Em 14 de março de 2009, o cineasta baiano Glauber Rocha completaria 70 anos. Para comemorar a data, um ano antes, a Associação dos Amigos do Tempo Glauber, em parceria com a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, promove a exposição multimídia “Glauber, Uma Revolução Baiana”, de 12 a 24 de março no Teatro Castro Alves. Através dela, o público terá oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de um de seus filhos mais diletos.
No foyer do teatro será montada uma exposição com cerca de 100 metros quadrados em painéis, contendo fotografias, cartazes, manuscritos e textos que recriam a trajetória do artista desde o seu nascimento. Cinco TVs de plasmas exibirão curtas-metragens, documentários especialmente produzidos, a partir de trechos de entrevistas de Glauber e depoimentos das equipes e do elenco de seus filmes, além do lendário programa Abertura, exibido na extinta TV Tupi. Totens darão acesso ao conteúdo “off-line” do portal
http://www.tempoglauber.com.br/ e do banco de dados do acervo do Tempo Glauber com cerca de 10 mil documentos. Além disso, haverá debates e a mostra “Cinema da Terra” com exibição de oito filmes em tela grande – sendo cinco do cineasta - na SALA DE ARTE/MAM. Dentre os destaques serão exibidos pela primeira vez no Brasil os filmes restaurados “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro” (1968) e “Barravento” (1960) e, em Salvador, os documentários “Anabazys” de Paloma Rocha e Joel Pizzini e “Diário de Sintra”, de Paula Gaitán.
Na abertura do evento, dia 12, para convidados, haverá ainda o lançamento de um catálogo com cerca de 70 páginas, contando a vida de Glauber e criação de seus principais trabalhos, contextualizando-os com momentos importantes da vida cultural, política e cinematográfica do país. Ainda neste dia, será assinado um protocolo de intenções entre a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e a Associação Amigos do Tempo Glauber para a implementação do Tempo Glauber Digital em Salvador. O Tempo Glauber e a restauração da obra do cineasta são patrocinados pela Petrobras.
Segundo Paloma Rocha, filha de Glauber, o objetivo da mostra é fazer com que o público de todos os segmentos interaja com a obra do artista baiano. Sobre a oportunidade do encontro, ela diz: “Com o lançamento dos filmes restaurados em DVD e a duplicação do acervo do Tempo Glauber poderemos criar diversos pontos digitais de acesso à obra. Graças à iniciativa de Márcio Meirelles, da Secretaria de Cultura da Bahia, realizamos um antigo desejo, que é a implementação de uma filial do Tempo Glauber em Salvador, permitindo uma maior convivência de Glauber com a Bahia.”
Para o secretário Márcio Meirelles, que conta ter procurado a família do cineasta, no início do ano passado, para “propor uma volta de Glauber à Bahia”, a presença desse acervo em Salvador é fundamental para reposicionar a importância que a Bahia tem na história do cinema brasileiro. “Sempre achei uma incoerência a Bahia não contar com uma referência à Glauber. Até pouco tempo, tínhamos apenas um cinema fechado com o seu nome, que agora está sendo reformado. Ele foi um dos mais importantes cineastas do país, sua obra é conhecida internacionalmente e é uma grande inspiração”, afirmou, ressaltando que o Templo Glauber Digital em Salvador deve se transformar num espaço de reflexão, discussão e dinamização da memória audiovisual do Estado.
A implementação do projeto, que deve ser finalizado até o próximo ano, em tempo para as comemorações do aniversário de 70 anos de Glauber Rocha, será conduzida pelo Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb), através da Diretoria de Audiovisual (Dimas) – unidade atualmente vinculada à Fundação Cultural do Estado da Bahia. O cineasta e diretor do Irdeb, Pola Ribeiro, defende que a aposta no desenvolvimento da produção audiovisual na Bahia não poderia acontecer sem o resgate desse acervo. “A presença desses arquivos aqui deve fazer parte da construção de um desejo de se fazer cinema na Bahia, e a retomada desse contato com a família do cineasta tem sido feita com confiança e compromisso”, ressalta.
A mostra – Teatro Castro Alves
Aberta ao público de 13 a 24 de março no Teatro Castro Alves (Praça Dois de Julho, s/n° - Campo Grande/ Salvador – Bahia) – Entrada franca.
No foyer do teatro será montada uma exposição com cerca de 100 metros quadrados em painéis de , contendo fotografias, cartazes, manuscritos, e textos que recriam a trajetória do cineasta desde o seu nascimento. Computadores “totens” darão acesso ao conteúdo “off-line” do portal
http://www.tempoglauber.com.br/ e do banco de dados do acervo do Tempo Glauber com cerca de 10 mil documentos. Cinco TVs de plasma exibem documentários e curtas-metragens programados em DVD e exibidos ininterruptamente, em looping. São eles:
TV1 – documentários sobre o processo de restauração dos filmes: “Barravento”, “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, “Idade da Terra” e “Terra em Transe”;
TV2 – curtas-metragens: “Maranhão 66”, “Pátio” e “Di Cavalcanti”;
TV3 – documentários: “Depois do Transe” e “Primeyridade”;
TV4 – documentários : “Milagres” e “Retrato da Terra”;
TV5 – entrevistas sobre o filme “Barravento” e “Programa Abertura”.
* os documentários são dirigidos por Paloma Rocha e Joel Pizzini , e foram especialmente produzidos para o relançamento dos filmes restaurados.
Sinopses dos filmes
TV2 - curtas-metragens: “Maranhão 66”, “Pátio” e “Di Cavalcanti”
Maranhão 66
O filme é uma encomenda de José Sarney, que acabava de ser eleito governador do Estado do Maranhão (e seria Presidente da República 19 anos depois), e desejava que seu amigo Glauber Rocha produzisse um documentário sobre a cerimônia de sua posse. Isso se dá dois anos depois da tomada de poder dos militares. A franqueza do filme é total e anuncia o tom de “Terra em Transe”. Não se encontra no curta-metragem o mínimo de complacência para com o político que encomendou a obra. Ao contrário, o filme é construído como um verdadeiro desafio às promessas eleitorais demagógicas: enquanto o político se compromete solenemente a acabar com as misérias da região, elas são simplesmente mostradas, com uma terrível crueza, em imagens documentais (casas miseráveis, hospitais infectos, vítimas da fome, tuberculose...), alternando com as imagens do discurso em terrível oposição entre a retórica e a realidade, mas igualmente apontando a necessidade urgente de transformar as palavras em ações para promover o progresso social.
Pátio
Primeiro filme de Glauber, curta metragem experimental com 11 minutos de duração, rodado na Bahia. Num terraço de azulejos em forma de xadrez, um rapaz e uma moça. Esses dois personagens evoluem lentamente: se tocam, rolam no chão, se distanciam, se olham. Belos planos de mãos e rostos são montados em alternância com planos de vegetação tropical e do mar. Já nesse primeiro filme podemos discernir alguns traços específicos do cineasta: forte presença da natureza, tratamento do espaço e enquadramento.
Di Cavalcanti
Pouco depois de retornar ao Brasil após longo exílio, Glauber Rocha é surpreendido pela notícia da morte do pintor Di Cavalcanti. Amigo e admirador do artista, Glauber resolve filmar o velório que se realizava no Museu de Arte Moderna, e o enterro realizado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. A estas imagens foram depois acrescidas outras, que resultaram num dos mais criativos e originais filmes do cineasta. Em tom irreverente, porém nunca desrespeitoso, Glauber mescla imagens de obras de Di com a leitura do poema de Vinícius Mourão “Balada de Di Cavalcanti”, e com o depoimento pessoal em tom de narrativa esportiva radiofônica.. Trata-se de um marco na obra de Glauber, sinalizando o caminho cinematográfico subseqüente: a ruptura radical dos gêneros, diluindo agressivamente a distancia entre o documentário e a ficção.
TV3 – documentários: “Depois do Transe” e “Primeyridade”
“Depois do Transe” é dividido em 13 blocos com os temas: “América Nuestra”, “Roteyroz”, “Em Busca do Ouro”, “Atuação”, “A Luz de Eldorado”, “Montagem”, “O Som da Terra”, “Terra em Debate MIS RJ/1968”, “Filme em Transe”, “Cinema Novo”, “Polytika e Poetyka”, “3 Historyaz” e “Restauração”.
Através das “vozes” de Glauber Rocha, depoimentos da equipe e do elenco, além da participação de críticos de cinema e jornalistas foram recriados o ambiente político e método de criação utilizado para a realização do filme. Foram utilizados diversos materiais do acervo do Tempo Glauber como sobras de montagem, roteiros e anotações manuscritas e fotos de cena e bastidores.
O bloco “Terra em Debate” traz trechos do debate no MIS, mediado pelo jornalista Sérgio Augusto, com a participação de Alex Viany, Luiz Carlos Barreto, Fernando Gabeira, Hélio Pellegrino e Joaquim Pedro de Andrade.
Em "3 Historyaz", depoimentos bem-humorados de Luiz Carlos Barreto, Walter Lima Jr. e José Carlos Avellar revelam curiosidades do filme e do cenário político da época, a censura e artifícios utilizados para a liberação
TV4 – documentários: “Milagres” e “Retrato da Terra”
TV5 - entrevistas sobre o filme “Barravento” e “Programa Abertura”
O Programa "ABERTURA" teve sua estréia em 4 de fevereiro de 1979, na extinta TV Tupi, dos Diários Associados, com criação e direção de Fernando Barbosa Lima. Considerado um dos mais importantes inovadores da TV brasileira, foi também o criador do famoso "Jornal da Vanguarda" (1962 - 1969). O Programa Abertura foi ao ar de fevereiro de 1979 até julho de 1980, quando a Tupi fechou suas portas. Fernando Barbosa colocou no ar uma equipe de intelectuais, jornalistas, artistas e personalidades de primeira linha, como Antônio Callado, Fausto Wolff, Fernando Sabino, Sérgio Cabral, Oswaldo Sargentelli , entre outros, e representando o cinema brasileiro, Glauber Rocha, que aceitou o convite sem ponderar.
A participação de Glauber ocorreu de fevereiro a outubro de 1979. Em 8 meses, com 4 inserções (quadros) semanais, a estimativa é que Glauber tenha aparecido mais de 32 vezes no programa, que teve ao todo, 60 edições.
A mostra “Cinema da Terra” – no Solar do Unhão
Entre os dias 14 e 20 de março haverá também a exibição de filmes dentro da mostra “Cinema da Terra”, com títulos recém-restaurados na SALA DE ARTE – MAM (Av. do Contorno, s/n° - Solar do Unhão). Os ingressos custam R$ 6,00.
Programação por filme
O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, direção de Glauber Rocha
Dia 14/03, às 21h30m
"O Dragão é inicialmente Antonio das Mortes, assim como São Jorge é o cangaceiro. Depois, o verdadeiro dragão é o latifundiário, enquanto o Santo Guerreiro passa a ser o professor quando pega as armas do cangaceiro e de Antonio das Mortes. Em suma, queria dizer que tais papéis sociais não são eternos e imóveis, e que tais componentes de agrupamentos sociais solidamente conservadores, ou reacionários, ou cúmplices do poder, podem mudar e contribuir para mudar. Basta que entendam onde está o verdadeiro dragão."
SinopseNuma cidadezinha chamada Jardim das Piranhas aparece um cangaceiro que se apresenta como a reencarnação de Lampião. Seu nome é Coirana. Anos depois de ter matado Corisco, Antônio das Mortes (personagem de Deus e o Diabo na Terra do Sol) vai à cidade para ver o cangaceiro. É o encontro dos mitos, o início do duelo entre o dragão da maldade contra o santo guerreiro. Outros personagens vão povoar o mundo de Antônio das Mortes. Entre eles, um professor desiludido e sem esperanças; um coronel com delírios de grandeza, um delegado com ambições políticas; e uma linda mulher, Laura, vivendo uma trágica solidão.
Anabazys (documentário), direção de Paloma Rocha e Joel Pizzini
Dia 15/03, às 18h30m e dia 19/03, às 20h30m
O documentário Anabazys (“ascensão” em grego) é um inventário sobre a gênese, a erupção e a ressonância de “A Idade da Terra” o filme de Glauber Rocha que anunciou em 1980 a revolução audiovisual contemporânea. O título faz alusão ao nome dado pelo autor a uma das primeiras versões de seu roteiro original. Composto de 13 blocos autônomos que abordam desde a concepção, interpretação, figurinos, a trilha sonora (executada ao vivo), até a polêmica provocada pelo filme no Festival de Veneza; o documentário busca recriar a memória em torno da produção como forma de amplificar a percepção do “cinema espacial” proposto por Glauber. Neste ensaio, há cenas inéditas extraídas das 60 horas encontradas do material bruto não aproveitado na montagem final de "A Idade" e que flagram a dicção delirante de Glauber nas filmagens. Mais do que um tributo ou registro de época, Anabazys procura investigar as motivações estéticas e políticas que levaram o artista a compor o seu “testamento do futuro”, conforme definição do cineasta argentino Fernando Birri. Com a participação do elenco, equipe técnica, amigos e colaboradores de Glauber, que revisitam o imaginário de “A Idade da Terra” o documentário procura examinar ainda as raízes dos pré-conceitos forjados historicamente para excluir o filme do circuito cinematográfico. Narrado em primeira pessoa pelas “vozes” de Glauber, “Anabazys” é como um prolongamento de “A Idade”, propondo experimentar as lições visionárias de um artista no auge do processo de ruptura da linguagem cinematográfica do final dos anos setenta. Um filme “sob” um filme onde o autor assume também o papel de ator de sua verdade históryka. Em “Anabazys”, Glauber se expõe por inteiro: antevê e se arrisca pela Abertura política do país e, anos-luz à frente de seu tempo, inventa uma ousada narrativa, três décadas após, assimilada enfim pelas novas gerações.
A Idade da Terra, direção de Glauber Rocha
Dia 15/03, às 20h30m e dia 18/03, às 20h20m
“O filme mostra um Cristo-Pescador, o Cristo interpretado pelo Jece Valadão; um Cristo-Nengro, interpretado por Antônio Pitanga; mostra o Cristo que é o conquistador português, Dom Sebastião, interpretado por Tarcísio Meira; e mostra o Cristo Guerreiro-Ogum de Lampião, interpretado pelo Geraldo Del Rey. Quer dizer, os quatro Cavaleiros do Apocalipse que ressuscitam o Cristo no Terceiro Mundo, recontando o mito através dos quatro Evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João, cuja identidade é revelada no filme quase como se fosse um Terceiro Testamento. E o filme assume um tom profético, realmente bíblico e religioso.”
Deus e o Diabo na Terra do Sol, direção de Glauber Rocha
Dia 16/03, às 18h30m e dia 20/03, às 20h30m
"Eu parti do texto poético. A origem de "Deus e o Diabo..." é uma língua metafórica, a literatura de cordel. No Nordeste, os cegos, nos circos, nas feiras, nos teatros populares, começam uma história cantando: eu vou lhes contar uma história que é de verdade e de imaginação, ou então que é imaginação verdadeira. Toda minha formação foi feita nesse clima. A idéia do filme me veio espontaneamente." - Glauber Rocha
Terra em Transe, direção de Glauber Rocha
Dia 17/03, às 20h30m e dia 20/03, às 18h30m
Senador Porfírio Diaz odeia o seu povo, e pretende se coroar imperador de um país fictício chamado Eldorado, para impor ao povo todas as suas vontades. Mas existem outros homens que querem esse poder e lutar contra este poder.
Rocha que voa, de Eryk Rocha
Dia 17/03, às 18h30m
O exílio em Cuba de 1971 a 1972, um dos períodos menos conhecidos da vida do diretor Glauber Rocha, coincide com um período de grande euforia e discussão em torno do papel das artes na revolução social e política dos países da América Latina e do Terceiro Mundo. Glauber, com sua fala barroca e poética, propõe o cinema como o principal instrumento cultural e político para a promoção da unidade latino-americana, servindo como fio condutor para a reconstituição do Cinema Novo brasileiro e do Cinema Revolucionário cubano.
O diretor Eryk Rocha apresenta um filme-ensaio sobre o papel dos intelectuais na América Latina, em especial os que fizeram a ligação entre o Cinema Novo brasileiro e o Cinema Revolucionário cubano.
Diários de Sintra, de Paula Gaitán, última esposa de Glauber
Dia 18/03, às 18h30m
A partir dos registros pessoais do cotidiano do cineasta Glauber Rocha na cidade de Sintra, em Portugal, onde morou com a esposa Paula Gaitán e os dois filhos Eryk e Ava no ano de 1981, vemos as últimas imagens, ainda inéditas, de Glauber Rocha vivo. O filme revela com poética delicada os últimos meses de Glauber. Refaz percursos, reinventa caminhos, reencontra amigos da cidade e analisa o momento em contraponto à história de sua geração. A atualidade está no discurso do cineasta, que confirma a contemporaneidade do seu pensamento.
Barravento, direção de Glauber Rocha
Dia 19/03, às 18h30m
Numa aldeia de pescadores de xaréu, cujos antepassados vieram da África como escravos, permanecem antigos cultos místicos ligados ao candomblé. A chegada de Firmino, antigo morador que se mudou para Salvador fugindo da pobreza, altera o panorama pacato do local, polarizando tensões. Firmino tem uma atração por Cota, mas não consegue esquecer Naína que, por sua vez, gosta de Aruã. Firmino encomenda um despacho contra Aruã, que não é atingido, ao contrário da aldeia que vê a rede arrebentada, impedindo o trabalho da pesca. Firmino incita os pescadores à revolta contra o dono da rede, chegando a destruí-la. Policiais chegam à aldeia para controlar o equipamento. Na sua luta contra a exploração, Firmino se indispõe contra o Mestre, intermediário dos pescadores e do dono da rede. Um pescador convence Aruã de pescar sem a rede, já que a sua castidade o faria um protegido de Iemanjá. Os pescadores são bem-sucedidos na empreitada, destacando-se a liderança de Aruã. Naína revela para uma preta velha o seu amor impossível por Aruã. Diante da sua derrota contra o misticismo, Firmino convence Cota a tirar a virgindade de Aruã, quebrando assim o encantamento religioso de que ele estaria investido por Iemanjá. Aruã sucumbe à tentação. Uma tempestade anuncia o "barravento", o momento de violência. Os pescadores saem para o mar, com a morte de dois deles, Vicente e Chico. Firmino denuncia a perda de castidade de Aruã. O Mestre o renega. Os mortos são velados, e Naína aceita fazer o santo, para que possa casar com Aruã. Ele promete casamento, mas antes decide partir para a cidade de forma a trabalhar e conseguir dinheiro para a compra de uma rede nova. No mesmo lugar em que Firmino chegou à aldeia, Aruã parte em direção à cidade.
“Cinema que pensa” – mesas de debate
Nos dias 14 e 15 de março acontecem duas mesas de debate em torno da obra de Glauber Rocha e do cinema latino-americano. O “Cinema que pensa”, concebido e dirigido pela cineasta Paula Gaitán, pelo filósofo Juan David Posada e pelo cineasta Eryk Rocha, abre um espaço de discussão em que intelectuais, cineastas e artistas, de várias matizes de pensamento, projetam um cinema futuro a partir das provocações do presente e das experiências transmitidas pelo passado.
Os debates acontecem na Sala Walter da Silveira (Rua General Labatut, 27/ Barris - prédio da Biblioteca Pública Estadual), às 10h. A entrada é franca.
Dia 14/03
Mesa I: “A idéia de um cinema latino-americano nos anos 60 do século passado e o cinema de Glauber Rocha”.
Participantes: Orlando Senna, Márcio Meireles, Geraldo Sarno, Sofia Federico, Pedro Paulo Rocha e Eryk Rocha (Mediador).
Dia 15/03
Mesa II: “A Idade da Terra, o cinema político e uma nova idéia de ‘polis’”.
Participantes: Póla Ribeiro, Paloma Rocha, Edgar Navarro, Joel Pizzini, Cláudio Marques e
Juan David Posada (Mediador).
O cineasta
Glauber Rocha nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, em 14 de março de 1939. Estreou no cinema com o curta experimental “O Pátio”, em 1959. No ano seguinte, rodou o seu primeiro longa-metragem:“Barravento”. O filme que chamou a atenção da crítica e já evidenciava o talento do diretor.
Em 1963, Glauber realiza aquele que seria considerado o divisor de águas do cinema nacional: “Deus e o Diabo na Terra do Sol”. Desde então, a polêmica se tornou uma rotina a cada um de seus filmes. Ao todo, o cineasta fez 11 longas e seis curtas, tendo a luta pela liberdade como tema recorrente.
Glauber, que também ficou consagrado por obras como “Terra em Transe”, “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, “O Leão de Sete Cabeças” e “Câncer”, entre outras, acumulou prêmios ao longo de sua carreira. O diretor morreu de septicemia, no Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto de 1981.
Associação dos Amigos do Tempo Glauber
Instituição que preserva e divulga a obra do cineasta Glauber Rocha, tem como objetivo principal nessa mostra multimídia, proporcionar acesso mais abrangente e detalhado ao conteúdo do acervo Tempo Glauber, que atualmente se encontra em processo de catalogação e digitalização. A mostra “Glauber, Uma Revolução Baiana” visa alcançar de forma simples, objetiva e interessante, o público, que atualmente pouco conhece a obra desse importante pensador baiano. Os organizadores pretendem transformar o espaço disponível em um ambiente cinematográfico, com informações relevantes e um forte diálogo visual, transitando pela obra cinematográfica e intelectual do artista. O foco é simplificar e dialogar, através de um contato direto com a história, a obra do artista. O conteúdo do acervo e a maioria da produção intelectual de Glauber Rocha, que permaneceu inédita por quase 20 anos, devido às condições de preservação do material original, e no presente, com o processo de restauração e catalogação de todo o inventário, torna-se possível disponibilizar uma parcela ao público de forma responsável, educativa e atual através de mostras, exposições e dos sites hoje disponíveis:
http://www.tempoglauber.com.br/ e
http://www.janelaparaonovo.inf.br/.
O Tempo Glauber
O Tempo Glauber foi criado em 1983, mas só abriu suas portas ao público seis anos mais tarde. Foi uma longa batalha travada pela mãe do cineasta, Lúcia Rocha. Avanços e recuos ao longo de quase duas décadas. Em 2004, é fundada a Associação de Amigos do Tempo Glauber, sociedade sem fins lucrativos composta por Paloma, Sara, Eryk Rocha e Dario Correa, cuja proposta é captar e gerir verbas para a instituição. A associação recebe sua manutenção do Ministério da Cultura e contrata equipe de profissionais para compor o quadro de funcionários.
O Tempo Glauber foi declarado pelo Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), em 2006, como Arquivo Privado de Interesse Público e Social e assim reconhecido por decreto de lei pela Casa Civil da Presidência da República por conter documentos relevantes para o estudo e pesquisa da expressão artística brasileira.