Roberto Pires
*Por Beto Magno
Roberto Pires, nasceu em Salvador no dia 29 de setembro de 1934, foi o “cineasta e inventor” da cinematografia baiana. Mesmo com Alexandre Robatto Filho tido como pioneiro, é Roberto quem vai conseguir conquistar esse titulo, com sua persistência, teimosia e tenacidade realizando assim o sonho de se fazer um longa metragem na Bahia. Como destaca Góis, “falar de Roberto Pires é falar de um cinema baiano que conseguiu encantar plateias. Um verdadeiro mestre em seu oficio de entreter e sonhar”.
Frequentador dos cinemas Santo Antonio, Pax, Jandaia e Aliança, localizados todos no centro de Salvador, Roberto Pires tinha acesso aos filmes da época, e foi aí que se formou enquanto cineasta. Nunca frequentou nenhum tipo de escola, tudo o que sabia aprendeu por osmosse e empiricamente assistindo muitos filmes, em sua grande maioria, thrillers policiais, gênero que teve influência evidente em suas obras. Trabalhava com seu pai numa ótica e era com o dinheiro ganho ali que investia em equipamentos, como uma câmera 16mm comprada na adolescência, na qual gravou seus primeiros curtas:
O sonho (1955) e O calcanhar de Aquiles (1955), ambos pautados no tipo de linguagem que era utilizada na época (fusões, flashbacks...).
Com a capacidade de criar artesanalmente os equipamentos que usaria em seus filmes, Roberto Pires, inventou, no laboratório da ótica de seu pai, a lente anamórfica Igluscope (semelhante a Cinemascope, que não havia no Brasil), e fez o primeiro longa-metragem baiano, Redenção (1958), filme que lançou a ator Geraldo Del Rey. O sucesso desse filme impulsionou um período importante do cinema brasileiro, o Ciclo Baiano de Cinema (1959-1963).
O sucesso desse filme impulsionou um período impor O Ciclo, através de diretores como Glauber Rocha, deu fermento ao movimento do Cinema Novo.
Pires começou a trabalhar com cinema com um grupo de jovens do qual faziam parte Glauber, Luís Paulino dos Santos, Geraldo Del Rey, Helena Ignez, Antonio Pitanga, Othon Bastos, entre outros. Em 40 anos de carreira dirigiu oito filmes dos quais sete longas.
Junto com Élio Moreno Lima, Oscar Santana e Braga Neto, fundou a Iglu Filmes e começou a realizar o projeto do filme Estalagem 25, que depois passou a ser chamado Redenção. A produtora fazia dois cine-jornais: o Bahia na tela e o Brasil – norte para angariar fundos para seus inúmeros projetos cinematográficos.
A Iglu produzia filmes, e foi responsável pelos principais do período: Redenção (1959), A grande feira (1961), Tocaia no asfalto (1962) e Barravento (1962), dialogando algumas vezes com produtoras do Rio de Janeiro, onde eram enviados para serem montados e finalizados.
Após gravar seus primeiros filmes na Bahia, o cineasta vai para o Rio de Janeiro e produz mais algumas películas como, O crime no Sacopã (1963), Máscara da traição (1969) produzido por Zelito Viana da MAPA FILMES. E em busca do sus$exo (1970). Passa por um período em que não dirige filmes, trabalhando então como montador e produtor em alguns projetos, e só dez anos depois volta à direção em: Abrigo nuclear um filme futurista encantador (1981), Alternativa energética (1982), Brasília última utopia (1989), Césio 137 – o pesadelo de Goiânia (1990), Biodigestor (1991) e Energia solar (1991).
Roberto Pires faleceu em 2001, em consequência de um câncer na garganta, supostamente por conta de uma contaminação pelo Césio 137 durante as gravações.
*Meu patrono na Academia de Cultura da Bahia.