Nomeado secretário de Cultura, ontem (26), pela prefeita Sheila Lemos, o cantor, ou cantador, como ele prefere, compositor e poeta Xangai assume afirmando que sua meta é harmonizar o setor, evitar a política e valorizar as manifestações culturais de Vitória da Conquista, levando-a o mais longe possível: o planeta. Eugênio Avelino Lopes Souza assume seu primeiro cargo público aos 73 anos e entra prometendo buscar recursos para estimular a produção da verdadeira cultura conquistense, ao tempo em que quer ofertar para a cidade o melhor da cultura nacional. Para isso, a prefeita Sheila Lemos lhe deu toda autonomia, diz.
Sobre a nomeação, Xangai diz que é uma honraria e que sua primeira missão é evitar que a política e os conflitos atrapalhem o seu trabalho. “Recebo como uma honra, uma missão, um desafio. Uma das primeiras atitudes, uma atitude que será constante, será tentar harmonizar e não deixar passar ranço de política, de politicagem”. O cantor e compositor disse que falou isso à prefeita antes de aceitar o convite para ser secretário. “Eu expus isso à prefeita que eu não sou filiado a partido político nenhum, nunca fui. Eu tenho minhas opções e quando vou votar eu voto em que eu acho que devo votar, mas tem pessoas que têm suas preferências, seus lados políticos, e eu, como sempre, na minha trajetória, transitei independentemente de que partido as pessoas sejam”.
Xangai assegura que não é de nenhum extremo, mas convive com todo mundo. “Às vezes eu estou junto de pessoas de extrema-direita, que falam o que querem, e eu, enquanto um democrata, na postura de cavalheiro que busco ser, que faço tudo para ser, eu respeito, porque essa é a postura de um democrata: respeitar a fala, a opinião, o parecer de cada um, é o meu dever. Em outras ocasiões, eu estou junto de pessoas de extrema-esquerda, consideradas assim, e que falam, também, o que quiserem e eu continuo respeitando”, explicou o cantador.
Para o novo secretário de Cultura de Vitória da Conquista, essa relação é a mesma com o público, quando ele faz sua apresentação. “Rapaz, quando eu chego para me apresentar em uma praça – ou no teatro, onde as pessoas pagam ingresso -, exercendo a minha função de cantador, de músico, uns dizem até que de poeta, ali tem gente que pensa cada um de uma forma, mas eu estou cantando para o povo, para meu povo, respeitando a todos no seu pensar”, conta.
Xangai diz que a forma dele de fazer política é a política da poesia. “Eu sou um esteta, que, como você sabe, os estetas são apreciadores do belo. Então, é por essa beleza que eu quero levar uma poesia que sirva para clarear as ideias, como eu gosto de dizer, para auxiliar a evolução do meu semelhante. Uma música boa, que seja de Dorival Caimmy ou de Gilberto Gil ou de Elomar, de Cartola, de Renato Teixeira serve para ajudar nessa evolução. E quando digo ‘auxiliar a evolução do meu semelhante’ falo também da minha própria. Tem tanta coisa bonita que, no meu caminhar, eu venho aprendendo”.
É com esse sentimento que Eugênio Avelino quer promover o que ele chama de encontro entre as classes da artes, da cultura. “E quando eu falo cultura, é tudo o que abrange a vida do ser humano, a gastronomia, por exemplo. Não é só músico, compositor, ator, escritor, é muita gente que a cultura representa. Eu quero exercer essa função com muita humildade. Espero ter sabedoria para harmonizar entre todos, quem pensa de um jeito ou de outro”, diz o artista e assegura que vai buscar recursos para que seu desejo se realize e a classe, tão prejudicada pela pandemia, tenha melhor condição de sobrevivência.
“Na medida do possível eu vou buscar algum tipo de recurso para auxiliar essa classe artística – de todo lado! Para a costureira, o cantador, a cantadeira, porque essa pandemia tolheu, impediu alguns até de terem uma sobrevivência básica. Vamos ver que recurso a gente pode alavancar para atender minimamente possível a nossa classe, o ser humano. Existe possibilidade, os dinheiros existem, é preciso que a gente abra as portas e exista uma distribuição de condições de vida e de realizações”, afirma o cantador, para quem, a esperança é a vacina. “Espero que, com a vacinação, daqui a pouco as portas da casas se abram para as pessoas trabalharem e possam exercer suas funções de músicos, de poetas, de artista, enfim, de tudo o que envolve a cultura e as nossas tradições populares”.
Xangai diz que Vitória da Conquista é um referencial na cultura baiana, brasileira e mundial e lembra que a cidade tem, “simplesmente, o cineasta mais famoso do Brasil, que é um parente meu, primo da mãe, Glauber Rocha, e Elomar, que é, simplesmente, o maior compositor deste planeta, a obra mais valiosa deste planeta quem faz é Elomar. E não são apenas Glauber e Elomar, aqui tem escritores extraordinários, atores, compositores, músicos e é preciso que haja uma união de todos”.
O secretário de Cultura diz, ainda, que Vitória Conquista tem uma pujança cultural na zona rural para ser aproveitada. “São nossas tradições populares e isso pode ser mostrado e valorizado. Eu vou me empenhar para buscar recursos, junto com a prefeita, que me deu essa autonomia e a força que ela tem. Estou em busca de reconhecer as nossas tradições populares e fazer com que isso seja mostrado, nem só para nós, para nós e para fora, aonde for. Chegar lá e dizer: Eu sou de Conquista e vim te conquistar!”.
Fonte: https://www.pmvc.ba.gov.br