quinta-feira, 2 de março de 2023

CARGOS E POSIÇÕES NA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA


 Beto Magno 

Por Beto Magno 


Diretor de cinema / Cineasta

É o profissional que transforma um roteiro literário adaptado de uma obra anterior ou não, fato verídico ou totalmente ficcional, em imagens cinematográficas, com a participação de uma equipe de vários especialistas técnico-artísticos, narrando a sua história em curta ou longa duração para ser projetada em salas de cinema, emissoras de televisão ou quaisquer meios de exibição que venham a ser inventados. O seu trabalho consiste em participar de todos os preparativos: escolha de elenco, de locações ou cenários, figurinos, textura fotográfica, trilha sonora, efeitos especiais, detalhamento plano a plano e planejamento das filmagens. Durante as filmagens, ensaia e dirige os atores nas cenas previstas no roteiro seguindo o planejamento aprovado anteriormente com o diretor de produção do filme. Em uma equipe, ele é o líder criativo do processo, orquestrando o andamento das demais funções. Concluídas as filmagens, participa da finalização técnico-artística do filme. Assiste aos copiões (filmes revelados e copiados em estado bruto) e, em seguida, dirige os trabalhos de montagem dos planos realizados fracionadamente numa narrativa contínua. Nesta etapa, escolhe a trilha musical e possíveis efeitos de laboratório ou estúdio de som. Quando todas as pistas sonoras estão concluídas (diálogos, ruídos, música etc.) acompanha a mixagem e a cópia final para exibição. Um filme pode ser realizado em 6 meses: da criação do roteiro, passando pela preparação, filmagens e finalização. Para exercer esta função, o profissional deve freqüentar uma escola de cinema ou de comunicação na especialidade, visando futuramente, através de estágios, conseguir a prática e a formação necessárias para dirigir o seu primeiro filme. Uma das carreiras de acesso à direção é a assistência de direção.

Continuista
É a atividade conhecida internacionalmente no meio cinematográfico como script girl e boy script (quando executado por homens). É o profissional que mantém a unidade dramática do filme registrado em trechos (planos). Classifica, organiza e identifica esses planos por números, possibilitando o seu controle na execução (com mesma referência para todos os departamentos da equipe: figurino, maquiagem, contra-regra, elenco, etc.), nos serviços de laboratório, telecinagem e montagem. Essa relação de continuidade que controla pode ser temporal, espacial de posição ou movimento. No set, ele secretaria toda a equipe técnica, anotando tudo que envolve a fotografia e a câmera em cada plano (lentes, estoque de filme, rolos em revelação, rolos rodados, distâncias e alturas de câmeras, material de maquinaria empregado no plano, filtros, diafragma, temperatura de cor ou quaisquer observações determinadas pelo diretor de fotografia). Assim como subsidia o diretor do filme com tudo que possa relacionar-se à continuidade entre os planos a serem filmados e à decupagem previamente feita do roteiro. É responsável pela clareza da narrativa, por isso controla a execução dos planos que integram a decupagem proposta pelo diretor do roteiro. Não pode deixar que faltem planos para a montagem ou que não se interliguem. Auxilia a produção no controle e tráfego dos negativos virgens, expostos a serem enviados para revelar nos laboratórios, a telecinagem e posteriormente a montagem. Elabora as folhas de continuidade, supervisiona os boletins de câmera e som. Executa as claquetes, controla o seu conteúdo a cada plano. Participa da etapa de preparação do filme no detalhamento técnico de: figurinos, objetos de cena, veículos empregados na cena, locações adaptadas e personagens. Atua em parceria com o diretor do filme, o seu primeiro assistente e o diretor de produção na visita às locações, na decupagem plano a plano do filme. Suas tarefas se encerram após as filmagens e a revisão de todos os copiões do material filmado. Sua formação pode ser alcançada em uma escola de cinema, estágios em ilhas de edição ou salas de montagem, curso de montagem e muita leitura sobre linguagem cinematográfica. Deve ser uma pessoa de espírito prático, organizada e com muito senso de observação.
     
Diretor de fotografia
É o técnico de cinema e vídeo responsável pelas imagens de um produto audiovisual. Supervisiona em uma equipe de filmagem ou gravação tudo que pode interferir no resultado da imagem. Sugere os enquadramentos, alternativas de planos (e lentes), movimentos de câmera (equipamentos indicados para tal), no intuito de obter maior concisão narrativa do filme e melhor compreensão por parte do espectador. Tem a responsabilidade artística de criar um clima dramático-visual através da textura fotográfica obtida com o uso de filtros, negativos e iluminações sugeridas pelo roteiro, transpondo em imagens as idéias do diretor do filme ou vídeo. É co-responsável, em parceria com o diretor e o montador do filme, pela linguagem narrativa do produto audiovisual. Acompanha o filme, do ponto de vista técnico, em todas as etapas, desde a preparação, passando pelas filmagens e a finalização em laboratório (revelação, copiagem, trucagens e marcação de luz), até a primeira cópia de exibição comercial. No Brasil, a grande maioria dos diretores de fotografia acumulam a função de operador de câmera, ao contrário do que ocorre na grande indústria cinematográfica americana ou européia. O diretor de fotografia deve possuir um conhecimento técnico de: ótica, filmes, filtros, efeitos especiais, iluminação; paralelamente aos conhecimentos artísticos de: linguagem cinematográfica (montagem), composição, cores e estética. É o chefe da equipe técnica em uma filmagem. Para exercer a função, deverá cursar uma escola de cinema ou galgar cargos de formação em vários filmes como estagiário: fotógrafo de cena (stil), carregador de chassis (clap loader), 2 assistente de câmera, 1 assistente de câmera, operador de câmera e finalmente fotógrafo de cena.
     
Fotógrafo de cena
É o profissional que colhe com uma câmera fotográfica flagrantes das cenas filmadas, com o mesmo enquadramento da câmera, das cenas mais fortes do filme para comporem o material de divulgação do filme na imprensa (como matéria e propaganda) e para as portas de cinema.

Diretor de produção
É o técnico de cinema ou vídeo que representa o produtor executivo de uma empresa de produção cinematográfica, investido de poderes necessários que viabilizem o planejamento e acompanhamento de execução de uma obra audiovisual cinematográfica ou videográfica. A partir de um roteiro original apresentado pelo contratante, e da soma dos recursos disponíveis, ele planeja e gerencia todas as etapas do processo produtivo, até que se obtenha um produto de exibição comercial em salas de cinema ou emissoras de televisão. Podemos comparar a atuação de um diretor de produção à de um gerente de banco. Em cinema ele tem poderes de decisão, em comum acordo prévio com o produtor executivo ou a empresa para a qual trabalha. Em televisão, sobretudo no Brasil, esse poder está fracionado em várias instâncias administrativas da emissora, transformando-o num coordenador de produção. Um diretor de produção pode ser convocado previamente por uma empresa produtora cinematográfica ou um executivo do mercado de capitais para a montagem do projeto de captação, fazendo a previsão orçamentária, um plano de execução e de desembolso financeiro a partir do roteiro cinematográfico proposto. O trabalho de um diretor de produção em um filme começa desde a pré-produção, quando ele ajuda a contatar e contratar técnicos especializados, artistas, fornecedores de serviços e locadores de equipamentos, monta o plano de trabalho, elabora solicitações e autorizações especiais, programa o serviço de transporte, alimentação e hospedagem dos membros da equipe, pagamentos semanais dos técnicos, previsão de despesas e listagem de compras. Durante o período das filmagens, mantém toda a infra-estrutura de funcionamento da produção, delegando aos seus assistentes vários afazeres, colocando o seu melhor assistente no set de filmagem representando-o. Após as filmagens, ou seja, na desprodução, devolve equipamentos, dispensa fornecedores e apresenta o seu relatório final à empresa produtora.

Assistente de câmera
É o técnico que auxilia o diretor de fotografia em relação aos equipamentos e acessórios da câmera cinematográfica em um filme. Seu trabalho começa na fase de preparação, quando realiza testes de definição e foco das lentes, de fixidez e estabilidade da imagem e o total funcionamento dos equipamentos e acessórios de câmera, comunicando ao diretor de fotografia qualquer irregularidade. Apresenta ao diretor de produção a listagem de materiais que será necessário comprar antes das filmagens. No período das filmagens suas tarefas são preparar a câmera e todos os seus acessórios no set de filmagens, obedecendo o planejamento do trabalho e o comunicado pela folha diária de serviços distribuída pela produção. Carrega diariamente a caminhonete do material de câmera da produtora até as filmagens, acompanhando sempre o equipamento. Distribui as demais tarefas aos assistentes e estagiários da equipe de imagem. Antes da execução dos planos, após estarem carregados os chassis e colocados corretamente na câmera, executa a preparação do foco, medindo as distâncias e exercitando-se durante os ensaios com os atores. É quem aciona e corta a câmera para o operador de câmera, cobra a claquete da continuísta e informa os dados técnicos do plano para que ela possa colocar em sua folha de continuidade. Após as filmagens diárias, descarrega os negativos expostos, etiqueta as latas, prepara o boletim de câmera em conjunto com a continuísta e entrega o material exposto acompanhado dos boletins à produção do filme. Acompanha os copiões, mantém informada a continuísta sobre o volume de negativo usado, o estoque e as previsões de uso. Acompanha sempre o trabalho dos maquinistas na instalação da câmera em tripés, gruas, dollie ou cam remote, vigiando o seu equipamento, as condições de segurança para o mesmo e as facilidades de operação para o câmera. Faz a limpeza diária do equipamento no final do dia, sendo o responsável principal pelo equipamento durante a jornada de trabalho. Finda as filmagens é que tem a responsabilidade pela devolução do equipamento junto à locadora. Um assistente de câmera tem sua formação em escola de cinema e um conjunto de estágios em vários filmes de longa ou curta metragem. Recomenda-se um conhecimento mínimo de ótica e eletricidade. É uma das etapas para atingir a especialidade máxima do seu setor, a direção de fotografia.

Clap Loader (carregador de chassis)
É o assistente específico para abastecer de negativo virgem e descarregar os chassis de negativo exposto, enviando ao laboratório para revelação e telecinagem. É um técnico contratado apenas em filmagens que trabalham com várias câmeras cinematográficas.

Figurinista
É o profissional de cinema que cria as indumentárias (a partir de pesquisa de época) ou figurinos para os personagens contidos no roteiro cinematográfico previamente fornecido pela produção. São de sua responsabilidade os figurinos da figuração, assim como todos os acessórios que compõem a vestimenta: bengalas, bolsas, chapéus, luvas, óculos etc. Os desenhos são apresentados ao diretor do filme, supervisionados pelo diretor de arte. Uma vez aprovados seus custos são orçados. Feita a compra dos tecidos, materiais e aviamentos é montada sua oficina e equipe de execução. A escolha de materiais empregados sofre uma consulta por parte do diretor de fotografia para testes prévios dos tecidos e cores, assim como do técnico de som, evitando futuros ruídos que incomodem a captação do som. Todos os figurinistas indicam seus auxiliares (assistentes, costureiras, bordadeiras, lavadeiras, tingidoras etc.) para comporem temporariamente sua equipe na fase de confecção e provas e testes com os atores diante das câmeras, sob as luzes, e sua resposta no negativo adotado para o filme.
Após os consertos, os figurinos dados como prontos são numerados por personagens e cenas com a continuísta para um bom andamento das filmagens no que se refere a guarda-roupa. A partir das filmagens sua equipe é reduzida a guarda-roupeiras (que darão manutenção às roupas e providenciarão lavagens). Findas as filmagens os figurinos pertencem à empresa produtora. São acondicionados em caixas e entregues com uma lista à direção de produção. Os figurinistas são advindos de escolas de corte e costura ou de curso de estilismo do SENAI e similares nacionais e estrangeiros. É necessário um conhecimento de moda, de história e sobretudo dos hábitos e acessórios usados correspondentes a tais figurinos.

Guarda-roupeira
É a profissional de cinema que durante o período das filmagens dá manutenção aos figurinos: executa reparos, manda lavar e os mantêm sob sua guarda, ajudando os atores principais e figuração a se vestirem para as cenas. Conhece as roupas pelos personagens e seus números de indumentária referenciados pelo roteiro e a decupagem de figurino, em comum acordo com a continuísta.

Técnico de som
É o profissional responsável pela captação com qualidade técnica de diálogos dos personagens, músicas e ruídos ambientais da cena necessários à montagem dos planos filmados. Comanda a escolha dos microfones apropriados e acessórios no posicionamento dos microfones feito pelo seu auxiliar imediato: o microfonista. É de sua responsabilidade catalogar todos os planos com identificação semelhante aos da câmera e da decupagem previamente feita no roteiro dramático. No set deve ensaiar a movimentação do boom com o microfone utilizado sem que provoque sombras sobre os personagens ou os cenários. Assim como deve camuflar os seus demais microfones distribuídos no set de filmagem ocultando-os da captação da câmera. Na fase de preparação deve visitar as locações escolhidas e conferir o material locado em testes para aprovação do nível de ruído. E se os locais escolhidos para filmar precisarem de algum tratamento acústico ou se apresentarem falta de condições para captação do som direto. No caso de som guia deve municiar o montador de sons isolados da seqüência para serem montados em pista independente e mixados. Durante os takes auxilia a continuísta e o diretor em relação a textos sobrepostos, dicção defeituosa dos atores ou cortes de ação por defeitos técnicos de câmera, cabos ou ruídos parasitas à cena (ruídos de máquinas, aviões, animais etc.) ou mesmo a precipitação do diretor no corte da ação. Na finalização é responsável pela conferência da qualidade, transcrição do som para a edição e o resultado em ótico para exibição. Os técnicos de som são emergentes de escolas de cinema ou formados em estúdios de som, escolas técnicas de eletrônica, devendo ter noções de linguagem cinematográfica e acústica e um período de estágio e aprendizado no set para o bom desempenho de suas funções durante as filmagens.
   
Microfonista
É o técnico de cinema e televisão que auxilia o técnico de som na operação do boom, da girafa e instalação dos microfones na captação dos sons ambientais e de diálogos em um set de filmagens. Deve ter conhecimento de eletrônica, acústica e ser emergente de uma escola técnica em eletrônica ou uma escola de cinema na especialidade de som. É conveniente um estágio em estúdio de som antes de freqüentar uma equipe de som. É a carreira de acesso para tornar-se um técnico de som.
     
Cenógrafo
É o profissional de cinema, vídeo e televisão que cria os cenários em estúdio ou adapta locações para serem utilizadas como set de filmagens. A partir de um roteiro cinematográfico apresentado pela empresa produtora ou produtor executivo, executa um projeto cenográfico composto por plantas baixas e perspectivas com as cores definitivas propostas e suas dimensões previstas. O projeto é aprovado pelo diretor do filme e submetido a orçamento incluindo os materiais, pessoal temporário especializado (carpinteiros, trabalhadores braçais, cortineiros, tapeceiros, pintores de arte, escultores etc.) visando a adequação orçamentária do filme e os prazos de execução para viabilizar o planejamento das filmagens pela produção. Antes de sua execução deverá ser proposto ao diretor de fotografia um comum acordo em relação às tintas e cores que poderão interferir ou colaborar no resultado fotográfico do filme. Em muitos casos, quando o filme é quase todo realizado em locações reais de época, adaptadas, o cenógrafo transforma-se num diretor de arte. Em filmes muito trabalhosos existem as duas funções, cabendo ao diretor de arte o comando visual da parte cenográfica do filme. Tem como auxiliar direto seu assistente de cenografia. São formados em arquitetura, com noções de construção, resistência de materiais e normas de segurança. Muitos cenógrafos são emergentes de escolas de belas-artes, de experiência teatral ou televisão. Muitos são carnavalescos que se adaptam às técnicas de cinema. Devem ser bons desenhistas, ter noção de perspectiva, conhecer as lentes cinematográficas e a movimentação dos equipamentos de maquinaria e iluminação para determinadas previsões em seus cenários. Devem saber ler uma planta de execução e ter noções de construções em madeira e outros materiais. É ferramenta de trabalho o conhecimento de estilos de construção e um profundo conhecimento de história da arte.
     
Cenotécnico
 É o técnico de cinema que, seguindo uma planilha desenhada pelo cenógrafo, executa e comanda a construção dos cenários e alguns tipos de móveis cenográficos para o cenário do filme. Chefia a equipe de carpinteiros, pintores e escultores que compõem o departamento de cenografia de um filme ou vídeo.

Roteirista
É o criador de um texto literário com trama especializada para cinema ou televisão (com duração temporal previamente estabelecida) de fatos reais ou ficcionados de situações que se encadeiam, dialogadas ou não, em determinados casos adaptado de uma obra literária onde evolui uma trama dramática desenvolvida pelos personagens acompanhada com clareza pelo espectador. Um roteiro não é um romance, daí sua especificidade de escritura dividindo-o em seqüências por locação, determinando o período da jornada (se dia ou noite) e precisando o espaço cênico onde se desenrola a ação. Um roteirista pode ser proveniente de uma escola de letras, de jornalismo, de cinema ou com experiência na escritura de textos teatrais, desde que tenha vocação para escrever situações e criar personagens. O seu diálogo deve ser eminentemente coloquial e verossímil.
Existem profissionais especializados em trabalhar apenas em uma fase ou tratamento do roteiro, que são os: argumentistas, dialoguistas, gags men e os pesquisadores.
     
Argumentista
É o que redige em uma sinopse de cinco páginas a trama central da história e seus personagens principais. Esta etapa não possui diálogos ou indicações e subdivisões de cenas em seqüências por locações. É apenas a trama, a carpintaria dramática do princípio ao fim.
     
Dialoguista
É o especialista em criar diálogos coloquiais ou regionalismos em uma cena onde os personagens conversam e têm um tipo físico determinado ou exercem uma função que deverá possuir em seu vocabulário expressões e jargões da atividade. É o caso de filmes policiais que empregam a gíria do submundo.
     
Gags man
É o especialista em criar situações cômicas ou diálogos de humor em cenas preexistentes de um roteiro definitivo.
     
Pesquisador
É o profissional contratado para colher informações sobre a época, hábitos, vestimentas para roteiros que serão escritos sobre determinados temas históricos ou especializados. Tomemos por exemplo um filme que se passa nos bastidores de astronautas, ou de médicos na Antiguidade. O profissional pode também ser contratado após vários tratamentos do roteiro para corrigir erros de data em roteiros históricos ou baseados em fatos reais.
     
O desenho animado
É a técnica de criar movimentos naturais em cinema e vídeo de objetos ou personagens, desenhando-se, recortando-se papéis ou moldando massas; a decomposição do movimento em vários quadros (frames ou fotogramas), filmados a seguir em câmera adaptada a uma truca vertical, ordenados um a um. A ordem de execução destes desenhos é preestabelecida em um roteiro visual semelhante a uma história em quadrinhos, denominado story board, onde estão contidos todos os "desenhos-chaves" que narram a história a ser posta em movimento. A partir deles temos que criar as posições intermediárias do movimento antes de filmar definitivamente e criar a sensação do movimento humano. Assim como estabelecer os cenários e as demais partes do desenho onde essas figuras evoluem. Estudar os movimentos simultâneos em tempos diferentes. Um desenhista pode empregar o método de animação de 24 quadros (ou frames) por segundo em uma truca "quadro a quadro" (Oxberry) ou pelo sistema de computação gráfica, usando programas de animação para computadores. Na técnica tradicional os desenhos são pintados em acetato transparente a partir dos originais desenhados em papel vegetal. As cores são adicionadas (pela parte de trás dos acetatos) uma a uma. A seguir desenha-se o cenário de fundo onde esta figura evoluirá. Para cada elemento que se sobreponha, a imagem e o seu movimento acontecem simultaneamente: deverá ter um acetato exclusivo para ele, desenhado à parte, que será filmado junto na hora em que formos para a truca. Na truca cada acetato estará colocado em uma prateleira com o quadro vazado para que todos sejam vistos e filmados pela câmera. Estes quadros (frames ou fotogramas) deverão estar marcados por um número, num roteiro ou plano de animação, para a filmagem correta. Um desenhista de animação deverá a priori ter vocação artística de desenhista ou cursar uma escola especializada de desenho. Alguns desenhistas de animação vêm das histórias em quadrinhos, são chargistas de jornal ou são egressos de escola de belas-artes. Porém o ideal é freqüentarem escolas de cinema onde existem cursos de animação, como no Canadá, Bélgica, França, Checoslováquia e USA. Dentro desta especialidade existem vários nichos de mercado de trabalho, tais como: trucagens, animação técnica e publicidade.

Assistente de direção
É o técnico de cinema responsável por tudo o que deverá acontecer no local de filmagem, seja do ponto de vista técnico ou artístico. É o profissional que substitui o diretor do filme na preparação do set. Controla todos os setores para que tudo esteja pronto na hora em que o diretor chegar para filmar. Seu trabalho começa desde o detalhamento plano a plano do roteiro, na etapa de pré-produção. Ele visita as locações escolhidas pelo diretor, o diretor de fotografia e o diretor de produção, analisando os prós e contras que possam interferir no andamento das filmagens e no resultado artístico da cena. Toma conhecimento de todas as intenções do diretor, das possibilidades técnicas e das providências de produção que devem ser tomadas para que as filmagens aconteçam ali a tempo e hora previstos no plano de trabalho elaborado pela produção com a sua participação. Ele tem que obter e controlar todas as informações com antecedência, conferindo tudo, evitando falhas, atrasos ou interrupções desnecessárias das filmagens. Tem sempre de estar apto a responder qualquer pergunta do diretor e demais membros da equipe e providenciar soluções imediatas a problemas que se coloquem de forma imprevista. Auxilia o diretor na preparação e realização artística do filme. Subordinado diretamente ao diretor do filme, trafega com desenvoltura entre todos os departamentos da equipe. Tem de conhecer linguagem cinematográfica, equipamentos e sua utilização. Todo o aspecto de montagens e desmontagens dos sets e providências de produção. Supervisiona os trabalhos de todos os departamentos, inclusive o de elenco, ensaiando os textos antes das filmagens. É o homem de ligação e coordenação entre a direção, de um lado, a produção e o conjunto da equipe, do outro. A sua função é aparentemente genérica mas de grande complexidade, daí dividir suas tarefas por vários assistentes, fazendo face às responsabilidades. Tem de ser um líder sem ser autoritário. Dar ritmo ao set sem atropelar os profissionais. O assistente é formado em escolas de cinema, e muito estágio como 2 ou 3 assistente de direção em muitos filmes, antes de assumir o cargo de 1 assistente de um filme ou vídeo.

Operador de câmera/Câmera
É o técnico de cinema que opera as câmeras de cinema ou de vídeo. É o responsável pelos enquadramentos dos planos que compõem uma cena, sejam planos fixos ou em movimento. Tem de estar apto a operar a câmera com cabeças fluidas ou a manivela. No tripé ou sobre equipamentos de maquinaria, tais como: carrinhos, gruas, dollie, Pee wee, cam remote ou camera car. Tem de conhecer os tipos de lentes, filtros, acessórios de câmera e todos os modelos de câmeras (35mm, 16mm, super 16mm e Panavision) usados no mercado cinematográfico, controlar a qualidade do foco ou o movimento de zoom operado pelo 1 assistente de câmera durante a execução dos planos, assim como a qualidade de execução dos movimentos de maquinaria. Durante os ensaios é de sua obrigação perceber se há algum equipamento em quadro no take, defeitos tais como reflexo ou sombras de câmera. Alertar sobre quaisquer fatos que possam dispersar o espectador: ator que olha para a lente, figuração não prevista no quadro, publicidade exposta no enquadramento. Deve exigir instalação confortável e segura de seu equipamento para operação do mesmo durante as filmagens. É de sua responsabilidade zelar pelo equipamento que opera, protegendo-o do sol, da chuva ou outras intempéries. Não deve permitir expor o equipamento a situações de risco sem autorização do produtor executivo. Deve colaborar com os companheiros de equipe na montagem e no deslocamento do equipamento dentro do set de filmagem. Acata as ordens do diretor de fotografia e alerta-o quando do emprego de filtros e outros efeitos.
Deve conhecer linguagem cinematográfica, composição e dramaturgia. É formado nas escolas de cinema, cursos promovidos pelas emissoras de televisão, ou egresso dos postos de assistente de câmera.

Operador de stady cam
O stady cam é um equipamento complementar das filmagens. Trata-se de um estabilizador contra solavancos e trepidações de câmera, quando é operada na mão. É indicado para as cenas de ação. É um equipamento locado com operador. Este câmera apenas opera a câmera sobre este equipamento nas cenas programadas no filme. Não faz parte efetiva da equipe de filmagens. É contratado por um período predeterminado. Trabalha sob as ordens do diretor de fotografia na execução de planos previstos na decupagem pelo diretor do filme.

Produtor executivo
É o profissional de cinema que atua na área empresarial. É o captador de recursos para um projeto por ele elaborado ou empresa que o contratou. Na maioria dos casos o produtor executivo é o proprietário da empresa produtora que recebe a proposta de co-produção de um diretor que dispõe de um roteiro original. Ou ainda, compra os direitos de adaptação de uma obra literária e investe nos trabalhos de um adaptador (roteirista) e elabora a montagem do projeto do ponto de vista técnico-artístico e financeiro. Convoca técnicos especializados de vários setores para avaliarem o seu roteiro, do ponto de vista de seus setores, visando formular um anteprojeto de venda de cotas de produção. Formula uma equipe provável, assim como um elenco e diretor a ser contratado para realizar aquela obra audiovisual. Após captar os recursos necessários à realização do filme contrata um preposto (um diretor de produção) para o gerenciamento dos recursos, execução de preparação e filmagens segundo um plano de trabalho apresentado. Durante a realização das filmagens prevê a cobertura jornalística constante sobre o produto audiovisual que elabora, organiza a finalização e prepara o seu lançamento e vendas para o exterior, assim como a sua participação em festivais de cinema nacionais e internacionais que credenciarão o seu filme para o circuito comercial de exibição.
Todo produtor executivo tem uma infra-estrutura montada de escritório, contador e pessoal capacitado na preparação de um projeto cinematográfico, a fim de administrá-lo no mercado de capitais para a captação de recursos através de leis de incentivos.
Assistente de produtor executivo
Dependendo do porte do filme a empresa pode contratar um diretor de produção de sua confiança e nomeá-lo como assistente de produtor executivo para supervisionar os custos e o planejamento proposto pelo diretor de produção. É um representante da empresa produtora do filme em questão. É muito comum nos grandes estúdios onde se realizam muitos filmes ao mesmo tempo de uma mesma produtora.

Assistente de produção
É o técnico de cinema e vídeo que se responsabiliza por parte das tarefas delegadas pelo diretor de produção. Os assistentes de produção têm a coordenação do primeiro assistente de direção em relação ao diretor do filme. Ocupam-se de tarefas tipo: transporte, alimentação, chamada geral dos atores, ensaio e convocação da figuração, providenciar veículos e animais de cena, autorizações oficiais, acompanhamento de preparação de locações, testes de maquiagem, de cabelos, de figurino etc. São profissionais egressos de escolas de cinema ou de comunicação, que pretendem seguir a carreira de diretor de cinema e estão nesta função para sua formação prática e amadurecimento dos conhecimentos teóricos que assimilaram nas escolas especializadas. Devem conhecer linguagem cinematográfica, ter espírito prático, ser simpáticos, observadores, organizados e conhecer os mecanismos de uma produção, sobretudo os documentos que circulam em uma filmagem: boletim de câmera, de som, plano de trabalho e folhas de serviço (as quais devem distribuir ao final de cada dia de filmagem a todos os membros da equipe). Devem organizar uma agenda com todos os endereços de fornecedores de serviços e equipamentos para cinema. Devem ter uma noção dos equipamentos que terão de providenciar, quando convocados pelo diretor de produção.

Chefe eletricista/Eletricista
É o técnico de cinema e vídeo responsável por todos os serviços de instalação elétrica e dos refletores cinematográficos e seus acessórios em um set de filmagens. Trabalha sob as ordens do diretor de fotografia. Acompanha o diretor de fotografia nas visitas às locações, visando fazer um levantamento de necessidades, autorizações e providências que devem ser tomadas do ponto de vista técnico para que possamos ter alimentação energética no local suficiente para alimentar todos os refletores desejados pelo diretor de fotografia na realização dos planos previstos no roteiro criados pelo diretor do filme. Lista os acessórios necessários e complementares aos equipamentos solicitados pelo diretor de fotografia. Calcula os tempos necessários para as instalações e desmontagens ou eventuais deslocamentos com os materiais para outras locações durante o filme, para que o diretor de produção possa planejar as filmagens. Relaciona a quantidade de auxiliares que necessitará em função da complexidade das instalações e materiais a serem montados e operados. Quanto maior o filme, maior a estrutura de iluminação, e conseqüentemente maior o número de auxiliares que necessita. Este profissional se forma em escolas técnicas de eletricidade - SENAI e outras instituições similares. Deve conhecer bem os equipamentos, trabalhando como eletricista auxiliar, e depois de alguns anos de prática galgar o posto de chefe eletricista. Possui suas próprias ferramentas, tais como voltímetro/amperímetro. Deve estar apto a avaliar as condições de fornecimento de energia em uma locação e solicitar ou não a locação de geradores, instalação de luz festiva ou autorização do proprietário do imóvel para retirar energia do seu PC.

Eletricista
É o técnico de cinema e vídeo que monta os refletores, distribui os cabos que servirão para a passagem das "fases" e faz a ordenação das linhas de alimentação energética dos refletores. Monta o quadro de segurança e distribui no set, monta as caixas intermediárias, espalha os tripés e garras onde serão instalados os refletores solicitados pelo chefe eletricista. Leva a linha até o gerador ou PC, trabalhando em parceria com o geradorista ou eletricista do imóvel local. É quem afina e posiciona filtros e difusores nos refletores durante a iluminação do set e mantém o serviço de ligar e desligar os mesmos. Organiza o caminhão da elétrica e dá manutenção aos materiais de iluminação durante as filmagens. Findas as filmagens é o responsável pela conferência do material e a sua devolução na empresa locadora. Seu trabalho começa três a quatro dias antes das filmagens e termina no mesmo prazo, findas as mesmas.

Geradorista
É o técnico de cinema e vídeo que acompanha o gerador vindo da locadora. É o responsável pela alimentação de energia dos refletores. Está sob o comando do chefe eletricista, mantendo o gerador sempre ativo, na amperagem e voltagem corretas, para o consumo do set. É um profissional que conduz o caminhão que transporta o gerador até o set e leva-o de volta finda a jornada.
     

Chefe maquinista/Maquinista
É o técnico de cinema e vídeo responsável pela instalação de todos os equipamentos que podem dar suporte aos equipamentos de iluminação e câmera (três tabelas, praticáveis, torres, etc.), com segurança e muita rapidez. Opera os equipamentos que movimentam as câmeras em um set, a saber: gruas, carrinhos, dollies, panther, Pee wee, "ligeirinhos" etc. A qualidade de uma imagem depende diretamente da operação de qualidade de um equipamento pelo maquinista e sua interação com o câmera. Dão apoio aos eletricistas na montagem dos parques de luz em um estúdio, locação adaptada ou estúdio. Montam tripés, auxiliam na puxada de grossos cabos, manobram rebatedores e auxiliam na montagem de acessórios de iluminação como o butterfly. Numa equipe numerosa o profissional mais experiente é o maquinista e os demais seus auxiliares. Deve possuir amplo conhecimento sobre alta tensão e eletricidade caseira. Formam-se em escolas técnicas de marcenaria/ carpintaria (SENAI) ou congêneres. Muitos são formados em empresas estatais (Central Técnica da FUNARJ) ou em barracões de escolas de samba em convênio com os sindicatos de classe. Devem possuir conhecimento de laçadas de segurança, operar equipamentos auxiliares de elevação, tais como: carretilhas, contrapeso e trucks. Devem dominar bem soluções de segurança para a câmera, instalando-a sobre um veículo etc. São os homens das soluções inteligentes, seguras e rápidas.

Maquinista
É o profissional que executa as tarefas de montagens de suportes para equipamentos de luz e de câmera sob o comando do chefe maquinista. É o responsável pela execução dos movimentos de aparelhos que conduzem as câmeras.
     
Operador de video assist
É o técnico de cinema responsável pela captação em vídeo, em paralelo com a câmera cinematográfica, das imagens que estão sendo impressas no interior da mesma em película cinematográfica, projetando-as num monitor de vídeo, no momento da cena ou após a cena filmada.

Contra-regra
É o técnico de cinema e vídeo responsável por todos os objetos de cena que integram uma ação em um cenário (não estão incluídos aí os que fazem parte do figurino). Participa de um filme desde a preparação, quando se faz o detalhamento dos objetos de cena junto com o cenógrafo, preparando suas providências ou construção. Esta lista é passada ao diretor de produção, que providencia sua locação ou materiais para a sua construção. Durante as filmagens, seguindo o plano de trabalho e a folha de serviço, providencia os objetos a serem colocados em cena no momento de execução dos planos sob a supervisão da continuísta. A maioria dos contra-regras são egressos do teatro ou da televisão e fazem parte da equipe de cenografia.
 
Maquiador/Cabeleireiro
É o técnico-artista de cinema e vídeo que prepara a maquiagem convencional de embelezamento ou de efeito dos personagens, segundo a descrição acordada na decupagem com o diretor do filme. O uso de determinados materiais deve ser submetido ao diretor de fotografia, evitando erros e desencontros na imagem. Todas as maquiagens e cabelos a serem adotados nos filmes pelo elenco devem ser testados com a luz definitiva do filme antes de começarem as filmagens. É a formatação do "tipo" dramático do personagem. Existem profissionais que apresentam seus projetos em computador ou desenhados para aprovação prévia pelo diretor do filme. Conforme o tamanho do elenco a ser maquiado e penteado, ele apresenta as previsões de tempo ao diretor de produção, assim como a necessidade da contratação de auxiliares temporários em cenas que envolvam muito elenco e figuração. Apresenta uma lista de cosméticos a serem adquiridos pela produção e mantém a tempo e hora os personagens maquiados e constantes correções durante as filmagens. Os apliques postiços deverão também ser providenciados pela produção e testados convenientemente antes de serem usados em cena diante das câmeras.
     
Montador/Editor
É o técnico de cinema e vídeo que reúne, ordena e dá ritmo às imagens filmadas e sons captados fracionadamente no set, dando um sentido narrativo à história proposta pelo roteiro literário do filme seguindo uma decupagem prévia do diretor do filme. O montador deverá sugerir mudanças de lugar e duração das seqüências, visando obter maior clareza narrativa e impacto emocional sobre o espectador para conduzi-lo sem que perceba durante 100 a 120 minutos de exibição. Prepara todas as pistas de som: diálogos (captados em direto), dublando (falas que faltaram ou que se tornaram inaudíveis), preencherá os vazios sonoros com ruídos de sala, música incidental, e colocará a trilha do filme em seus devidos lugares. Providenciará a edição dos traillers comerciais e o mapa de mixagem. O seu trabalho começa logo após duas ou três semanas de iniciadas as filmagens, ordenando o material bruto vindo do laboratório. Caso este material seja finalizado em ilha digital, deverá passar, após a revelação dos negativos, por uma telecinagem (transferência da imagem fílmica para sinal digital e imagem em vídeo). Feito isto, transposto todo o material ("importado") para os computadores, começa então o seu primeiro corte chamado de "corte largo". Após as filmagens concluídas, o diretor assiste ao material pré-montado. Após a sua aprovação começa então a montagem propriamente dita. Mudam-se seqüências de lugar, são encontradas soluções de linguagem obtidas em laboratório (fusões, congelamentos etc.). E finalmente dá-se o 2 corte. Aprovado pelo diretor, começam então o corte final, "o corte fino", e os ajustes sonoros e a retirada de alguns "tempos mortos" da montagem. Passa-se à mixagem e a cópia está pronta para ser trabalhada no estúdio de som (no caso de Dolby stereo) e a cópia final ótica em laboratório com a devida marcação de luz pelo diretor de fotografia e a colocação dos letreiros de apresentação, com nome do elenco e equipe técnica. Faz-se a projeção final desta cópia para o diretor do filme, com a presença do montador e do diretor de fotografia. O material está então pronto para exibição comercial. O seu trabalho desenrola-se dentro de um prazo de dois a três meses. Os montadores são egressos de escolas de cinema ou são formados em uma ilha de edição ou moviola (mesa de montagem tradicional de filmes). Devem ter amplo conhecimento de linguagem cinematográfica, além de uma formação de operação de ilha informatizada. A melhor formação para um montador é exercer primeiramente a função de continuísta e em seguida passar para uma sala de montagem ou ilha de edição.
     
Trilheiro/Músico de cinema
É o artista responsável pela criação de todas as músicas pontuativas, incidentais e temáticas a serem colocadas na trilha sonora do filme, acompanhando em background as imagens montadas de um filme, visando auxiliar a obtenção do "clima dramático" da cena ou plano desejado pelo diretor. Seu trabalho pode ser feito isolado em um estúdio com seus músicos e depois ajustado na montagem ou a partir das imagens visionadas previamente antes de criar as partituras. Os temas são apresentados, uma vez compostos, previamente ao diretor do filme, para aprovação, e em seguida gravados e mixados com a trilha final do filme. Existem trilhas que se tornam mais sucesso que os próprios filmes, devido à sua qualidade musical, ou o inverso, músicas que se tornam famosas pela qualidade dramática do filme e das cenas em que foram usadas. Esses músicos criadores são egressos de escolas de música ou são autodidatas.
     
Efeitos especiais
É responsável por eles o técnico de cinema e vídeo que trabalha com a ilusão, o truque e a magia. Monta traquitanas, maquetes, sistemas de explosão, modelos ampliados ou animais de controle remoto que aumentam a veracidade das cenas impossíveis, perigosas ou de grande efeito visual e impacto emocional. É uma profissão de curiosos e sobretudo maquetistas e pessoas que adoram informática aliada a conhecimentos de maquinarias por eles inventadas. Existem empresas tradicionais no mercado americano e europeu nas quais os conhecimentos passam de pai para filho.
     
Laboratorista
Técnico de laboratório cinematográfico
É o técnico de cinema que processa as imagens em laboratório. Trabalha no setor industrial do cinema. Tem conhecimentos de química de laboratório e do funcionamento dos equipamentos de revelação, lavagem e copiagem de filmes fotográficos contínuos (cinematográficos). É formado pelo SENAI ou estagiando durante anos no laboratório onde recebe sua formação. Trabalha com negativos e positivos cinematográficos. Conhece todas as etapas dos filmes em laboratório. Porém as especialidades em laboratório são muito precisas, tais como: copiagem, revelação, janela molhada, sonorização ótica, letreiros, trucagens óticas, titulagem, banda internacional, master, cópia marrom, blow up, lavagem de ultra-som, armazenamento de negativo, montagem de negativo, marcação de luz.

Marcador de luz
É o técnico de cinema do setor industrial, trabalhando no interior dos laboratórios, conhecido como colorista ou marcador de luz. É o operador das máquinas analisadoras (Analyser) de cores e luminância. Trabalha plano a plano, sob a orientação das indicações do diretor de fotografia na equalização das cores de todos os planos de uma seqüência e do filme como um todo. Monta um mapa das cores fundamentais (azul, vermelho e amarelo) e seus percentuais para serem corrigidos na cópia final. Uma vez revisado pelo fotógrafo e aprovado pelo produtor, este mapa será o guia de todas as cópias para a comercialização. Deve ser formado em curso específico promovido pelo sindicato de classe ou congênere.

Montador de negativo
É o técnico de cinema do setor industrial, trabalhando no interior dos laboratórios, que ordena os negativos brutos, localizando e colando os planos para a futura copiagem, baseando-se no copião positivo montado, enviado pelo montador. Seu trabalho é supervisionado pelo montador do filme antes de ser dado como finalizado para que possa a seguir sofrer a marcação de luz e serem efetuadas as cópias de comercialização do filme. É nesta etapa que se providenciam as trucagens de laboratório ("fusões", "congelamento de imagens", desdobramento para aumento de câmera lenta etc).

Fonte: Os Cinco "cs" da Cinematografia.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

COISAS DE POÇÕES

Florisvaldo Rodrigues

( O MARQUÊS DA SERRA PRETA )


Por Florisvaldo Rodrigues 


 COISAS  DE POÇÔES... 

Em um certo lugar não muito distante da sede do municipio. No povoado de Duas Vendas, onde há o cemiterio no meio do povoado.   Tendo ruas de um lado e do outro, comercio, residências, escola e até igreja. Tudo junto. (no meio do cemiterio existe um poço artesiano que abastece a comunidade) Na porta do cemitério tem um butéco, do seu Manoel do bigode. Que tem tambem a sua clientela. Dentre eles, figuras como o Zé de Naninha que tem horário marcado todos os dias, na mesma hora ele  chega e pede para o seu manoel uma talagada de pinga, depois sai na porta do cemitério, que fica em frente, e diz para os defuntos:  defuntada, é servido tomar uma?  Os defuntos não responde, ele gola o copo. O seu manoel, católico e respeitador dos mortos, chamava ele sempre atenção. E ele dizia: Ta tudo certo. Ta tudo certo. Todo mundo aí é meu amigo. E isso durou muito tempo,  ele fazendo isso todo dia, sem falta. Eis que, numa dessas,  apareceram uns estudantes no cemiterio no mesmo horario da sua cachaça e apreciou toda sua prosopopeia com os defuntos... Aí então resolveram pregar uma peça no Zé de Naninha, combinados com o seu Manoel do buteco. Foram em casa e pegaram Lençóes brancos,  fizeram furos nos olhos, e se esconderam nas sepulturas  para espera-lo no outro dia. No mesmo horario, foi batata, chegou o Zé de Naninha, pediu uma cachaça para o seu Manoel, foi à porta cemetrio e disse:  Saúde defuntada, vamo tomar uma? Os estudantes levantaram de Lençóis brancos na cabeça e pau nas maõs, gemendo uuuuuuuuuu e agarraram o Zé com copo e tudo e jogaram pra dentro cemiterio, deram lhe uma sova de cacete das boas, e sairam gemendo novamente uuuuuuuuuu se escondendo no cemitério. O Zé  foi socorrido por seu manoel e levado para fazer curativos. No outro dia, no mesmo horario quem aparece no boteco, todo cheio de esparadrapo e mercurio cromo, perna e braço machucado... O Zé de Naninha... E pediu outra pinga. O seu Manoel do Bigode que lhe disse: voce foi avisado, mas não  quis ouvir... por isso ta todo quebrado. Ele respondeu: “Ta tudo certo. Ta tudo certo! "O que não ta certo é enterrar defunto com  pedaço de pau na mão." Bebeu a pinga, mais uma vez, e nunca  mais ofereceu cachaça aos  defuntada.... Moral da historia: "Pobre do zé, até hoje não sabe que foi vitima das crendices do seu Manoel do bigode, e da traquinagem  dos estudantes." ...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

VADINHO BARRETO ( UM HERÓI DA RESISTÊNCIA )


 Beto Magno e Vadinho Barreto 



LEGÍTIMO REPRESENTANTE DA CULTURA, UM "HERÓI DA RESISTÊNCIA"!

Conheci Vadinho Barreto durante um show dele, numa noite de 1985, no "Cascas Bar". Ao fim do show seguimos pra Uma "esticada" na noite, paramos no "Massa Rara"... Estávamos eu, uma namorada minha, Nenêm ( Carlos Zeppelin ), Vadinho Barreto, seu empresário e alguns novos amigos que acabamos de conhecer no ultimo bar. Todos juntos, na farra, numa camionete que eu tinha! Foi a primeira de várias farras homéricas que estavam por vir! Lá no "Massa Rara", inevitavelmente. Vadinho teve que da uma canja...Ah, a festa estava só começando! Foi uma noite inesquecível! Depois não parou mais...lá estávamos nós, Eu e Vadinho... por varias vezes entre canjas e goles nas maravilhosas  noites frias de Vitória Conquista, no "Dose Dupla", no "Taquara Drink Som", " Candelabro", "Bar gunça", Cachaçaria do Bracin", "A Chácara", "Paissandu ", "Portugal", "Boate Cafezal", "Boate Carrascão", " A Cabana", "Ali Bar", "Cio da Terra", "Mistura Fina", "Bar do Tuta", "GG", "Casa Kaiada",  "Bar Cai 1" "Bar Cultura", "Acalanto", "O Casarão", "Restaurante da Dalva", " Restaurante Vanda Bareto", "Varandá", " Toquinho", "Boca de Forno", "Pinguim do Coquinho"   "Escondidinho", "Mocófaia", "Raízes", "Bar do Jair, " " Bar do Leblon", "Luar do Sertão", "Bareta", "Esquina de Massú", "Luar", "Largo da Carioca", "Barão Bar", "Scala", "Bar do Sabino", " Castelo do Vinho", "Gota D'água", "Privê dos Curtidores", "O Esquinão", "Bob Lanches", "Trevessia", "Bar do Marcelo", "  O Gaúchão",  "Bar Doce Bar", "Panela de Barro", "Pisa na Fulô", "O indiano", " Bar do Dema", "Papillon", "Arnaldo's", "Ponte de Safena", "Ali Bar II", "Bar do Nilton", "Lanchonete Colorado", " Coma-Leão", "Bar do Chico", "Primavera", "Vermelho e Branco", "Paulinho Du Bar" "La Pança" "Beco Cultural". Antes não haviam lojas de conveniências então os points dos notívagos, boêmios e poetas eram: ( Bareta, Bar 24 horas e um tal Brasa de Ouro). E muitos outros que de tanto tempo já me falha a memória . Em cada lugar desses pude ver meu amigo cantar, sorrir, poetizar e, assim, a minha admiração por este artista obstinado pelo ofício de cantar foi crescendo. Hoje, assisto ao resultado de tanto talento e determinação concretizado no seu projeto QUINTAS DE MAIO que de forma pungente apresenta e revela os grandes nomes da MPB Nacional e Regional. Sempre no A.A.B.B, no aconchegante "Cultura Bacana" e agora no badalado "Lá Pança".

Parabéns, Vadinho Barreto! pelo esforço, dedicação e empenho pessoal para manter e sustentar um projeto artístico-cultural dessa magnitude por longos 21 anos só com muito empenho e apoio de grandes parceiros.  E você sempre com alegria, garra e vontade conseguiu cair nas graças da sociedade Conquistense, profissionais liberais, empresários e o próprio poder público. Sem contar os inúmeros artistas geniais que nossa cidade oferece. Hoje vc comanda seu Programa Quintas de Maio na Rádio Melodia fm 87.9 com Transmissão ao vivo pelo Youtube além de fazer o  Programa Som da Terra na Rádio Clube de Conquista junto com o amigo e  talentoso Janio Arapiranga.



Eis aqui um fã de seu trabalho e de sua arte.



Beto Magno.

( VM FILMES ).


 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

ACADEMIA DE CULTURA DA BAHIA


 Os confrades Benjamin Batista, Joaci Góes , Cícero Sena e Gil Vieira.

Respectivamente, das Instituições: Academia de Cultura da Bahia, Academia de Letras da Bahia (e ALAS), Academia de Letras de Porto Seguro (e ACB) e Academia de Cultura da Bahia, em evento memorável da ALAS no IGH, Salvador, Bahia. Intercâmbio.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

DRA. ANA ISABEL OLIVEIRA FALA SOBRE O MUSEU DE KARD


 Dra. Ana Isabel Oliveira, Médica e Escritora 

Dra. Ana Isabel Oliveira fala sobre suas impressões sobre o MUSEU DE KARD  em Vitória da Conquista - Bahia - Brazil.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

EU DE VERDADE / ROBERTA BARBOSA

 


Dra. Roberta Barbosa 


Eu de Verdade

A mulher que se reconstruiu assusta é óbvio.Porque ela já comeu o pão que o diabo amassou, mas, hoje, ela escolhe a própria dieta emocional.

A mulher que já foi triturada emocionalmente, e que foi capaz de se refazer, não está preocupada em ter alguém ao lado apenas para prestar contas a quem quer que seja, não mais. Ela é livre, ela quebrou as amarras da busca pela aprovação alheia, ela se pertence.

A mulher que encontrou o próprio caminho, passou a ser guiada pela bússola da própria alma; ela abandonou os caminhos que não lhe seduzem. Ela carrega cicatrizes dos espinhos que pisou ao andar fora do seu propósito, mas ela segue plena, percebendo essas marcas como símbolos de um aprendizado.

A mulher que saiu do fundo do poço entende de humilhação, mas optou pelo perdão aos outros, e, principalmente, a si mesma. Ela aprendeu a se abraçar, a se colocar no colo, e a dizer "não se culpe, você fez o que conseguiu fazer naquela época".

Ela foi subestimada, criticada e alimentada com migalhas, mas decidiu se levantar do chão, sacodir a poeira e iniciar um novo caminho. Ela experimentou a metamorfose de sair do casulo, ela percebeu suas asas nascendo, ela se deu conta de que o chão não é o seu lugar. Contudo, ela mantém os pés no chão, ela sabe que é fundamental saber onde está pisando.

Se tem uma coisa que essa mulher tem de sobra é orgulho de si mesma, então, ela não vai pensar duas vezes antes de abandonar situações e pessoas que ameacem o sagrado dela. Ela tem clareza do que pode negociar, e daquilo que ela jamais vai abrir mão.

Ela aprendeu que nenhuma companhia compensa se ela tiver que deixar de ser ela mesma. A liberdade de ser quem ela é não caiu do céu, foi conquistada sangrando, e essa conquista não será negociada, que fique claro. Ela não quer guerra com ninguém, ela sabe o que quer, e o que merece.


Dra. Roberta Almeida Santos Barbosa  é pisicologa e diretora responsável técnica pelo INSTITUTO SELF DE PSICOLOGIA 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

VADINHO BARRETO O (HERÓI DA RESISTÊNCIA)


 Vadinho Barreto


LEGÍTIMO REPRESENTANTE DA CULTURA, UM "HERÓI DA RESISTÊNCIA"!

Conheci Vadinho Barreto durante um show dele, numa noite de 1985, no "Cascas Bar". Ao fim do show seguimos pra Uma "esticada" na noite, paramos no "Massa Rara"... Estávamos eu, uma namorada minha, Nenêm ( Carlos Zeppelin ), Vadinho Barreto, seu empresário e alguns novos amigos que acabamos de conhecer no ultimo bar. Todos juntos, na farra, numa camionete que eu tinha! Foi a primeira de várias farras homéricas que estavam por vir! Lá no "Massa Rara", inevitavelmente. Vadinho teve que da uma canja...Ah, a festa estava só começando! Foi uma noite inesquecível! Depois não parou mais...lá estávamos nós, Eu e Vadinho... por varias vezes entre canjas e goles nas maravilhosas  noites frias de Vitória Conquista, no "Dose Dupla", no "Taquara Drink Som", " Candelabro", "Bar gunça",  "A Chácara", "Paissandu ", "Portugal", "Boate Cafezal", "Boate Carrascão", " A Cabana", "Ali Bar", "Cio da Terra", "Mistura Fina", "Bar do Tuta", "GG", "Casa Kaiada",  "Bar Cai 1" "Bar Cultura", "Acalanto", "O Casarão", "Restaurante da Dalva", "Vanda Bareto", "Varandá", " Toquinho", "Boca de Forno", "Escondidinho", "Mocófaia", "Raízes", "Bar do Jair, " " Bar do Lebrão", "Luar do Sertão", "Bareta", "Esquina de Massú", "Luar", "Largo da Carioca", "Barão Bar", "Scala", "Bar do Sabino", " Castelo do Vinho", "Gota D'água", "Privê dos Curtidores", "O Esquinão", "Bob Lanches", "Trevessia", "Bar do Marcelo", "Cio da Terra"  O Gaúchão",  "Bar Doce Bar", "Panela de Barro", "Pisa na Fulô", "O indiano", " Bar do Dema"   "Arnaldo's", "Ponte de Safena", "Ali Bar II", "Bar do Nilton", " Coma-Leão", "Bar do Chico", "Primavera", "Vermelho e Branco", "Paulinho Du Bar" "La Pança" (Beco Cultural). Antes não haviam lojas de conveniências então os points dos notívagos, boêmios e poetas eram: ( Bareta, Bar 24 horas e um tal Brasa de Ouro). E muitos outros que de tanto tempo já me falha a memória . Em cada lugar desses pude ver meu amigo cantar, sorrir, poetizar e, assim, a minha admiração por este artista obstinado pelo ofício de cantar foi crescendo. Hoje, assisto ao resultado de tanto talento e determinação concretizado no seu projeto QUINTAS DE MAIO que de forma pungente apresenta e revela os grandes nomes da MPB Nacional e Regional. Sempre no A.A.B.B e no aconchegante "Cultura Bacana".

Parabéns, Vadinho Barreto, pelo esforço, dedicação e empenho pessoal para manter e sustentar um projeto artístico-cultural dessa magnitude por longos 20 anos só com muito empenho e apoio de grandes parceiros.  E você sempre com alegria, garra e vontade conseguiu cair nas graças da sociedade Conquistense, profissionais liberais, empresários e o próprio poder público. Sem contar os inúmeros artistas geniais que nossa cidade oferece. Hoje vc comanda seu Programa Quintas de Maio na Rádio Melodia fm 87.9 com Transmissão ao vivo pelo Youtube além de fazer o  Programa Som da Terra na Rádio Clube de Conquista junto com o amigo e  talentoso Janio Arapiranga.



Eis aqui um fã de seu trabalho e de sua arte.



Beto Magno.

( VM FILMES ).


 

sábado, 4 de fevereiro de 2023

EDUCAÇÃO É TUDO


Educação é tudo
 
O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos. É a inversão do efeito Flynn.

Parece que o nível de inteligência, medido pelos testes, diminui nos países mais desenvolvidos. Pode haver muitas causas para este fenómeno. Um deles pode ser o empobrecimento da linguagem.

Na verdade, vários estudos mostram a diminuição do conhecimento lexical e o empobrecimento da linguagem: não é apenas a redução do vocabulário utilizado, mas também as subtilezas linguísticas que permitem elaborar e formular pensamentos complexos.

O desaparecimento gradual dos tempos (subjuntivo, imperfeito, formas compostas do futuro, particípio passado) dá origem a um pensamento quase sempre no presente, limitado ao momento: incapaz de projeções no tempo.

A simplificação dos tutoriais, o desaparecimento das letras maiúsculas e da pontuação são exemplos de "golpes mortais" na precisão e variedade de expressão.

Apenas um exemplo: eliminar a palavra "signorina/senhorita/mademoiselle" (agora obsoleta) não significa apenas abrir mão da estética de uma palavra, mas também promover involuntariamente a ideia de que entre uma menina e uma mulher não existem fases intermediárias.

Menos palavras e menos verbos conjugados significam menos capacidade de expressar emoções e menos capacidade de processar um pensamento. Estudos têm mostrado que parte da violência nas esferas pública e privada decorre diretamente da incapacidade de descrever as emoções em palavras.

Sem palavras para construir um argumento, o pensamento complexo torna-se impossível.

Quanto mais pobre a linguagem, mais o pensamento desaparece.

A história está cheia de exemplos e muitos livros (George Orwell - "1984"; Ray Bradbury - "Fahrenheit 451") contam como todos os regimes totalitários sempre atrapalharam o pensamento, reduzindo o número e o significado das palavras.

Se não houver pensamentos, não há pensamentos críticos. E não há pensamento sem palavras. Como construir um pensamento hipotético-dedutivo sem o condicional? Como pensar o futuro sem uma conjugação com o futuro? Como é possível captar uma temporalidade, uma sucessão de elementos no tempo, passado ou futuro, e a sua duração relativa, sem uma linguagem que distinga entre o que poderia ter sido, o que foi, o que é, o que poderia ser, e o que será depois do que pode ter acontecido, realmente aconteceu?

Caros pais e professores: Façamos com que os nossos filhos, os nossos alunos falem, leiam e escrevam. Ensinemos e pratiquemos o idioma nas suas mais diversas formas. Mesmo que pareça complicado. Principalmente se for complicado. Porque nesse esforço existe liberdade.

Aqueles que afirmam a necessidade de simplificar a grafia, descartar a linguagem dos seus "defeitos", abolir géneros, tempos, nuances, tudo que cria complexidade, são os verdadeiros arquitetos do empobrecimento da mente humana. 

Não há liberdade sem necessidade. Não há beleza sem o pensamento da beleza.

Autor: Christophe Clavé

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

HELENA IGNEZ



Beto Magno, Helena Ignez e Lázaro Faria

A pré-estreia mundial do novo filme de Helena Ignez, "A alegria é a prova dos nove", aconteceu nessa segunda-feira, 23/01, na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

"Alegria é fazer parte de uma obra tão atual, necessária, contundente.

Provocativa e amorosa ao mesmo tempo."

Viva Helena Ignez!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

DRA. ROBERTA BARBOSA


Dra. Roberta Almeida Santos Barbosa

Baiana, natural de Vitória da Conquista - Bahia, onde se graduou em pisicologa pela Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), possui formação em psicanálise  pela Escola Brasileira  de  Psicanálise (EBP) e em Hipnose  Ericksoniana pela The American Board of Hypnotherapy (ABH) e the International Society of Hypnosis (ISH), além das especializações  em Clinica Cognitivo Comportamental (Grupo Uninter) e Pisicologa do Trânsito  ( Complexo de Ensino Superior Arthur  Thomas -  CESA).

Mestre em Desenvolvimento  Humano e Responsabilidade Social pela Fundação  Visconde de Cairu (FVC) e certificações em Practitioner of Neuro Linguistic Programming pela Association for Neuro Linguistic Programming (ABNLP), COACH em PNL Programação  Neurolingüística  pela  Coaching Division of The  American Board of NLP. Detém  capítulos nos seguintes livros públicados: Instrumentos  Qualitativos  da Pesquisa  Ed. HETERA (2015) e EDUCAÇÃO, DESENVOLVIMENTO HUMANO  E RESPONSABILIDADE  SOCIAL  Ed. HETERA (2014). Atualmente é responsável técnica do Instituto Self de Pisicologa e Análise situado em Salvador, Bahia, com capacidade de atuação em Psicologia Educacional, Clínica, Comportamental, do Trânsito, Psicanálise  e Hipnoterapia.


Fonte: Uma Proposta de Intervenção Precoce Frente Às  Dificuldades  de Aprendizagem.  ( sinais e sintomas ).

Dra. Roberta Barbosa. 

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

A VOZ DO POVO


 Vereador  Chico Estrella




VITÓRIAS no campo... CONQUISTAS na vida!

Muito se tem dito sobre os efeitos pedagógicos do esporte na formação

de uma vida e de um caráter; o futebol, então, no nosso país e no

mundo inteiro, tem sido assim esta grande escola de homens

perseverantes e combativos, mas que também aprendem cedo a respeitar o

próximo e as regras de bem viver em sociedade. Chico Estrella Dantas é

um exemplo destes homens que, criado no mundo do futebol, soube trazer

para a vida pública e familiar as lições que aprendeu no "fair-play"

de uma longa vida de companheirismo e disciplina dentro das quatro

linhas dos gramados! Com um aguçado senso de companheirismo e

solidariedade, Chico tem se destacado no cenário político da sua

cidade, Vitória da Conquista, como um daqueles craques que está sempre

com um conselho, uma palavra de ânimo e, ao mesmo tempo, com a firmeza

e a liderança de quem veste a camisa do seu povo e, se um dia o

técnico se ausentar, pronto para assumir o comando e conduzir nosso

escrete na conquista do campeonato. Campeonato este, explica-se, como

uma metáfora da batalha que nossa terra trava todos os dias para

vencer o subdesenvolvimento e subir para a primeira divisão das

cidades evoluídas, prósperas e de um povo feliz e bem amparado. A esta

exitosa experiência, outras vieram se somar na gestão de uma liderança

política autêntica e promissora que Chico Estrella representa: Uma

família exemplar capaz de refletir a integridade e a força dos

princípios cristãos e uma longa e idônea atividade como empresário,

honesto e agente da prosperidade financeira da nossa cidade. Parece

pouco, embora raro hoje em dia, homens qualificados assim para a vida

pública, mas é o suficiente para participar com humildade no

enfrentamento dos grandes problemas que nossa terra irá enfrentar

nessa década que transcorre. Chico Estrella, como já dito acima, é um

atleta do coletivo, das mãos unidas, e sabe que sua modesta

competência, quando somada com a vossa, caro leitor, será capaz de

conduzir uma corrente de entusiasmo e energia suficientes em acordar

nossos líderes da letargia e do desânimo, ouvindo e apresentando

ideias, projetos, soluções e atitudes que arrastará a todos nós para

os trilhos do progresso e da vida feliz que é o destino desta cidade,

conforme os sonhos e as esperanças dos nossos ancestrais que

construíram esse município. Somos o futuro deles, somos o fim de todos

os seus esforços, e, nas lutas políticas que doravante travaremos ao

lado desse vigoroso atleta que é o Chico Estrella, poderemos imaginar

estes nossos ancestrais na arquibancada do Paraíso, vibrando com cada

golaço, cada jogada, cada lance criativo e empolgante, goleando sem

perdão o time adversário da decadência, da corrupção e do abandono!

Passa a bola, lança na área e deixem o Chico cabecear... E corram para

o abraço!


C.R.S

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Mostra “Nordestern: bangue-bangue à brasileira” abre agenda gratuita do ano na Cinemateca



Cena do filme "Sertânia" (Foto: Divulgação/Miguel Vassy)

Movimento social ocorrido no Nordeste entre o final do século XIX e o início do século XX, o cangaço tem uma presença extensa na filmografia brasileira. Ele começa a aparecer no cinema nordestino, sobretudo pernambucano e baiano, a partir de 1925, quando o fenômeno estava em pleno andamento, em filmes como “Filho sem mãe” (1925), “Sangue de irmão” (1927) e “Lampião, a fera do nordeste” (1930). Desses títulos, infelizmente, nenhum sobreviveu. Seguindo essa temática, a Mostra “Nordestern: bangue-bangue à brasileira” abre a programação gratuita de 2023 da Cinemateca Brasileira e fica em cartaz de 19 a 28 de janeiro, na sala Grande Otelo. 

O título mais antigo da mostra, “Lampeão” (1936), é um registro documental raro e intrigante de Lampião, Maria Bonita e seu grupo, mostrando cenas cotidianas de lazer e tranquilidade realizadas com grande esforço pelo cinegrafista Benjamin Abrahão, cuja odisseia para conquistar a confiança do grupo é ficcionalizada 60 anos depois em “Baile perfumado”(1996).

Mas é com “O Cangaceiro” (1953), de Lima Barreto, filme que completa 70 anos em 2023, que a representação do cangaço, do Nordeste e do bangue-bangue se consolida como um estilo cinematográfico tipicamente brasileiro, batizado pelo crítico Salvyano Cavalcanti de Paiva de nordestern. Isso porque esses filmes tinham uma clara inspiração nos westerns americanos e seus filmes de aventuras no Velho Oeste. Gênero controverso, tal como o próprio cangaço, por retratar o movimento por vezes como excessivamente violento, por vezes sob uma ótica romantizada e heroica, o nordestern foi produzido inclusive no Sul do país, sempre evocando os signos e o imaginário em torno do Nordeste, sua história e cultura.

De “A morte comanda o cangaço” (1960), passando pelo documentário sociológico “Memória do cangaço” (1964), pelo épico de Glauber Rocha “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1967), pelo importante documentário “A musa do cangaço” (1982), que aborda a participação das mulheres no cangaço, até produções contemporâneas que evocam o fenômeno, como “Bacurau” (2019) e “Sertânia”(2019), dentre outros, a mostra convida o público a apreciar o mosaico de produções que compõem esse movimento do cinema brasileiro.

A programação inclui também uma conversa com Kleber Mendonça Filho, co-diretor de “Bacurau”, antes da exibição de seu filme no dia 19, quinta, e uma mesa de conversa sobre mulheres no Cangaço no dia 28, sábado, com Walnice Nogueira Galvão e Maria do Rosário Caetano, organizadora do livro “Cangaço: o nordestern no cinema Brasileiro”, que estará à venda no foyer Grande Otelo depois do debate. 

Sessão Infantil 
E a partir de janeiro de 2023, a Cinemateca Brasileira inicia sessões dedicadas às crianças com frequência quinzenal, sempre aos sábados. Serão exibidos filmes brasileiros e estrangeiros, de diferentes períodos e estilos, de modo a fomentar a formação de público cinematográfico desde a infância.

Fonte: Tela Viva

ARTE MODERNA, SEM RIMA E SEM MÉTRICA

Allan de Kard 


ZOOANTROPIA


Eu sou filhote da arte moderna. 

Já nasci rompido com a métrica e o academicismo.

Minha arte vagueia no livre pensar, e num mergulho na intuição, constrói narrativas mitológicas, que quando iluminada pela razão se faz filosofia.

  Religa com o Divino,  não é fé Dogmática, pois é Fé raciocinada,

   Jamais se perde nos labirintos da Ciência, pois é puro sentimento.

  Minha arte é Sã, minha fé não é vã.

Allan de Kard  Verão de 2022

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

PONTO DE VISTA: OS SINGULARES "TERRORISTAS " DE BRASÍLIA

 



Por Joaci Góes 


Ao General Marcelo Guedon, que ontem aniversariou. 

Entre os quase 1.600 “terroristas” detidos no último domingo em Brasília, um grande número era composto por mulheres, crianças e idosos, empregados, patrões e profissionais liberais, sem qualquer antecedente criminal. Mais uma característica marcantemente singular é que nenhuma arma, branca, de fogo ou outro artefato bélico qualquer, foi encontrado com os “terroristas”. Para alguns segmentos da mídia brasileira, porém, trata-se de “mercenários fascistas a serviço da destruição dos sólidos pilares de nossa democracia, duramente conquistada”.

Tão logo deparou esse surpreendente panorama humano da multidão que acabara de predar as sedes dos três poderes, as autoridades policiais cuidaram de libertar a grande maioria, permanecendo detidos por mais algum tempo menos de 20% do grupo original, a serem liberados, logo em seguida, para se defenderem em liberdade, se a lei brasileira se sobrepuser ao voluntarismo ora reinante no Brasil, através de práticas ditatoriais de membros do Poder Judiciário, com a parceria criminosa do Poder Legislativo, comprovando o ominoso compadrio entre poderosos grupos marginais que reciprocamente se protegem. A perplexidade do difícil momento que atravessamos, com a temível tendência a se aprofundar, confere atualidade à avaliação de Rui segundo a qual “Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro.”

A verdade que não quer calar é que esta rebelião coletiva, utilizando métodos que reprovo, constitui uma miniatura do grande contingente nacional que não aceita o retorno de um peculatário, o maior de que se tem conhecimento no Planeta, depois de exaustivamente comprovadas e punidas suas enormes responsabilidades, ao mesmo posto que desonrou, graças à indecorosa e prostituída iniciativa de membros da Suprema Corte de anular o processo, exaustivamente acompanhado pelas tvs, que o condenou, com o propósito evidente de assegurar-lhe a impunidade pelas estradas largas da prescrição. Esta, sim: uma violência muitas vezes maior do que a quebradeira de Brasília. Como nos ensinou Rui “Se os fracos não têm a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional.” Afinal de contas “Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!”

Não há vergonha maior na história do judiciário dos povos decentes do que a praticada por nosso Pretório Excelso, cuja credibilidade popular, na atualidade, é a menor de todos os tempos. Atos ou decisões inconstitucionais não se convalidam com a aprovação de chefes de poderes desertores do dever.

 Com a soltura de Sérgio Cabral, em nome da mínima moralidade, deveríamos soltar a totalidade de nossa população carcerária. Basta comparar os anos de condenação atribuídos a Sérgio Cabral com os de Fernandinho Beira-Mar e Marcola, meros trombadinhas.

Para mostrar sólida coerência de princípios, em sua disposição de atropelar quem quer que se oponha ao seu arbítrio, o Ministro Alexandre de Moraes deveria mandar prender, também, os ex-comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica que, em nota conjunta, denunciaram os seus excessos; bem como os Generais que acompanharam com simpatia democrática o cerco que por dois meses sofreram das populações que lhes pediam para intervir. Caso contrário, crescerá o prestígio do aforismo que ensina que “boi sabe onde arrombar a cerca”, bem como o acicate de Rui: "Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de estado, interesse supremo, como quer te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde."

Sem dúvida, a autoridade da justiça é moral, e sustenta-se pela moralidade das suas decisões.

Fonte: Jornal Tribuna da Bahia


segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

ABELHAS PROCURAM FLORES


ABELHAS PROCURAM FLORES

Quando, nos idos setenta e cinco fui indicado para assumir minha primeira delegacia, fato que ocorreu em Itapetinga no alvorecer do ano seguinte, jamais poderia supor seriam os caminhos difíceis da carreira que abracei com sofreguidão, desde o início, pontes capazes de me fazer realizado e, sobretudo, percorrer trilhas deveras cintilantes.
Sim, porque como digo ultimamente pude plantar desde então, principalmente na serrana Vitória da Conquista, aonde cheguei naquele tempo, antes mesmo de aportar na terra que foi a rainha da pecuária baiana, amores e amigos. Os especialíssimos frutos desta semeadura, filhos e cúmplices, posto verdadeiros amigos, nada mais representam senão parceiros do bem, me têm ofertado momentos de emoção indescritíveis.
Confesso, quando engatinhava no mister que me tornou um caçador de infratores, atividade pela qual conheci os quatro cantos deste imenso país, bem como outras plagas fora de nossas fronteiras, buscando conhecimento, ou laborando na atividade fim, seria imponderável crer que se transformariam os episódios vividos, em obra que escrevi.
Inimaginável crer que Saques e Tiros na Noite - Sonhos, Estórias e Histórias de um Homem de Polícia - teria o condão de reconduzir este calejado investigador, tal qual raposa velha que perde o pelo, perde os dentes, mas não perde o faro, aos palcos em que os dramas ocorreram, sem riscos nem dor, mas, tão somente, no dorso do corcel alado chamado emoção.
Depois, mudando a biruta, ao invés de redigir novo elenco de memórias consegui grafar um romance - Surfando em Pipelines - e assisti serem publicadas, também, diversas crônicas que irão compor Divagares Ligeiros, justo a compilação destas divagações. Enfim, passei a rabiscar versos que têm sido iluminados, não pela inspiração deste poeta, mas pelas obras do fenomenal Ed Ribeiro, consagrado artista plástico baiano cujos quadros empresta, para ilustrar  os sonetos do que virá a ser, Poemas Iluminados.
Todas estas nuances vindas num crescendo fazem com que este Homem de Polícia creia no caráter transcendente da existência, assim como na belíssima dinâmica da vida que a faz ser tão fascinante. E é justo sobre mais um feixe de emoções que estas linhas pretendem considerar.
A convite do jovem e talentoso Beto Magno aporto ontem na estação que renovada trará o nome de um dos seus maiores inspiradores, Glauber Rocha. Cineasta, publicitário, conhecedor e amante das artes em geral, Beto reúne uma plêiade de notáveis, para lançar seu novo empreendimento e estou entre os convidados. Induvidosamente, a VM produções elevará sobremaneira o nome desta terra de tantos luminares, na musica, no cinema, na literatura, na escultura, na arte em geral, nos esportes, na política, destarte, sou privilegiado por participar do evento.
De saída, o ambiente escolhido para a solenidade abriga energia de elevada magnitude. A fazenda Vidigal, de nossa cidadã conquistense e baiana, Valéria, cujas pinturas encantam, e do esposo Giano Brito, palco onde a pedra fundamental da VM FILMES foi fincada dispensa comentários. Por seu turno, quaisquer adjetivos serão incapazes de descrever as virtudes incomensuráveis do casal anfitrião.
Apesar de amalgamados, na liga de um amor que brilha ao entorno de ambos revelando o geminar das suas almas, cada um deles tem, todavia, papel definido no exercício das responsabilidades profissionais, pessoais e sociais que desempenham, dentro da família e da comunidade onde pontuam. Mas, e acima de tudo, na medida em que entendo serem duas as razões que diferenciam os mortais de seus pares - inteligência e sensibilidade -, por certo, Giano e Valéria estão bem acima da média, nestes quesitos fundamentais.
A diferença no particular é que nele, reservado por natureza, reside a fonte onde ela, personalidade intensa busca o combustível que queima na sua permanente arte de entrega.  Como exemplo há de referir, suas férias serão oportunidade de trabalho para levar a jovens desta terra, o milagre da transformação que apenas pode ser alcançado, nas profundas águas da cultura.
Naquele sítio encantado, depois de abraçar os donos da casa pude rever velhos conhecidos e reencontrar, decerto, figuras de um passado imemorial a quem deveria rever neste plano do agora. Enquanto cumprimentava Armenio, Cassiano, Garcez, o grande escultor Allan de Kard, retratista local, J.C. de Ameida, levado a todos eles pelos sentidos elétricos de Beto, ladeado por João Luis e Vitória Magno, seus lindos filhos - mote da VM - revi alguém a quem não encontrava há anos, Luciano, amigo de meu querido irmão Valnei que voltou ao etéreo e matamos saudades. Justo sua esposa, D. Fátima cuidava de ofertar aos chegados, cadinhos magníficos, petiscos oriundos da Delícia da Nina e cachaça artesanal alambicada em Iguaí.
Enquanto o profissional local e diretores de fotografia para o cinema, Xeno Veloso e Inácio Teixeira interagiam comigo através suas conversas retinas e lentes, fui ao encontro do consagrado Lázaro Faria, publicitário e cineasta. Finalmente encarei a fera, Zelito Viana e sua esposa Vera de Paula, ele aplaudido produtor e roteirista brasileiro, pai do ator Marcos Palmeira, também produtor de alimentos orgânicos em Itororó, na fazenda Cabana da Ponte fundada por Sinval Palmeira, exponencial personalidade que pude conhecer, exatamente quando fiz meu “avant premiere” como Delegado naquelas paragens, com eles, o dramaturgo Sergio Ramos, nascido na cidade da carne do sol mais famosa do Brasil.
Após a abertura, todos os presentes foram brindados com o curta Alô Boys , lançado por Beto e pela maravilhosa película dirigida por mestre Zelito Viana e Gabriela Gastal, sob os auspícios da Mapa Filmes.  Neste momento invadiram a sala de projeção sem pedir licença - e não deveriam -, além do motivo inspirador da obra, Ferreira Goullart, Marcos Nanini, Adriana Calcanhoto, Laila Garin e Paulinho da Viola. Inebriados pela beleza do tributo ao grande e imortal artista maranhense, não restaram dúvidas acerca da máxima que intitula o filme: A ARTE EXISTE PORQUE A VIDA NÃO BASTA.
Enquanto degustava o jantar supimpa, feito com esmero pela chef Cris Luna, ao som de musica leve aos acordes de Lucinho Ferraz e da voz de  jovem e excepcional cantora, Valéria lembrou episódio inusitado ocorrido quase dezoito anos atrás. Recordou que nossas famílias se encontravam, por casualidade, numa pousada às margens da barragem de Anagé, quando houve atitude tanto neurótica, própria dos profissionais de polícia, sempre que expostos a momentos de perigo. Abelha impertinente picou seu lábio, enquanto sorvia refrigerante e tendo gritado frente a dor provocou reação incontinenti deste oficial de segurança, postado próximo à mesa onde estava. Viajamos no tempo, rimos outra vez, sua filha, na época criança acompanhou o momento hilário e viajei no trem bala do pensamento até a cama de meu João, em Salvador. Assim, como a jovem estava ele ainda infante, naquele cenário recordado.
Despedi-me de todos e voltei para a pousada onde me abrigo e agora escrevo estas linhas. Quando subi a serra imaginei, quanta felicidade para Conquista receber empreendimento do porte da VM FILMES Produções, bem como será exitosa e cheia de sucesso, a nova jornada que Beto enceta.
Ao deitar pensei numa verdade e faço-a transmitida para Giano, Valéria, seus filhos e todos que lhes amam. ABELHAS PROCURAM FLORES.
Hoje, nos revimos, ao eflúvio dos vinhos na adega, Box 111 e no sabor supimpa das iguarias feitas pelo chef Jack, estrela do Bistrô.
Afinal, o que é bom acontece muitas vezes.

Vitória da Conquista, 25 de novembro de 2017
Valdir Barbosa
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 Ilustração: tela de Valéria Vidigal 

domingo, 8 de janeiro de 2023

UM BAIANO NO EXÉRCITO DE NAPOLEÃO



Por Mamede Paes Mendonça Neto

Um baiano no Exército de Napoleão.

Caetano Lopes de Moura (1780-1860) Nasceu na cidade de Salvador, aos 7 de Agosto de 1780, sendo filho de Maximiano Lopes de Moura, mestre carpinteiro, homem de côr, “sisudo e de sãos cos­tumes”.

Em 1797, com apenas dezoito anos de idade, envolveu-se com a “Conspiração dos Búzios”, assim chamada porque seus adeptos usavam um pequeno búzio prezo à corrente do relógio. Descoberto o movimento revolucionário, Caetano Moura foge para Portugal e, depois de muitas agruras, matricula-se na Universidade de Coimbra.

Abandonando posteriormente a ideia de estudar em Portugal, partiu Lopes de Moura para a França, onde depois de grandes dificuldades conseguiu concluir o curso medico em Paris. Tolhido pela necessidade, ingressou Lopes de Moura no exercito francês, como ajudante de cirurgia, passando-se depois para a Legião Portuguêsa que servia sob as ordens de Napoleão Bonaparte. Tendo-se demitido do exercito, quando co­meçou a decadência do imperio napoleônico, fixou Lopes de Moura a sua residencia em Grenoble, onde se dedicou á pratica da medicina.

Ao cabo de algum tempo, notabilizou-se pela competência, e pela cultura.

Com a derrota de 1814, Napoleão foi exilado e Caetano Moura caiu no ostracismo. 

Sempre em luta com a adversidade, foi Lopes de Moura so­corrido em Paris pela generosidade do imperador Pedro II, que lhe concedeu uma pensão, de maneira que o ilustre brasileiro pudesse continuar, sem embaraço, os seus trabalhos científicos e literarios. Já octogenario, faleceu em Paris, a 3 de Dezembro de 1860.

Caetano Lopes de Moura deixou numerosos trabalhos de historia, geografia, literatura e diversas traduções de obras es­trangeiras. Deixou tambem uma interessante Auto-biografia, cujo autógrafo pertence ao Instituto Historico, que o possue por oferta que lhe fez o Marquês de Sapucaí.

Entre os seus trabalhos mais conhecidos, destacam-se a História de Napoleão Bonaparte e Harmonias da Criação. Lançou também várias obras didáticas, Mitologia da Mocidade, Dicionário Geográfico, Histórico e Descritivo do Império do Brasil, Epítome cronológico da História do Brasil.

Escrevendo em 1846, Caetano Lopes de Moura, exprimiu a sua profunda admiração pelo imperador francês na sua Histoire de Napoleon - uma biografia em que os gloriosos acontecimentos do passado foram celebrados segundo um certo modelo de historiografia do século XIX.. Na época da publicação do livro, ele morava na França há algum tempo. Relatando a Batalha de Wagram refere que 'esteve presente nesta inesquecível batalha como cirurgião-mor da Legião Portuguesa'. Em seu breve relato do encontro com Napoleão em Ebersdorf, ele observa com entusiasmo que "seus olhos eram tão cheios de vida que qualquer um que olhasse para eles era obrigado a abaixar os olhos até o chão, tal era o fogo emitido". 

O entusiasmo é ainda mais manifesto ao descrever a queda do imperador francês: 'O grande homem caiu... glória, todo o seu gênio e toda a sua grandeza moral.' Caetano Lopes de Moura nunca mais voltou ao Brasil e passou o resto da vida na França. Morreu em 1860, depois de uma vida dominada por duas grandes figuras, Napoleão e Pedro II, Imperador do Brasil.

 O exemplo de Lopes de Moura é sugestivo do poderoso fascínio que Bonaparte exerceu sobre vários intelectuais e políticos luso-brasileiros e , através deles, sobre Portugal e seu império. Pela profunda mudança que produziu nas histórias da França, da Europa e de suas colônias - redesenhando o mapa político, introduzindo o Code Civil e derrubando várias dinastias - Napoleão criou o arquétipo do herói moderno.

Ao mesmo tempo, suas ações também tiveram repercussões distintas nos impérios ibéricos, incluindo o de Portugal, receptivos ao contexto mais amplo de crise do Antigo Regime ou de uma época de revoluções. No mundo luso-brasileiro, o difícil período das invasões francesas (1807-1814 ) deu origem a representações e opiniões contrastantes sobre Napoleão e a França Imperial.

Caetano Lopes de Moura pertence ao numero dos mestiços brasileiros de origem modesta, que á custa de esforços proprios souberam elevar-se dignificando o nome de sua terra nativa. Aliás, no Brasil não foi pequeno o numero desses descendentes da raça negra que contribuiram com os frutos de sua inteligen­cia para a grandeza das artes e das letras patricias.

E o velho cirurgião do exercito bonapartista está, sem du­vida, incluído neste numero. 

FONTE: PARANHOS, Haroldo. História do romantismo no Brasil. São Paulo: Edições Cultura Brasileira, 1937.