rua, e três títulos piloto (que tiveram sequência): Apertem os Cintos o Piloto SumiuOs Irmãos Cara-de-Pau e Lagoa Azul. Isso tudo na frente de filmes como Gente como a GenteO IluminadoO Homem Elefante e Vestida para Matar que também tiveram bilheterias significativas.
Os títulos mais assistidos do resto da década comprovam o começo da supremacia das trilogias e afins: somente três filmes, E.T. – O ExtraterrestreTop Gun e Rain Man não eram parte de uma série de filmes. Mas nem tudo estava perdido, filmes como Num Lago DouradoTootsie,Laços de Ternura e Atração Fatal ainda conseguiam emplacar o segundo lugar em seus anos de lançamento.
Uma mina de ouro chamada Pixar
Os primeiros anos dos anos 90 pareciam estar fadados a percorrer o mesmo caminho, comEsqueceram de Mim e Exterminador do Futuro 2 encabeçando as listas de bilheteria de 1990 e 1991, respectivamente. E teria mesmo sido assim nos primeiros anos da década se a Disney não resolvesse retomar sua produção de filmes em 2D e se a Pixar não tivesse aparecido.
Ainda que com o cinema mais voltado para o público infanto-juvenil, que é o principal pagante de hoje em dia, as duas produtoras – que vêm trabalhando juntas desde então – eram uma alternativa eficaz aos filmes sequênciais. Assim, em 1992 o desenho animado Aladdinconseguiu bater Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York e Batman – O Retorno em público pagante. Em 1994 foi a vez da Pixar, com seu Toy Story ficar em primeiro lugar, na frente deBatman Eternamente. Neste mesmo ano, Pocahontas, o quarto filme mais visto, também superouAce Ventura – Um Maluco na África. O terceiro lugar do ano ficou com Apollo 13.
Marcando presença entre as maiores bilheterias da década, a dupla parece ter causado algo mais na configuração do público que, por algum motivo, voltou a olhar para filmes mais adultos e preferiu assistir a Forrest Gump e aos catastróficos Independence DayTwister (primeira e segunda bilheteria de 1996), e Titanic, mas sem ignorar o desenho O Rei Leão e os primeiros episódios Homens de Preto e Missão: Impossível, que mantiveram bons lugares na lista de rendimentos.
Um homem de carisma
Protagonista de Forrest Gump, Tom Hanks também esteve em Apollo 13, foi o responsável pela voz do cowboy Woody em Toy Story e talvez tenha sido o ator mais carismático da década, até ser substituído por Will Smith. Filmes com o ele sempre têm um retorno bom, como fica bem explícito na década de 90. Além dos títulos já citados, ele também esteve presente em Sintonia de Amor e Filadélfia, quinto e décimo segundo filmes mais vistos de 1993.
O segundo filme do ator a desbancar continuações e desenhos foi O Resgate do Soldado Ryan, lançado em 1998. Este ano, especificamente, foi diferente em todos os sentidos dos que vieram até então. Numa década em que títulos passageiros e facilmente assimiláveis deixaram para trás pérolas como Melhor É Impossível e Um Sonho de Liberdade, ter um ano com apenas dois filmes em série (Doutor Doolittle e Rush Hour) e um desenho animado (Vida de Inseto) entre os mais vistos, chama a atenção. Mesmo que junto com eles venham outro monte de filmes-catástrofe e comédias bobas.
Mas tudo não passou de um desvio no caminho da vaca rumo ao brejo e uma preparação para o retorno do pai de todos, nosso velho conhecido, o Sr. George Lucas. O responsável pela maior bilheteria de 1999, com a sequência, que na verdade não era sua sequência e sim uma prequência, daquela mesma história que ele gosta de contar: Star Wars – Episódio I: A Ameaça Fantasma. O filme superou de longe o público de O Sexto SentidoToy Story 2 e o primeiro Austin Powers e Matrix.
Depois de mais uma passagem de Lucas pelas estatísticas, o ano de 2000 foi quase um resumo do que aconteceu e uma prévia do que estava por vir. Teve de tudo um pouco nas dez maiores bilheterias. Filme infantil: O Grinch; Tom Hanks: O Náufrago; sequência: Missão Impossível 2; biografia: Gladiador; comédia romântica: Do Que as Mulheres Gostam; catástrofe:Mar em Fúria; comédia de costume: Entrando Numa Fria; super-heróis: X-Men, paródia besteirol:Todo Mundo em Pânico e terror: Revelação. Claro que alguns deles tiveram não só uma, mas várias continuações.
Histórias sem fim
Reparem que com a chegada dos anos 2000, mais um paradigma pôde ser quebrado. Com a revisita a Guerra nas Estrelas, Lucas mostrou ao mundo que pensar em trilogias era muito pouco, já que uma história pode sempre ser aproveitada até a última gota. Se fossem baseadas em grandes séries de livros, melhor ainda.
Em 2001, entre as dez maiores bilheterias, só Pearl Harbor não é parte de uma franquia e não foi feito para o público infantil. Entre os lançamentos do ano estavam os primeiros episódios de séries de filmes que durariam mais de dez anos no cinema ou que, fiéis à origem, não se preocupavam muito com a estrutura de início, meio e fim, já que o filme seguinte sanearia os problemas. Claro que estou falando de Harry Potter e a Pedra Filosofal e O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, primeira e segunda maior arrecadação, respectivamente.
Daí pra frente nada mais segurou a vontade de ganhar dinheiro fácil dos produtores e os números após o nome só foram aumentando. Histórias que facilitavam continuações e séries de livros e gibis começaram a ser procuradas avidamente para garantir bilheteria, fazendo o caminho inverso até mesmo ao preconizado pelo guru Lucas. A lógica deixou de ser “uma boa história tem que ser esgotada até o final” e deu lugar à filosofia “ache alguma fonte que nunca seque”.
Dos filmes mais vistos nos últimos anos, só mesmo Avatar é baseado em um roteiro original e nem ele escapou da maldição das franquias. Seguindo a lista, filmes com super-heróis como Homem-Aranha, que liderou a bilheteria em 2002 e 2007, e Batman, em 2008, com O Cavaleiro das Trevas; o encerramento da saga O Senhor dos Anéis, em 2003, com O Retorno do Rei; as animações e continuações Shrek 2, em 2004, e Toy Story 3, em 2010; o encerramento da segunda trilogia Star Wars, com A Vingança dos Sith, em 2005; o terceiro, mas não último Piratas do Caribe, com O Baú da Morte, em 2006; e, para encerrar, em 2011, a segunda parte do último capítulo do bruxinho Harry Potter, As Relíquias da Morte.
Isso olhando por cima, porque qualquer olhada mais demorada detecta que o problema está cada vez mais grave. Como explicar, por exemplo que de todos os filmes que estiveram entre os dez mais vistos de 2001 até hoje, com exceção das animações, só sete não sejam refilmagem, versão ou parte de alguma franquia? Dá até para começar o entender o sucesso que alguns filmes bem fracos como Um Sonho Possível conseguem fazer, ou mesmo a popularidade dos desenhos animados.
O lado positivo
Obviamente que o cinema, como arte, perde muito com a crise que assola a produção americana, mas muita coisa antes ignorada começa a ser descoberta pelo público. A falta de uma diversão mais séria abre espaço para produções independentes e acaba forçando visitas a gêneros menos populares, como o documentário. Além de permitir que títulos estrangeiros sejam conhecidos, já que produções não-americanas não têm mais que competir de igual para igual com o que vem de lá.
No Brasil, diferente dos EUA, o público só vem aumentando de 2008 até os dias de hoje, mesmo que o preço do ingresso seja salgado. Os grandes blockbusters, essas versões todas e títulos infanto-juvenis citados anteriormente, ainda são os que atraem a maior parte do público por aqui também, mas é interessante notar o espaço que os documentários vêm ganhando nas salas de todo o país. Não é raro ver filmes do gênero nos grandes complexos de cinema e o público saindo da sala satisfeito com o que acabara de ver.
Mas não foi só o mercado de documentários aqui que mudou. O público de cinema nacional, de maneira geral, também cresceu significativamente. Se em 2001 as produções nacionais levaram 6,9 milhões de espectadores às salas, em 2011 o número foi de 17,8 milhões de pagantes. Isso sem considerar o ano de 2010, quando o lançamento de Tropa de Elite 2, maior sucesso de bilheteria no Brasil, levou mais de onze milhões de pessoas ao cinema e fez o balanço final do ano fechar em 25,6 milhões. Mas, reparem, era uma sequência.

Fontes: IMDb, Mojo e Filme B

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ENTREVISTA PARA BLOG DE SÃO PAULO:


Beto Magno
Entrevista a Rafael Spaca para um blog sobre cinema de São Paulo
Endereço do blog:
http://oscurtosfilmes.blogspot.com.br/ 

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?

No meu caso começou quando sentimos a necessidade de produzir nossos próprios trabalhos como resultado dos cursos que são ministrados na Cap Escola de Tv e Cinema da Bahia sob a direção da minha ex-mulher Rada Rezedá.  Daí pra frente tomei gosto pela coisa e resolvi que faria alguma coisa digamos... experimental. Isso sem contar com o gosto de estar no set de filmagem junto com uma equipe de produção e atores. O que além de desafiador é magnífico.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.

Nós temos uma cooperativa a COOPERCINE – BAHIA que apesar de nova vem desenvolvendo um trabalho junto aos produtores de áudio visual na Bahia no sentido de subsidiar um ao outro nas suas necessidades, e isso tem rendido um bom resultado, embora falte muita coisa.


Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral? 

Eu penso que há um apelo comercial muito grande em pró dos longas metragens  em relação aos curtas, na verdade é uma série de fatores, além da própria cultura que foi se desenvolvendo no País. O que é uma grande bobagem, pois um bom roteiro desenvolvido num curta muitas vezes é melhor que certos longas.


Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?

Em função da existência da Lei do Curta, buscou-se uma definição de curta-metragem que fosse compatível com a sua exibição antes do longa metragem, nas sessões comerciais de cinema. Por isso, em 1992 a Lei 8.401 já definia o curta-metragem como o filme "cuja duração é igual ou inferior a 15 minutos". (Isso no Brasil, pois em alguns países um curta pode ter 30 minutos). Este conceito, com a mesma redação, foi mantido pela Medida Provisória 2.228, de 2001, e, portanto permanece em vigor. Só que não é uma coisa repeitada, inúmeros exibidores burlam essa lei Brasil a fora.


O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?

Sim, Sem duvidas! É uma verdadeira escola...


O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?

Eu especificamente acho que sim! Pois não deixa de ser um exercício, um aprendizado que nos traz muita experiência que sem sombra de duvidas iremos precisar para dirigir um longa metragem.


Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?

Olha! Acho que se você tem um bom roteiro e uma equipe empenhada, além de parceiros que te proporcione suporte técnico e trabalhe num sistema de cooperativismo você pode realizar alguma coisa sem precisar necessariamente de participar de editais de leis de incentivo a cultura. O que não anula os editais! Que nós também participamos esporadicamente.

Conte sobre o filme '2 de Julho'.

O Dois de julho é um Projeto do diretor Lázaro Faria, um dileto amigo e parceiro que juntamente com o Zelito Viana da MAPA FILMES - Rio de Janeiro. Que produzirá esse longa metragem importantíssimo para resgatar a verdadeira História do Brasil.

Como estão os trabalhos na Escola de TV e Cinema da Bahia?

A Cap Escola de TV e Cinema da Bahia é uma escola de formação de atores e uma produtora que é dirigida por Rada Rezedá, minha ex- mulher e amiga que tem um trabalho pioneiro na Bahia a mais de 16 anos. Continuo ligado a essa instituição através de parcerias, no passado fizemos muitas coisas juntos.

Fale sobre a sua parceria com a Casa de Cinema da Bahia.

A Casa de Cinema da Bahia é uma Osipe presidida por meu amigo Lázaro Faria diretor premiado de vários curtas e ex - publicitário, que irá dirigir o longa metragem “Dois de Julho a verdadeira História da Independência do Brasil!” nós somos parceiros em vários projetos e estamos trabalhando num filme internacional chamado “ A Roda do Mundo” que é um trabalho feito em vários Países sobre a capoeira que saio da Bahia, rodou  e está em todo canto do planeta! Começamos com “ Mandinga em Manhattan”, depois veio Mandinga em Colômbia...etc...etc... e por ai vai! Estamos na captação de recursos para fazer mais de 10 Países .


Pensa em dirigir um curta futuramente?  Recentemente escrevi um roteiro para um curta: “Eu não presto, mas eu te amo!” que começaria a gravar agora em Março, mas foi adiado para Abril por causa da produção de elenco que estamos fazendo para um seriado Israelense que será gravado no Brasil exatamente na época programada. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CINEMA


diretor de cinema ou realizador (também conhecido como cineasta) é considerado, em termos gerais, o criador da obra cinematográfica. Ainda que o seu papel seja diferente consoante o realizador em causa (que além de estilos diferentes, têm estratégias de trabalho igualmente diversas), o trabalho do diretor de cinema, ao supervisionar e dirigir a execução das filmagens, utilizando recursos humanos, técnicosdramáticos e artísticos inclui:
  • A definição da orientação artística geral que caracterizará o filme no seu todo;
  • A análise e interpretação do roteiro do filme, adequando-o à realização cinematográfica;
  • A direção das interpretações dos atores  tanto sob um ponto de vista técnico (colocando-os em determinado local e enquadramento) como de um ponto de vista dramático, solicitando o género de emoção pretendida para a personagem;
  • A organização e selecção dos cenários do filme;
  • A direcção dos meios técnicos (sonoplastia, iluminação, enquadramento);
  • Escolha da equipe técnica e do elenco (em alguns casos, apenas);
  • Supervisão dos preparativos da produção;
  • Escolha de locações, cenários, figurinos, cenografia e equipamentos;
  • Direção e supervisão da montagem, dublagem, confecção da trilha musical e sonora (em Portugal: banda sonora)
  • Processamento do filme até a cópia final;
  • Acompanha a confecção do trailer, do avant-trailer.

"O ANJO EXTERMINADOR" DE LUIS BUÑUEL


Por André Setaro


Os 51 anos de O anjo exterminador (El angel exterminador, 1962), de Luis Buñuel, obra-prima do surrealismo cinematográfico, não podem passar em branco. Sobre ser o maior realizador surrealista da história do cinema, Luis Buñuel tem uma trajetória desigual, cheia de acidentes de percurso, vindo a estrear, em fins dos anos 20, com filmes puristas no que diz respeito aos postulados surrealistas: Un chien andalou (Um cão andaluz, 1928), em colaboração com o excêntrico Salvador Dali, e, dois anos depois, L'âge d'or (A idade do ouro, 1930). Nestas duas obras, Buñuel pretendeu passar ao cinema o surrealismo em estado bruto: as imagens se desenrolam como num processo onírico de associação de idéias. A cena inicial de Un chien andalou é clássica: um homem, com uma navalha, decepa o globo ocular de uma mulher enquanto as nuvens passam, indiferentes, no céu enluarado.
Em 1962, quando O anjo exterminador estreou em Paris, o exibidor solicitou a Buñuel que escrevesse alguma coisa para ser colocada na porta do cinema, a fim de esclarecer melhor os espectadores. Buñuel escreveu o seguinte: "A única explicação que pode ter esse filme é que ele, na verdade, não tem nenhuma." Woody Allen, em seu recente Meia-noite em Paris (Midnight in Paris), quando do retorno no tempo aos esfuziantes anos 20 na Cidade Luz, há um momento impagável: o personagem se encontra com o próprio Buñuel e dá a ele a idéia de fazer um filme como O anjo exterminador sobre um grupo de burgueses que depois de um jantar comemorativo, sem que haja obstáculos que o impeçam de sair, ficam trancados meses e meses na mansão. Buñuel se espanta com a idéia e diz que não compreendeu o por que de o grupo não poder sair.
Em 1955, Luis Buñuel se encontra com André Breton em Paris e este, desanimado, aborrecido, diz ao cineasta: "O escândalo não existe mais!" Breton, autor do manifesto surrealista, é o seu principal nome. Se o escândalo não existe mais, pour épater les bourgeois (para escandalizar os burgueses), o que se pode dizer hoje, decorridos mais de 50 anos, no momento de vale-tudo em que o BBB expõe, sem arte e sem surrealismo, a demência verificada na mentalidade da sociedade atual? A juventude, passou-a nos atribulados anos 20 em Paris, quando os artistas se amontoavam (como mostra Midnight in Paris, como mostra Sinfonia em Paris/An american in Paris, 1950, de Vincente Minnelli, entre tantos outros). Na capital da França, o aragonês Buñuel conheceu a nata e ficou amigo de muitos, além de trabalhar como assistente de direção em uma ou duas películas. Mas o que o atraiu mesmo foi o movimento surrealista liderado por André Breton. Nos anos 30, teve uma experiência mal sucedida em Hollywood, e, com a Guerra Civil da Espanha (1936/1939) exilou-se no México, onde estabeleceu a sua residência, ainda que, no final da carreira tenha filmado bastante em Paris. Terminadas as filmagens, porém, voltava para o aconchego de sua casa mexicana.
Metáfora surrealista sobre o homem e a sociedade, El angel exterminador (o título é bíblico, premonitório e profético) tem na impossibilidade de sair da mansão, sem que nada impeça que seus convidados saiam, um recurso de surrealismo que o autor utiliza para, na verdade, fazer um estudo de comportamentos, um laboratório para a observação de burgueses metidos a aristocratas que, com o tempo, fazem com que caiam as suas máscaras de hipocrisia, e, em consequência, as normas de etiquetas sejam relegadas.
Em uma suntuosa mansão de Nóbile (Enrique Rambal) se celebra um jantar elegante depois que os participantes voltam de uma ópera. Ao término da recepção, os convidados se dão conta de que não podem abandonar o salão. Reclusos por força invisível naquele lugar, iniciam um verdadeiro processo de degradação que deixa a descoberto o ser primário e zoológico que luta para sobreviver e, com isso, são esquecidos todos os prejuízos e convencionalismos sociais. Tudo é pulverizado e destruído, inclusive os luxuosos trajes dos personagens e o mobiliário rico da sala. Eles se alimentam graças a uns cordeiros que conseguem pegar – e que vivem, surrealisticamente, dentro da mansão, recorrendo a toda a classe de fórmulas – cerimônias mágicas, invocações maçônicas, rezas – numa série de tentativas para por fim àquela situação. O parágrafo seguinte contém spoiler e para os suscetíveis melhor que não seja lido.
Finalmente, depois de vários meses de reclusão, os convidados repetem os instantes finais da festa, e, desse modo, conseguem sair da casa. Na catedral do México, assistem a um solene Te Deum. Mas, findo este, comprovam que nem os oficiantes nem seus assistentes conseguem abandonar a igreja. O plano final apresenta cordeiros que entram na catedral enquanto nas ruas explode uma revolução.
(Na versão disponível em DVD de O anjo exterminador, a empresa distribuidora achou por bem cortar uma cena. No original, quando os convidados chegam à mansão de Nóbile, a chegada deles, entrando pela porta e subindo as grandes escadarias, é filmada duas vezes sob dois ângulos diferentes. O responsável pela edição do DVD cometeu um desastre com o corte, interferindo indevidamente na integridade da obra cinematográfica. Talvez por achar que, com a supressão de dois momentos idênticos, viesse a dar mais legibilidade ao filme. Já a versão em VHS, distribuído pela Sagres, mantém a obra na sua integralidade).
O surrealismo parte de uma atitude revolucionária em filosofia, cujo verdadeiro objetivo não consistiria em interpretar o mundo, mas, sim, em transformá-lo. Na forma exposta por seu principal animador, André Breton, o surrealismo revela forte influência do materialismo dialético, dele retirando sua "lógica da totalidade". Assim como o sistema social constitui um todo e nenhuma de suas partes pode ser compreendida separadamente, a arte não deve ser o reflexo de uma parcela de nossa experiência mental (a parcela consciente), mas uma síntese de todos os aspectos de nossa existência, especialmente daqueles que são mais contraditórios.
O surrealismo buñuelesco se, no princípio, seguia fielmente os postulados bretonianos, com o passar do tempo foi se diluindo, com o acréscimo de um humor refinado, sutil, ainda que bem corrosivo, a exemplo de O charme discreto da burguesia (1973), O fantasma da liberdade (1974) e Este obscuro objeto do desejo (1977, seu último filme, pois viria a morrer em 1983. Entre os seus filmes de minha predileção, os dois primeiros, Ensaio de um crime (1956), Viridiana (1960), que causa escândalo na época, O anjo exterminador, Nazarin, O alucinado,La mort em CE jardin, A bela da tarde, e Ocharme discreto da burguesia. Sem esquecer de uma fita mexicana, Los olvidados, que realizou em 1950. Em Este obscuro objeto do desejo, por exemplo, uma mesma personagem é interpretada por duas atrizes diferentes.
Obra sobre a alienação dos indivíduos alienados por crenças e atitudes, e, também, sobre as vacuidades das fórmulas postiças de convivência, El Angel exterminador constitui, de certo modo, uma prolongação dos grandes temas apontados em Laje d'or., mas com uma maturidade e lucidez ideológicas tais que fazem do filme uma síntese perfeita de toda a obra e ideário de seu autor. O roteiro original – de Buñuel e Luiz Alcoriza – leva o expressivo título de Os náufragos da Rua da Providência. O anjo exterminador foi premiado em Cannes (1962), Sestri-Levante (1962) e Acapulco (1963).

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

BASTIDORES DE UMA SALA DE CINEMA

Sala de Cinema
Operador (projecionista) fazendo emenda em película de 35mm, na bancada da enroladeira
Juntando as Partes de Filme Para Exibição e Carretel Gigante II
Juntando as Partes de Filme Para Exibição e Carretel Gigante
Filme pronto para ser rodado no cinema

COISAS DE CINÉFILOS II

Bancada com Coladeira e Enroladeira

COISAS DE CINÉFILOS

 Carreteis e filmes de 16mm

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ATENÇÃO ATORES E ATRIZES!!!


A Jaguatirica Cine é a produtora local da série de tv israelense "Malabi Express", que terá episódios gravados na Bahia (Morro de São Paulo e Salvador). A série é uma comédia para o Canal 10 e terá 13 episódios de 26 minutos. A produção de elenco está sendo feita pela CAP - Escola de Tv e Cinema, sob a direção de Rada Rezedá. As gravações começam em março.  

‎Para  Malabi Express, a CAP está selecionando atores com os seguintes perfis: 
*ATRIZ MORENA CLARA -TIPO LATINA -40 ANOS 

*ATRIZ MUITO BAIXA E BRANCA - (quase anã) 30/35 ANOS

*ATOR BRANCO OU MORENO CLARO (quase 90 anos) - PODE SER 60/70 ANOS (FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 40 /50 ANOS BRANCO/MORENO CLARO

*ATRIZ - 30 /35 MORENA CLARA/ BRANCA

*ATRIZ 80 ANOS, GORDA, BRANCA OU MORENA CLARA- PODE SER 60/70 ANOS ( FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 20/30 ANOS - NEGRO

Interessados podem enviar fotos profissionais e currículo para: capelenco@gmail.com
Colocar no assunto: FILME INTERNACIONAL

Réquiem Para Laura Martin - Trailer


ANSELMO VASCONCELLOS é o atormentado Maestro, um homem dividido entre a paixão de sua musa e amante Laura Martin e o amor quase fraternal de sua esposa. O personagem Maestro foi escrito pelo autor Paulo Duarte tendo em mente Anselmo Vasconcellos desde o início. O ator já participou de mais de cinquenta filmes, entre os quais se destacam: Se Segura, Malandro!, de 1978 e Bar Esperança, o Último Que Fecha, de 1983, ambos de Hugo Carvana; A República dos Assassinos, de 1979, de Miguel Faria Jr. e Brasília 18%, de 2006, de Nelson Pereira dos Santos, entre outros. Na televisão, participou de telenovelas e minisséries, no humorístico Bronco, exibido pela Band, e atualmente atua no humorístico Zorra Total, na Rede Globo.
 
 
 
 
 
CLAUDIA ALENCAR vive com uma interpretaçao densa e magistral a dedicada esposa Raquel, que ama intensamente seu marido, apesar do desprezo e maus tratos de Maestro. Claudia passou a ocupar a cena brasileira a partir de 1975, onde estreou com Antunes Filho, num teleteatro da TV Cultura. Desde então atuou em 23 peças de teatro como Tartufo, de Moliére, com Paulo Autran; Tiro ao Alvo, com Marco Nanini; A Partilha, de Miguel Falabella; Quase 84, de Fauzi Arap; O Momento de Mariana Martins, de Leilah Assumpção; Os Inconquistáveis, de Mario Vargas Llosa, entre outras. Atuou em 32 trabalhos para a televisão e 8 longas metragens.
 
 
ANA PAULA SERPA é a musa Laura Martin, mulher misteriosa que seduz e enfeitiça. Esta talentosa atriz gaúcha, formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, já fez participações em filmes como Bens Confiscados, de Carlos Rochenbach e O Homem Que Copiava, de Jorge Furtado. Réquiem para Laura Martin é seu primeiro papel de destaque no cinema.
 
 
Melhor amigo e cúmplice do Maestro em sua obsessão por Laura Martin, Dr. Guilherme é interpretado por CARLO MOSSY, ator veterano e ícone do cinema independente brasileiro há mais de quatro décadas. Mossy, além de trabalhos para a TV, Teatro e Cinema, é um homem de múltiplos talentos, fala diversas línguas e prepara um projeto de sua biografia em livro e filme.
 
 
Amante de Laura, um brinquedo nas mãos do Maestro, Giulliano é interpretado com coragem e entrega pelo ator LUCIANO SZAFIR. Luciano iniciou sua carreira como modelo até realizar suas primeiras novelas na TV Globo. Atualmente faz parte do quadro de atores da TV Record. Com experiências no cinema independente norte-americano e personagens desafiadores como Giulliano de Réquiem Para Laura Martin (personagem escrito por Paulo Duarte, especialmente para Luciano), Luciano Szafir, paralelamente a seus trabalhos com perfis mais comerciais, tem buscado construir uma carreira sólida e séria para além das meras aparências.
 
 
José Fernando Muniz é o escritor Jonas, designado por sua editora para tentar convencer o Maestro a deixar que escreva sua biografia. JOSÉ FERNANDO MUNIZinicia sua carreira como ator nos anos 80 no Rio de Janeiro, paralelamente começa sua formação como cantor lírico, transferindo-se para Milão,  participando de temporadas líricas na Itália e outros países da Europa sob a regências de grandes maestros (Riccardo Chailly, Claudio Abbado...). Desempenhou várias funções de destaque na Orchestra e Coro Sinfonico di Milano Giuseppe Verdi. Em 2004 fundou a sua prórpia agência lírica e passou a produzir óperas e outros musicais.  De volta ao Brasil em 2009 retoma o seu trabalho como ator e inicia  as suas atividades como Produtor Executivo, Diretor de Produção e International Sales Manager no âmbito do cinema.

Réquiem Para Laura Martin - Teaser [HQ]

sábado, 19 de janeiro de 2013

CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA FAZENDO ELENCO PARA FILME ESTRANGEIRO QUE SERÁ RODADO EM SALVADOR - BAHIA



ATENÇÃO ATORES E ATRIZES!!!

CAP- ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA FAZENDO ELENCO PARA FILME ESTRANGEIRO QUE SERÁ RODADO NA BAHIA SALVADOR




*ATRIZ MORENA CLARA -TIPO LATINA -40 ANOS 

*ATRIZ MUITO BAIXA E BRANCA - (quase anã) 30/35 ANOS.

*ATOR BRANCO OU MORENO CLARO (quase 90 anos) - PODE SER 60/70 ANOS ( FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 40 /50 ANOS BRANCO/MORENO CLARO

*ATRIZ - 30 /35 MORENA CLARA/ BRANCA

*ATRIZ 80 ANOS, GORDA, BRANCA OU MORENA CLARA- PODE SER 60/70 ANOS ( FAZ-SE ENVELHECIMENTO POR MAQUIAGEM)

*ATOR 20/30 ANOS - NEGRO

ESTES SÃO OS PERFIS QUE NECESSITO PARA SELEÇÃO DE ELENCO
PARA UM FILME INTERNACIONAL QUE SERÁ RODADO NA BAHIA EM BREVE.

QUEM ESTIVER NO VERDADEIRO PERFIL E SE INTERESSAR


ENVIAR BOAS FOTOS PROFISSIONAIS E CURRÍCULO ( TUDO EM UM SÓ MAIL)

PARA capelenco@gmail.com

Colocar no mail ASSUNTO: FILME INTERNACIONAL

POR FAVOR SEGUIR AS INSTRUÇÕES ACIMA.



Beto Magno

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

ABISMO ENTRE INVESTIMENTO PUBLICO E NUMERO DE ESPECTADORES MARCA CINEMA DO PAÍS EM 2012


MATHEUS MAGENTA
RODRIGO SALEM
DE SÃO PAULO



Os cofres públicos do Brasil devem financiar filmes comerciais, que faturam alto na bilheteria, ou obras mais autorais, que sofrem para conseguir verba de produção e espaço em salas de cinema?
Levantamento feito pela Folha a partir dos dados divulgados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) sobre o mercado de cinema em 2012 demonstra o abismo existente entre a verba pública investida em um filme e seu número de espectadores.
O documentário "Expedicionários", de Otavio Cury, recebeu R$ 341 mil dos cofres públicos e foi visto por 104 pessoas nas salas de cinema. Ou seja, o filme obteve R$ 546 em bilheteria -e a verba pública investida corresponde a R$ 3.286 por espectador.
"As pessoas gostam dos filmes. Mas quase não há espaço para exibi-los. Não deixo de brigar para que eles sejam vistos também no circuito alternativo, que não entra nos dados da Ancine", diz Cury, também diretor de "Constantino", outro dos dez filmes nacionais menos vistos em 2012.
Por outro lado, "Até que a Sorte nos Separe", campeão nacional de bilheteria, recebeu ao menos R$ 2,7 milhões dos cofres públicos e foi visto por 3,3 milhões de pessoas (R$ 0,82 por espectador).
Fabiano Gullane, um dos produtores do longa que arrecadou R$ 33,8 milhões, diz que o sucesso de público gerou "muito mais" dinheiro em impostos do que os recursos públicos investidos.
Ilustração Lydia Megumi/Editoria de Arte
"É um bolo dividido em muitas rendas, que são reinvestidas em outras produções. O problema do cinema nacional é o número reduzido de salas, o que dificulta o encontro com o público."
Hoje há 2.515 salas de cinema no país, segundo dados da Ancine --em 1975, eram quase 3.300 salas. Parte dos cineastas brasileiros reclama de preconceito por parte de distribuidores e exibidores.
"Quando há potencial, o exibidor dá espaço e o filme fica em cartaz", rebate Paulo Lui, presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas.
Mas até filmes com um tom mais comercial naufragaram em 2012. A comédia "A Novela das 8", por exemplo, captou R$ 3 milhões em dinheiro público e foi assistida nos cinemas por 5.147 pessoas (R$ 582 por espectador).
"Vários fatores contribuíram para números tão pequenos. Poucas cópias, nenhum marketing e a estreia próxima a dois blockbusters", justifica o diretor Odilon Rocha.
Bruno Wainer, que dirige a distribuidora e produtora Downtown, responsável por seis das dez maiores bilheterias nacionais de 2012, critica os filmes que não são vistos nos cinemas nem vão a festivais.
"Há cineastas que dirigem dois ou três filmes que não fazem sucesso e que não são relevantes, mas eles continuam a receber dinheiro [público] para produzir", diz Wainer.
De 2011 para 2012, houve queda no número de títulos (de 99 para 83) e de público (17,8 milhões para 15,5 milhões) nos filmes nacionais.
Com o sucesso das comédias, a participação nacional na bilheteria passou de 5,8%, no primeiro trimestre, para 22,7%, no último trimestre.
Para 2013, as principais apostas são "O Tempo e o Vento", de Jayme Monjardim, e uma sequência de "Até que a Sorte nos Separe".

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

CUMPLICIDADE POR NATUREZA


por Mush Emmons
O grande desafio e prazer do diretor de fotografia é fazer seu artifício sumir e promover para o maior número de pessoas possível uma peregrinação ao mundo visual que liquidará tudo que foi sentido meros momentos antes.  Englobando enquadramento, tipo de luz, paleta de cores e textura, atores, figurino, direção de arte, maquiagem, movimento e interação dos elementos dentro do quadro, condições para captar bom áudio, dirigir as equipes de câmera  iluminação e maquinaria  promover uma comunicação animada, clara, e eficiente entre todos os departamentos.  Isso também faz parte.
Todos nós queremos ganhar perspectiva, seja qual for, e isso é uma função fundamental de arte.  O cinema é a maior representante do mundo de perspectiva na coletiva.  Os artistas evoluem suas linguagens, aprendendo dos mestres ou, como autodidatas seguem na jornada autodefinida com técnicas a dominar.  Com tempo, a prática faz parte da intuitiva e, como respirar, precisa apenas sentir e tocar.  O método e gerência de cinematografia pode ser bastante complexo.  Como um escritor de luz, leva anos para criar uma linguagem própria com tanta aparelhagem e gente.  Os mais precoces mostram cedo seus talentos do equilíbrio de visão e passam o resto das vidas afinando. O fotógrafo age como um poliglota visual, criando um idioma próprio para cada filme.
Tento aplicar um senso de narrativa, aliado com uma viabilidade técnica dentro do orçamento, a fim de construir uma gramática de um projeto.  Por desejo e necessidade, minha proposta de fotografia é o que o roteiro promove.  Depois de ler, começa o diálogo com o diretor.  Há imagens na imaginação dele(a) que marcam como pontuações explícitas no filme.  Referências de cinema e as outras artes visuais começam  a surgir e encaminhar as conversas.  O divertimento é construir, pensando na sala escura, a plateia imersa nas imagens e som.  Naquele momento tudo é possível.  Quando o diretor é o roteirista, também, a convivência dele com o roteiro é profundo e obcecado.  O conceito do roteiro me provoca articular uma resposta digna à obra.  De repente, me deixa com mais perguntas que respostas.  Se tiver muitas, já mostrou que me fisgou e será necessário saber mais desse novo mundo e como será criado na tela.
O produtor é o parceiro crítico e viabiliza tudo que queremos fazer, ou não.  Quando o roteiro é decupado e começam os cálculos das palavras no papel virando cinema, o produtor aciona com os pés plantados no chão.  Com uma catraca e gancho recolhe nossas cabeças do meio das nuvens.  O diálogo com o produtor precisa ser franco, aberto e transparente dos dois lados.  Um bom produtor(a) nos protege das visões fora de nosso alcance.  Essa pessoa é quem, pela manha financeira, paciência, responsabilidade e sinceridade, plenamente nos apoia, mantendo a produção nos trilhos.  Quando diz que não pode, sustenta com argumentos que geram razão, sinalizando um caminho alternativo que poderemos acatar.
Os atores são nossos meios de emoção.  Estamos todos na equipe para sustentar aquele momento efêmero.  Realmente, quando se trata de bons atores, fico arrepiado, perto de uma atuação incorporada.  Tento fazer tudo possível para que meu mecanismo cinematográfico não impeça as emoções que fluem das almas dos atores.  Desde o início, nossa relação é bem íntima. Entre eles e a câmera, tudo é cumplicidade por natureza. Preparar e administrar o dia para os atores é uma responsabilidade que sinto como obrigação fundamental.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CINEMA ANTIGO X CINEMA ATUAL

Por Beto Magno


Atualmente a indústria cinematográfica ampliou a imagem do cinema, com o surgimento do som, em seguida a cor, até os formatos maiores de tela e projeção, e finalmente o 3D digital que hoje faz parte da evolução do cinema e tem grande importância. Com as novas tecnologias, houve uma eliminação de cenas desnecessárias e pouco explicativas para o enredo do filme e uma grande aproximação com a realidade através de efeitos especiais e outros recursos como figurinos, cenários e elementos de cena.
Com esses novos recursos cinema vem conquistando cada vez mais as pessoas, pois assim fica muito mais fácil prazeroso e agradável assistir um filme. Hoje em dia quando vemos um filme atual, ficamos encantados com a perfeição e todas as técnicas usadas para passar o maior realismo possível, ano após ano essas técnicas de produção, efeitos especiais e a quantidade de recurso disponível para realização dos filmes, melhoram bastante. Esse grande avanço sem dúvidas continuará, serão inúmeros recursos cada vez mais modernos e que farão coisas incríveis ainda nos dias de hoje, uma coisa é certa, a evolução dessas grandes técnicas cinematográficas estarão sempre ligadas diretamente às novas tecnologias, seja na forma de distribuição do conteúdo ou mesmo na produção, e isso se repassa a população em geral. Essas novas técnicas revolucionaram o mundo e seus conceitos de arte, levando as pessoas a conhecerem mais sobre os outros povos e outras organizações sociais e culturais.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

HERMANO PENNA

Hermano Penna 

Trinta anos se passaram desde que “Sargento Getúlio” (1983) transformou o (então estreante) cearense Hermano Penna em uma das maiores promessas do cinema brasileiro. Depois de viajar por 20 festivais internacionais, uma leva de 32 prêmios celebrizou a adaptação do romance homônimo lançado em 1971 pelo baiano João Ubaldo Ribeiro e que, até hoje, jamais saiu em DVD. Tudo começou por Locarno, na Suíça, em cuja mostra Penna ganhou um prêmio especial de direção, empatado com um cineasta negro americano estreante, um certo Spike Lee, laureado por “Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We cut heads”. Ali foi o pontapé de uma carreira ascendente, que ao longo de três décadas jamais repetiu o mesmo feito. Mas ela agora esboça uma retomada, com um longa novo, já finalizado: “Aos ventos que virão”, com Rui Ricardo Dias (de “Lula, o filho do Brasil”). Sua ambientação é similar à do faroeste caboclo com Lima Duarte, que, nos anos 1980, conquistou cinco Kikitos em Gramado e fez História como um painel das sequelas do Estado Novo, ao ser lançado no fim da ditadura militar.