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segunda-feira, 19 de agosto de 2019
domingo, 11 de agosto de 2019
sábado, 10 de agosto de 2019
FALAR SOBRE CINEMA INTELIGENTE É FALAR SOBRE TODAS AS COISAS
Por Silvia Marques*
Sim, falar sobre Cinema inteligente é falar sobre todas as coisas. Não me refiro à abordagens mais técnicas, que envolvem a análise de um roteiro consistente ou à beleza dos enquadramentos e movimentos de câmera. Me refiro à falar sobre o conteúdo fílmico e da sua linguagem quando ela diz respeito e está a serviço do conteúdo.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre política, tanto nas macro como nas micro estruturas da sociedade. Política vai muito além de falar sobre impeachment, corrupção passiva e os escândalos variados que animam os nossos governos e governantes. Falar sobre política inclui analisar os mecanismos de poder da sociedade, que perpassam todas as instituições existentes: as políticas, as econômicas, as religiosas, as educacionais e a familiar.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre cultura. E quando falo cultura não me refiro apenas a museus e óperas. Não me refiro à cultura como cultura erudita ou alto grau de instrução. Me refiro a cultura sob o viés da semiótica da cultura: cultura como um gigantesco conjunto de códigos comunicacionais que expressa todos os nossos modos de pensar, sentir, fazer e comunicar. Falo de cultura como nossos costumes, crenças e valores mais arraigados. Falo de cultura como as nossas dicotomias mais estridentes, nossa hipocrisia mais pútrida, nossos jogos mais perversos, nossos passatempos mais ingênuos, nossa absurda capacidade de sermos fascinantes e asquerosos em medidas praticamente iguais.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre Psicologia e Psicanálise. Félix Gattari já havia nomeado o cinema como o divã do pobre em um artigo sobre as estreitas e íntimas relações entre Cinema e Psicanálise. Mais do que mostrar variados distúrbios emocionais e diferentes padrões comportamentais, o Cinema não deixa de realizar uma espécie de terapia com espectadores abertos para esta experiência.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre História. Quantos filmes não permitem que não nos esqueçamos de personalidades e momentos trágicos , impactantes e decisivos para o entendimento do nosso tempo presente?
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre ética e estética. É por em debate os valores morais da nossa sociedade. É questionar o próprio conceito de beleza em sua multiplicidade.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre o amor e seus mecanismos de estranhamento , redenção e condenação. Falar sobre Cinema inteligente é dissecar a raça humana com suas contradições, impulsos, paixões e misérias. Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre a sexualidade em suas múltiplas faces.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre as Artes de um modo geral. Cinema é uma arte síntese, que reverenciou e reverencia muitos artistas.
Falar sobre Cinema é falar sobre as Ciências e suas idas e vindas. Avanços e retrocessos. É falar sobre as mudanças na forma de pensamento.
Sim, falar sobre Cinema inteligente é falar sobre todas as coisas. Que pena que para a maioria das pessoas ver um filme é um mero passatempo e estudar e conversar sobre cinema seja apenas um sintoma de uma personalidade lunática. Os exemplos dados no artigo são meramente ilustrativos. A quantidade de filmes importantes é inúmera.
terça-feira, 6 de agosto de 2019
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
CELSO TADDEI EM SALVADOR
Quem estará Em Salvador para ministrar uma oficina sobre roteiro será o mestre Celso Taddei, o roteirista chefe do Programa Zorra da rede Globo, uma parceria com a empresária, produtora de elenco e atriz Rada Rezedá. da CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA
Celso Taddei que foi finalista do Emmy Internacional de 2016 e vencedor do Prêmio Imprensa 2019, e tem em seu currículo trabalhos como os filmes “Vestido para Casar”, “Os Caras de Pau”, “Misterioso Roubo do Anel” e das peças “Apesar de você” e o “Baterista”.
A oficina Roteiro de Humor para TV com Celso Taddei, será ministrado nos dias 08 de agosto (quinta) das 17h às 21h30 e 09 de agosto (sexta) das 14h às 18h, indicado para roteiristas iniciantes e profissionais, idade mínima é de 12 anos, no valor: R$400,00.
Vale ressaltar que os inscritos poderão ser escalados para atuar no filme de comédia no qual Celso Taddei será o roteirista e diretor, contando com elenco baiano.
Mais informações e contato (71) 98846-8994
Beto Magno
OFICINA DE ROTEIRO
Quem estará na capital baiana para ministrar workshop sobre roteiro será o mestre Celso Taddei, o chefe do Programa Zorra da rede Globo, uma parceria com a empresária, produtora de elenco e atriz Rada Rezedá. da CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA
Celso que foi finalista do Emmy Internacional de 2016 e vencedor do Prêmio Imprensa 2019, leva no currículo trabalhos como os filmes “Vestido para Casar”, “Os Caras de Pau”, “Misterioso Roubo do Anel” e das peças “Apesar de você” e o “Baterista”.
A oficina Roteiro de Humor para TV com Celso Taddei, será ministrado nos dias 08 de agosto (quinta) das 17h às 21h30 e 09 de agosto (sexta) das 14h às 18h, indicado para roteiristas iniciantes e profissionais, idade mínima é de 12 anos, no valor: R$400,00.
Vale ressaltar que os inscritos poderão ser escalados para atuar no filme de comédia no qual Celso Taddei será o roteirista e diretor, contando com elenco baiano.
Mais informações e contato (71) 98846-8994
domingo, 4 de agosto de 2019
MINISTRO OSMAR TERRA APRESENTA PROPOSTA PARA ANCINE
Beto Magno
Por Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 2, que pode manter a Agência Nacional do Cinema (Ancine). No início de julho, ele havia dito que iria extinguir a agência. “Se recuar, recuo. Quantas vezes vocês falam que eu recuei? Tem a questão do audiovisual que emprega muita gente, tem de ver por esse lado”, explicou.
Agora, o presidente afirmou que o ministro da Cidadania, Osmar Terra, já enviou a ele um rascunho de como ficaria o órgão. “Uma versão parecida com o dinheiro da lei Rouanet“, afirmou. Bolsonaro disse também que está sendo reavaliada a composição do Fundo Setorial do Audiovisual, cuja dotação para este ano é de R$ 724 milhões.
O recurso advém de receitas de concessões e permissões e pela arrecadação de um tributo pago pela exploração comercial de obras audiovisuais. Ele disse, no entanto, que pode extinguir este imposto. “Eu conversei com o ministro Paulo Guedes da Economia de redirecionar. Se for para extinguir imposto, extingue. Acho que o Estado teria muito mais inteligência para dar uma nova direção”, disse.
sábado, 11 de maio de 2019
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
MARACANGALHA, EU VOU! ( O FILME )
Beto Magno, Dr. Breno Konrard, Delegado Valdir Barbosa, Yin Carneiro, Rada Rezedá e Gilberto.
Por Valdir Barbosa
As ruas de Maracangalha, canto imortalizado na música do magistral Caymmi voltaram a viver, no fim de semana que voou, tempos de gloria, tal qual nos idos em que a usina Cinco Rios fumaçava suas chaminés a todo vapor tornando pujante o lugar, onde borbulhava prosperidade, alegria, animação e festa. Época do Cine Maracangalha, de espetáculos circenses, quando a economia gerando riqueza trazia de arrasto, manifestações artísticas e culturais de todos os matizes.
Sim, sob a égide da VM filmes e Santo Guerreiro foi possível reunir ali, sábado e domingo passados, produtores, diretores, técnicos, figurinistas e artistas do quilate de RADA REZEDÁ, BETO MAGNO, ROSEANE PINHEIRO, MÔNICA SAN GALO, GEORGE DINIZ e DOUGLAS, VITORIA MAGNO, TÁBITA REZEDÁ, além de valores induvidosamente futurosos, dentre estes, crianças e adolescentes, nomes que haverão de brilhar nos palcos cênicos da TV, teatro e cinema de nosso Estado, figuras que certamente rasgarão fronteiras, para fulgurar em toda terra brasilis, quiçá, mundo afora, tudo isto, para rodar cenas do Curta Metragem, MARACANGALHA EU VOU, baseado em texto do inesquecível Bebert de Castro. No topo das consagradas estrelas presentes, MARCOS WAINBERG, responsável pela direção do filme.
Os residentes de agora assistiram embevecidos, a movimentação dos artistas e demais envolvidos no trabalho, num vai e vem que iniciou desde quando primeiros raios de sol rasgaram a manhã do sábado último, até quando, ao cair da tarde de domingo houve apoteótico encerramento das tomadas, nos pés das ruínas daquela velha usina, antes razão de tudo, ao som da voz maviosa de Mônica San Galo e acordes da Lira local regida pela maestrina Sônia Oliver, na embocadura de seu saxofone.
Nesta hora, enquanto todos quantos participaram das gravações bailaram em torno da belíssima Anália (Roseane) embalados pela música tema (obviamente, a marca posta por Dorival), lágrimas de emoção brotadas dos olhos de Rada vinham na forma mais límpida e pura de agradecimento a Deus, por tudo quanto afinal realizado.
Findas as cenas, a fanfarra seguiu tocando em direção à rua principal para encerrar o cortejo, frente ao armazém de Bosco, um dos locais nos quais a trama se desenrolou, ponto que ainda guarda características antigas insculpidas na película produzida. Vale reprisar trecho do texto: “... MARACANGALHA... a terra do massapé, da Trilha do Besouro Mangangá, Dos Rosa, de Dona Marita, a melhor cozinheira da cidade, de Dona Eremita do Bandolim, de Aloísio, o Belo; de Renato do Alambique, de Dona Nininha de Nozinho, famosa porque bateu um prato de feijoada no mesmo dia em que saiu do hospital depois de operada... num é que ela viveu mais dez anos? Ahhh, claro, de Alô Boys, Bié, Come Pele, Assombra Onça, Colodina louca, afff... é, muita gente viu! A terra da Usina Cinco Rios, verdadeira responsável por nossas histórias...”.
Quando a noite acendia a lua fui um dos que dançando e cantando aguentou subir a ladeira, passando pela praça do violão, até o ponto onde a orquestra parou de tocar em definitivo, como dito, aos pés da venda de Bosco.
Mas, não só fui testemunha de todas estas nuances, na verdade, na esteira de privilégio concedido por Rezedá e Magno integrei a caravana daqueles que interpretaram Maracangalha, eu vou. Fui dirigido por Wainberg, atendi aos conselhos de Rada e Beto, Tábita definiu meu figurino, as câmeras de George e Douglas focaram em mim, o microfone sensível de Vitória captou minha voz contracenando com os demais atores incorporando, imaginem, o Delegado da cidade, no tempo daquele tempo.
Senti-me a própria autoridade do sitio onde fervilhava a vida, ao talante da Usina Cinco Rios, então, esqueci por momentos que o destino me concedeu a possibilidade de atuar, nas derradeiras quatro décadas que se foram, protagonizando um homem de polícia, dono de insígnia que levarei até a eternidade, mesmo porque dela lhe devo ter trazido.
Ontem, depois das despedidas, quando finalmente o pano desceu e voltava para casa, na estrada que conduzia mais uma vez o guerreiro a seu repouso entendi a verdade inscrita numa máxima insofismável. A ARTE IMITA A VIDA, A VIDA IMITA A ARTE.
P. S.: Como especialista em segurança devo dizer: Imponderável não parabenizar o prefeito de São Sebastião do Passé, Dr. Breno Konrard Moreira, pelo inestimável apoio, sem o qual, provavelmente, seria impossível aos realizadores do filme fazer com que a obra se tornasse realidade. Sensibilidade de gestores que tais, preocupados com cultura, esporte e lazer, vetores indispensáveis para afastar de caminhos tortuosos os jovens, futuro das gerações que vão ficando para trás, faz a diferença. A ele e toda a sua equipe, dos mais graduados assessores, aos mais simples, sobretudo, aqueles que permaneceram horas cuidando da segurança, do trânsito, em favor das atividades, registro os mais sinceros agradecimentos.
Salvador, 18 de fevereiro de 2019
Valdir Barbosa
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
CINEMA MAIS ANTIGO DA AMERICA LATINA
Cine Teatro Rio Branco
Por Suely Alves
O mais antigo cinema da América Latina em funcionamento, o Cine Teatro Rio Branco é motivo de orgulho para a cidade de Nazaré.
Administrado pela Fundação Marcos Vampeta (FMV), o cinema é um espaço multicultural, onde a cultura é expressa através da arte no palco e nas exibições de filmes.A restauração do monumento foi possível graças ao investimento realizado por Marcos André Batista Santos, o Vampeta.
Craque de futebol brasileiro, ele dá uma lição de cidadania com apoios a projetos culturais e sociais no município.O Rio Branco atravessa o milênio com o mesmo brilho do passado. O espaço foi fundado em 1927, na época em que a cidade era o centro comercial da região e atraia multidões nas noites de festas com shows de vários artistas famosos, como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Nelson Gonçalves e outros que foram a referência do Rio Branco.
domingo, 10 de fevereiro de 2019
SÉTIMA ARTE?
Beto Magno - VM FILMES
Algumas pessoas devem ter se perguntado por que o cinema é considerado a Sétima Arte. Para quem ainda não sabe, esse termo surgiu em 1912, dado por Ricciotto Canudo no "Manifeste des Sept Arts" (Manifesto das Sete Artes), documento que foi publicado apenas em 1923.
1ª Arte - Música (som)
3ª Arte - Pintura (cor)
4ª Arte - Escultura (volume)
5ª Arte - Arquitetura (espaço)
6ª Arte - Literatura (palavra)
7ª Arte - Cinema (Áudio-Visual) (Contém artes anteriores como a música para trilha sonora, artes cênicas para dublagem e captura de movimentos, pintura, escultura e arquitetura para o design, e literatura para roteiros)
Outras formas expressivas também consideradas artes foram posteriormente adicionadas à numeração proposta pelo manifesto:[nota 1][5][6][7]
8ª Arte - Fotografia (imagem)[8]
9ª Arte - Historia em quadrinhos (cor, palavra, imagem)
10ª Arte - Vídeo Games (integra os elementos de outras artes)
11ª Arte - Arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e programação).
LUZ
Beto magno e José Umberto
Por José Umberto
" Cinema é arte do cão, menino", costumava advertir seu Domingos Palmeiras. Não atinava o velho, em desgastado conselho, que o neto já fora possuído pelo luminoso brinquedo maldito. O adentrado quintal da casa, varrido por mangueiras, goiabas e jaqueiras, sustentava quase que diariamente os improvisos de palhaços, equilibristas e rumbeiras. Quando não exaustivos ensaios de dramas lacrimosos, tipo A Louca do Jardim, fazendo até adultos dar nó na garganta. O sonho mais ousado, porém nunca concretizado, seria a incrível façanha do fantástico, extraordinário globo da morte. Tudo isso era inspirado pelos contínuos circos armados no centro da praça do Campo do Gado. Os artistas chegavam entusiasmados, repletos de parafernálias, jaulas de leão, tigre, leopardo, o pesado elefante enlameado, a inquietude dos macacos alegres, só que o espetáculo tinha inicio na plastica suspensão da lona. Mais parecia o mundo subindo pro céu.
A gente nem possuía tostões para penetrar nas costumeiras funções noturnas, então aguardava-se contrariado a longínqua matinada dominical. sempre havia, contudo, algum destemido a driblar os " mata-cachorros" e passar por baixo da geral. O jeito que tinha, mesmo, era brincar de picula, até se esbaldar, suar como bica e depois ser intimado a deitar-se. vestia o pijama, listrado,apagava-se a lampada do quarto, punha a cabeça no afofo do travesseiro, deixando o ouvido ligado aos apupos do picadeiro. A vigília ia superpondo-se gradualmente á ilusão circense enquanto um violino esticava a corda incontrolável dos sonhos. O feixe das imaginações, em escalas homeopáticas, ia-se moldando em avanços e recuos de um tempo sem idade. não existia vácuo, precipício ou espaço nulo: tudo preenchido, submerso de ar. Quando não sobrava mais nada, inventava-se. O radio era uma estimuladora alternativa, ouvindo atento ao capítulos em suspense de Jeronimo, o Herói do Sertão ou brincando de medico, um exercício escondido onde iniciávamos - excitados - as descobertas microscópicas nas reintrâncias e saliências das mocinhas. A pesar dum terreno meio proibido, movediço, o cinema atraia por demais o reinado das experimentações. "Mexer com eletricidade é um perigo menino", rosnava dona Lió , de xale, obstinada com a penca de chaves no corpete, pros netos não malinarem na despensa. Todos doidim doidim por um cacho de bananas devez; mas era lá, trancado, regrado. O engenho consistia em pegar uma caixa de sapatos, cortar um pequeno quadrado na parte frontal do papelão, preder uma lupa (senão uma lampada transparente, cheia d'Água, que substituía fielmente a lente de grau, um vidro raro para nós), instalar uma luz elétrica... e estava proto o projeto cinematográfico! O filme, matéria prima da criação, obtinha-se de duas formas distintas, proporcionando espetáculos variados. Adquiriam papel-de-manteiga, com a tesoura elaboravam extensas tiras de 50 milímetros de largura para, assim, partir aos desenhos, na vertical, decompondo as imagens dos quadros em seus respectivos movimentos sucessivos. Cada rolo narrava uma estória animada, com os personagenzinhos torneados em cores... pena que esses filmecos estejam definitivamente perdidos.
Outra modalidade de projeção, descontinua, realizava-se com fotogramas de películas recortadas. Tratava-se de uma aventura mais emocionante: nossa ponte era os operadores dos cinemas comerciais. Apos a sessão, eles desciam da cabina com um monte de celuloides divididos em partes- cenas longas, enrodilhadas e quadros únicos. Aquele cheiro que desprendia das fitas, provenientes das químicas de revelação, exercia no meu sentido um fascínio exuberante. Guardava meus filmes numa caixinha magica, bem vedada. Era de um enorme prazer abri-la, aspirar aquela essência divina com a mesma avides do avo aspirando o rapé. A inalação provocava um barato da natureza espiritual, sentimental, quem sabe inspirador. Um odor especial que me acompanhou de prazer ao longo da vida. vinham cenas de caubóis, gladiadores romanos, policiais, comedias, dramas, jornal da tela, seriados...uma variedade de gêneros. Um enquadramento de Brigitte Bardot em E Deus Criou a Mulher foi o meu maior sucesso exibidor. Como a fita era cara tínhamos que realizar verdadeiros comércios mirabolantes em troca de gibis.
Nosso negocio começara a crescer, com espectadores cativos nas sessões agitadas. O ingresso era cobrado a fim de que renovássemos o estoque de títulos novos, afinal de conta o preço da fita aumentava a cada termino de tarde aos domingos. A seguir, surge no mercado das lojas o requintado projetor Barlon, ao tempo em que abandonava-se a gerigonça artesanal e partia-se para o inevitável aperfeiçoamento técnico. Recursos mecânicos á parte, nossa alma ia-se impregnando, por todos os poros, pela magia soberba da usina de sonhos. Não se tratava, aquela altura, de uma mera curiosidade juvenil. Era em verdade a alvorada de uma nova dimensão linguística - o surgimento de emergentes cineastas mirins. Profanando-se a luz, jogando-se contra as sombras, provocando o embrionário ato criador, experimentando as formas, dando asas á imaginação, a sétima arte engrossava suas filheira de novas estrelas. O fogo pinta no escuro as cores do desafio, estava definido o ponto de partida. cabia agora, palmilhar as veredas labirínticas da poesia. mui correto o genial Orson Wells, cinema é um brinquedo magico.
Por José Umberto
" Cinema é arte do cão, menino", costumava advertir seu Domingos Palmeiras. Não atinava o velho, em desgastado conselho, que o neto já fora possuído pelo luminoso brinquedo maldito. O adentrado quintal da casa, varrido por mangueiras, goiabas e jaqueiras, sustentava quase que diariamente os improvisos de palhaços, equilibristas e rumbeiras. Quando não exaustivos ensaios de dramas lacrimosos, tipo A Louca do Jardim, fazendo até adultos dar nó na garganta. O sonho mais ousado, porém nunca concretizado, seria a incrível façanha do fantástico, extraordinário globo da morte. Tudo isso era inspirado pelos contínuos circos armados no centro da praça do Campo do Gado. Os artistas chegavam entusiasmados, repletos de parafernálias, jaulas de leão, tigre, leopardo, o pesado elefante enlameado, a inquietude dos macacos alegres, só que o espetáculo tinha inicio na plastica suspensão da lona. Mais parecia o mundo subindo pro céu.
A gente nem possuía tostões para penetrar nas costumeiras funções noturnas, então aguardava-se contrariado a longínqua matinada dominical. sempre havia, contudo, algum destemido a driblar os " mata-cachorros" e passar por baixo da geral. O jeito que tinha, mesmo, era brincar de picula, até se esbaldar, suar como bica e depois ser intimado a deitar-se. vestia o pijama, listrado,apagava-se a lampada do quarto, punha a cabeça no afofo do travesseiro, deixando o ouvido ligado aos apupos do picadeiro. A vigília ia superpondo-se gradualmente á ilusão circense enquanto um violino esticava a corda incontrolável dos sonhos. O feixe das imaginações, em escalas homeopáticas, ia-se moldando em avanços e recuos de um tempo sem idade. não existia vácuo, precipício ou espaço nulo: tudo preenchido, submerso de ar. Quando não sobrava mais nada, inventava-se. O radio era uma estimuladora alternativa, ouvindo atento ao capítulos em suspense de Jeronimo, o Herói do Sertão ou brincando de medico, um exercício escondido onde iniciávamos - excitados - as descobertas microscópicas nas reintrâncias e saliências das mocinhas. A pesar dum terreno meio proibido, movediço, o cinema atraia por demais o reinado das experimentações. "Mexer com eletricidade é um perigo menino", rosnava dona Lió , de xale, obstinada com a penca de chaves no corpete, pros netos não malinarem na despensa. Todos doidim doidim por um cacho de bananas devez; mas era lá, trancado, regrado. O engenho consistia em pegar uma caixa de sapatos, cortar um pequeno quadrado na parte frontal do papelão, preder uma lupa (senão uma lampada transparente, cheia d'Água, que substituía fielmente a lente de grau, um vidro raro para nós), instalar uma luz elétrica... e estava proto o projeto cinematográfico! O filme, matéria prima da criação, obtinha-se de duas formas distintas, proporcionando espetáculos variados. Adquiriam papel-de-manteiga, com a tesoura elaboravam extensas tiras de 50 milímetros de largura para, assim, partir aos desenhos, na vertical, decompondo as imagens dos quadros em seus respectivos movimentos sucessivos. Cada rolo narrava uma estória animada, com os personagenzinhos torneados em cores... pena que esses filmecos estejam definitivamente perdidos.
Outra modalidade de projeção, descontinua, realizava-se com fotogramas de películas recortadas. Tratava-se de uma aventura mais emocionante: nossa ponte era os operadores dos cinemas comerciais. Apos a sessão, eles desciam da cabina com um monte de celuloides divididos em partes- cenas longas, enrodilhadas e quadros únicos. Aquele cheiro que desprendia das fitas, provenientes das químicas de revelação, exercia no meu sentido um fascínio exuberante. Guardava meus filmes numa caixinha magica, bem vedada. Era de um enorme prazer abri-la, aspirar aquela essência divina com a mesma avides do avo aspirando o rapé. A inalação provocava um barato da natureza espiritual, sentimental, quem sabe inspirador. Um odor especial que me acompanhou de prazer ao longo da vida. vinham cenas de caubóis, gladiadores romanos, policiais, comedias, dramas, jornal da tela, seriados...uma variedade de gêneros. Um enquadramento de Brigitte Bardot em E Deus Criou a Mulher foi o meu maior sucesso exibidor. Como a fita era cara tínhamos que realizar verdadeiros comércios mirabolantes em troca de gibis.
Nosso negocio começara a crescer, com espectadores cativos nas sessões agitadas. O ingresso era cobrado a fim de que renovássemos o estoque de títulos novos, afinal de conta o preço da fita aumentava a cada termino de tarde aos domingos. A seguir, surge no mercado das lojas o requintado projetor Barlon, ao tempo em que abandonava-se a gerigonça artesanal e partia-se para o inevitável aperfeiçoamento técnico. Recursos mecânicos á parte, nossa alma ia-se impregnando, por todos os poros, pela magia soberba da usina de sonhos. Não se tratava, aquela altura, de uma mera curiosidade juvenil. Era em verdade a alvorada de uma nova dimensão linguística - o surgimento de emergentes cineastas mirins. Profanando-se a luz, jogando-se contra as sombras, provocando o embrionário ato criador, experimentando as formas, dando asas á imaginação, a sétima arte engrossava suas filheira de novas estrelas. O fogo pinta no escuro as cores do desafio, estava definido o ponto de partida. cabia agora, palmilhar as veredas labirínticas da poesia. mui correto o genial Orson Wells, cinema é um brinquedo magico.
sábado, 9 de fevereiro de 2019
MARACANGALHA, EU VOU! ( O FILME )
Por Rada Rezedá
Marancagalha cantada por Caymmi, será cenário de filme dirigido por Marcos Wainberg
Maracangalha, Eu Vou! tem roteiro e produção executiva de Rada Rezedá e direção de Marcos Wainberg e será filmado em Maracangalha, distrito de São Sebastião do Passé, no Recôncavo baiano. A história conta sobre os personagens exóticos de Maracangalha dos anos 30 e suas peripércias na cidade, também sobre o cinema de Alô Boys e do Circo da vila, passando pela morte do Besouro Mangangá, Anália sambadeira e pelos beijos gelados de Edson Lingua de Gelo. O curta pretende invadir os festivais de cinema do Brasil e do mundo.
A vila de Maracangalha já foi cenário de cinco filmes produzidos por Rada Rezedá em parceria com a VM Filmes, de Beto Magno. Maracangalha, Eu Vou! é o sexto filme da dupla. Todos os curtas foram foram inspirados no livro Cine Maracangalha, do jornalista José Augusto Berbert de Castro, que posui mais de 40 crônicas sobre a vila da Usina Cinco Rios e que abrigou o primeiro modelo de shopping na Bahia, bem como o primeiro cinema do Recôncavo baiano. Já são 11 anos de histórias cantadas e contadas sobre a vila da samabadeira mais famosa do mundo, Anália, que inspirou Caymmi em sua música Eu Vou pra Maracangalha, eu vou...que por sua vez inspirou a roteirista neste seu último filme .
O elenco conta com 31 jovens atores, estreantes das artes e da telona. Todos são alunos e empresariados de Rada Rezedá, que possui a Cap Escola de TV e Cinema da Baha há 23 anos, com 12 cursos na aréa do audiovisual.
Maracangalha, Eu Vou! possui as exuberantes participações especiais de Mônica Sangalo, Rosiane Pinheiro e do delegado especial Valdir Barbosa, nos personagens Fofoqueira 2, Anália sambadeira e Investigador, respectivamente. A direção artística de Marcos Wainberg, que já fez novelas e séries em algumas emissoras: Sol de Verão, Hipertensão, Anos Dourados, Vale Tudo, Kananga do Japão.. Mas, foi em Zorra Total, que Marcos ganhou fama com o personagem do Diretor ao lado do ator Paulo Silvino que fazia o Brasil rir, com o famoso bordão “Cara, crachá” e a iluminada direção de fotografia de César Pires, que etem em seu curriculo trabalhos ao lado do ilustre Walter Carvalho (Central do Brasil, O Canto da Sereia)
Elenco e Equipe em lista,
As crianças:
Cecília Sande
Clara Campos
João Pedro Campos
Sâmila Silva
Aine Rocha
Malu Reis
Rebeca Ferreira
Emily Reis
Lara Fontenele
Lulu Alcantara
Sophia Amaral
Maria Nicoly
Lara de Paiva
Adolescentes:
Júlia d'Almeida
Yuri Viana
Ingrid Hannah
Victor Lima
Gabi Paixão
Andressa Victória
Beatriz Limeira
Adultos:
Yin yee Carneiro
Amacloe
Lila Vidal
Catarina Viana
Cris Magalhães
Gilberto Pereira
Bruno Dourado
Antônio Márcio
Participações Especiais:
Mônica Sangalo
Rosiane Pinheiro
Delegado Valdir Barbosa
.
🎬 Na equipe técnica temos:
Roteiro e Produção Executiva: Rada Rezedá
Produção: Beto Magno
Foto: Vitória Magno
Figurino, Make e Caracterização: Tábita Rezedá.
César Pires: Direção de fotografia
Direção Artistica: Marcos Wainberg
Produtora de Cinema parceira: Santo Guerreiro.
Assessoria de imprensa: Yin yee Carneiro
Agradecimentos Especiais:
Pais de alunos e empresariados
Prefeitura de São Sebastião do Passé
Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de São Sebastião do Passé
CAHIERS DU CINEMA OU AÍ SÓ TEM ARTISTA
arquivo VM FILMES Beto Magno
Dia de Gravação em " Maracangalha" São Sebastião do Passé - BAPor Fernando Vita Souza
Baiano não nasce, estréia! costumam dizer, com indisfarçável despeito, todos os que, por algum inexplicável motivo, não conseguiram nascer na Bahia, estando por isso mesmo condenados a passarem o resto da vida sem poder bater a mão no peito, prenhes de orgulho cívico. e dizer-se conterrâneos de glorias nacionais como Castro Alves, Caetano, Joana Angelica, Chocolate do Mercado Modelo, Ruy Barbosa ( o que foi para Inglaterra ensinar inglês! ) e Beijoca. E dia desses, por obra e graça da Globo, que reexibiu " A Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira dos Santos, pude ter a certeza de que a Bahia pode não presar pra outras coisas, mas duvido que exista qualquer outro lugar no mundo com tanto artista...
Rapaz inteligente, apesar de não ser baiano, o cineasta Pereira dos Santos houve por bem decidir que em tendo que filmar " A Tenda dos Milagres" ai, nesta verdadeira fabrica de artistas, não teria por que esquentar a cabeça contratando gente em outras plagas. E, sabiamente, assim o fez. Chegou no primeiro boteco e bradou, em alto e bom som, a senha magica que em segundos permitiu-lhe lotar seis ônibus, duas kombis e três fuscas de artistas:
- Por acaso, aqui tem artistas?
E acompanhado por uma verdadeira multidão de artistas baianos, de todas as cores, credos, habilidades e preferências, pôde o bom Nelson, ideia na cabeça e câmera na mão, desempenhar o seu mister sem problemas, legando á cinematografia nacional mais que um filme com sua grife, um valioso mostruário de talento, da genialidade e do domínio da difícil arte de interpretar de uma serie de verdadeiros astros da tela, que província da Bahia escondia aos olhos do mundo, modesta como é desde que Cabral começou a fazer o Brasil - logo por onde, adivinhem? - pela Bahia, isso mesmo, aí pela Bahia.
Assim, ao longo da história do negro Pedro Arcanjo, o bedéu que deitava e rolava inteligencia e saber em cima dos doutos, teve o Brasil e o mundo mais uma vez que se curvar ante a artistice baiana, em desempenhos memoráveis e definitivos de astros de primeira grandeza, que modéstia e a timidez furtavam ás telas, escondendo-os em outras profissões igualmente nobres, mas ainda assim cometendo um verdadeiro crime de lesa-arte, posto que lugar de artista é na tela, verdade que até office-boy em Hollyood sabe.
Não fosse Nelson Pereira dos Santos e o seu hoje histórico grito de "Por acaso, aqui tem artistas?" e o mundo acabaria privado de ver gente como Jehová de Carvalho, Tuna Espinheira, Tasso Franco, Pedro Formigli, Carlos Navarro Filho, Rêmulo Pastore, Nadja Miranda, Césio Oliveira, Claudio Barreto, Raimundo Machado e tantos outros mostrar para os pósteros como é que se trabalha ante os spots-lights e câmeras da vida. Todos eles, sem exceção, poderiam abandonar os afazeres que originalmente abraçam - taí por que nunca levei fé nos chamados testes vocacionais - e partir para disputar mercado com os Pereios, Tarcísios Meiras, Newmans, Brandos e Nicholsons, sem receio nenhum.
Diante de TV, com o espírito crítico aguçado e afiado ante os conterrâneos acima citados, todos meus amigos, aplaudi de pé momentos que considero definitivos na cinematografia mundial, como, por exemplo, aquele em que o jornalista Césio de Oliveira levanta-se e bate palmas numa conferencia. Nunca vi ninguém bater palmas tao bem, de forma tão convincente, em toda historia do cinema.Ali, em questão de segundos, o nosso Césio conseguiu brilhar mais que o outro césio- 137, que fez aquela zorra toda em Goiânia. E Rêmulo Pastore, o nosso Reminho? A este Pereira dos Santos concedeu apenas alguns segundos em cena, mas suficientes para firma-lo como ator, por todo o sempre, amém. Coube ao citado artista a difícil tarefa de atravessar de forma furtiva uma sala onde pessoas discutiam acalouradamente alguma coisa. E o nosso Rêmulo o fez de forma tão furtiva, astro que é, que nem ele conseguiu depois ver-se na tela... Até hoje o diretor de "A Tenda Dos Milagres" elogia. Mas não para por aí a genialidade dos nossos artistas em " A Tenda"... Não há como descrever a performance do também jornalista Tasso Franco, interpretando polemico repórter de jornal. Ele faz um 'Oh, não é possível!" tão comovente, tão brilhante no filme que se Fellini o pega de jeito pela Europa, adeus Amélia, jamais Serrinha teria de volta seu filho mais ilustre. E Pedro Formigli, o Pedrinho Me Mate Logo, também como repórter, anotando com raro brilho o que o pesquisador gringo falava? Fui, por instantes, transportado ao Orson Wells do "Cidadão Kane"... Não há como deixar de lado desempenhos como o de Carlos Navarro Filho, o ontem vereador de Alagoinhas e hoje presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia. Além do jeitão misterioso de encarar as câmeras, merece aplausos o periodista em questão, pela gravata parecida com uma raquete de tênis que usava, encarnando o publicitário-picareta. E a calça boca de sino de Raimundo Machado? E o seu "Sex- appeal" dando esporro na sua equipe de repórteres? Por muito pouco A TARDE não perdeu um de seus melhores repórteres de policia para o cinema.
O publicitário Claudio Barreto como maestro, a professora Nadja Miranda como mulher dama e Tuna Espinheira como professor estão geniais.
Vejam como o Claudio, no filme, segura a batuta. E o decor de Nadja? O Tuna, uma das poucas pessoas que sabem de cor e salteado o hino de Juracy Magalhães na campanha para o governo do estado, dirige um olhar de reprovação para um colega professor em certa hora que, meu Deus, Humprey Bogart jamais conseguiria fazer igual.
O homem de leis, letras e litros Jehová de Carvalho teve atuação destacadíssima, e não pode, por questão de justiça, ser olvidado. Bom de discurso e gestos, é mesmo nos momentos em que aparece de copo na mão que mais se sente a sua genialidade. Mas, aí, não há por que se surpreender, haja vista que o bom Jehová treina essa arte de levantar copos desde tenra idade, ainda na sua Santa Maria da Vitória, e quem sabe, sabe, quem aprende bem não desaprende jamais, mesmo com o baque surdo da claquete no pé do ouvido.
Como se vê, aí na Bahia só tem artista! E se Hollyood, ao invés de estar na Califórnia, fosse aí em São Sebastião do Passé, por exemplo, a historia do cinema, não tenham dúvidas, teria sido outra.
domingo, 3 de fevereiro de 2019
A IDENTIDADE CROMÁTICA DO FILME
Espaço Cultural da Fazenda Vidigal
E há as obras em que a paleta de cores representa um elemento central na narrativa. Os filmes de Wes Anderson são facilmente reconhecíveis pela escolha da paleta de cores. Longas como Traffic, Sin City, Precisamos Falar Sobre O Kevin, Matrix e A Vida Em Preto E Branco têm nas paletas, cada um de maneira diferente, informações importantes sobre a história em si.
Em Matrix, por exemplo, a paleta de cores é diferente antes de depois de Neo escolher a pílula azul; em Sin City, o espectador é capaz de identificar em qual narrativa paralela o filme se encontra pela paleta de cores. No Twitter, o usuário CINEMAPALETTES está compilando as paletas de cores de cenas de centenas de filmes e está fazendo sucesso entre designers e profissionais do audiovisual. E ele aceita pedidos de outros usuários. Veja as paletas de cores identificadas em alguns filmes pelo perfil:
Cena de "Aladdin" (1992), da Disney
"Cidade de Deus" (2002), Fernando Meirelles e Kátia Lund
"O Iluminado" (1980), Stanley Kubrick
São alguns exemplos.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
INICIAÇÃO AO CINEMA
Beto Magno (Casa de Cinema da Bahia)
OS MELHORES 7 FILMES PARA INICIANTES
Se você já é estudante de CINEMA ou está pensando em ser, já sabe que assistir filmes pode ser muito mais do que um simples programa de entretenimento. Nesses casos, os longas passam a fazer parte da sua rotina de estudo e também da vida profissional.
Assistir a uma variedade de filmes diferentes te ajuda a construir um repertório que será muito útil quando você começar a criar suas próprias imagens. E, quando falamos nisso, queremos incluir longas, curtas e média metragens, de diferentes gêneros e estilos.
Já que os filmes são tão importantes assim, que tal conferir uma lista daqueles que você não pode deixar de ver de jeito nenhum?
1. Um homem com uma câmera, Dziga Vertov
Se você já é estudante de Cinema, é provável que já tenha ouvido falar do filme “um homem com uma câmera”. Ele é indispensável, não somente pela narrativa que conta, mas também por sua estética inovadora.
O longa experimental de Vertov é construído com base nas imagens de um homem que grava cenas da União Soviética na década de 1920. O tom documental influenciou o cinema da época. Mas não foi só isso que marcou o filme.
A câmera bombardeia o espectador com imagens diferentes o tempo todo. Ela funciona como um olho e os significados das cenas são construídos pelo próprio espectador.
Além disso, os cortes do filme dialogam com as rupturas que as imagens mostram. Vertov proporciona uma reflexão sobre a União Soviética, mas também sobre fazer cinema.
2. Um Cão Andaluz , Luis Buñuel
Luis Buñuel se uniu a Salvador Dalí na concepção de “um cão Andaluz”. Como não poderia ser diferente, o resultado foi um dos filmes surrealistas mais importantes do cinema mundial.
O curta, de 1929, quebra padrões e possibilita uma infinidade de interpretações diferentes. Baseado em sonhos de ambos os diretores, a narrativa não é linear. Não existe uma lógica fixa, é o inconsciente que se manifesta.
Cenas completamente nonsense se intercalam: um olho cortado, formigas saindo de uma mão e um casal apaixonado. Tudo isso torna o filme único e obrigatório para quem estuda Cinema e Audiovisual.
3. Cidadão Kane, Orson Welles
Não é a toa que “cidadão Kane” sempre figura nas listas de melhores filmes. O longa, por si só, já pode ser considerado uma aula de cinema.
A história de Charles Foster Kane, personagem baseado em um magnata que controlava a imprensa americana, é contada de uma maneira que confunde o espectador. Isso acontece porque a sua vida é recordada de uma forma não linear.
O repórter Jerry Thompson entrevista diferentes pessoas para tentar descobrir o significado da última palavra dita por Kane antes de morrer. Mas os relatos não cronológicos acabam remetendo aos mesmos eventos, vistos por diferentes ângulos.
Além dessa montagem inovadora, o filme diz muito sobre a produção de notícias e do funcionamento da imprensa americana, o que o torna ainda mais essencial, não somente para estudantes de cinema, mas também aos profissionais em geral.
4. Paris, Texas, Wim Wenders
Se existe um diretor que não pode faltar na sua lista é Wim Wenders. Além do roteiro, a fotografia é uma preocupação clara do diretor alemão. Se quiser se aventurar pelas belíssimas imagens do diretor, pode começar pelo longa “Paris, Texas”.
A narrativa é baseada na história de um homem que perdeu a memória e, após quatro anos, é encontrado por seu irmão. O enredo parece simples, mas se torna grandioso diante das imagens do oeste americano, sob o olhar de Wenders.
Planos abertos valorizam as paisagens e uma fotografia que explora contrastes. A imensidão das paisagens também dialoga com o roteiro. No caso de “Paris, Texas”, as cenas do oeste americano não representam a liberdade. Ao contrário: explicitam a falta de indicação de caminhos a seguir.
5. 2001: uma odisseia no espaço, Stanley Kubrick
O sucesso de “2001: uma odisseia no espaço” permitiu que Kubrick continuasse ousando em seus filmes posteriores, como “Laranja Mecânica” e “O Iluminado”. O longa de ficção científica foi lançado em 1968 e partiu de uma parceria do diretor com o escritor Arthur C. Clarke.
Logo no início, o filme já presenteia o espectador com um corte histórico: uma cena que mostra o instinto de um homem ancestral, antes mesmo da chegada dos humanos na terra. Os macacos, em frente a um monólito preto, descobrem que podem utilizar ossos como armas.
Apenas um corte e o filme avança milênios. E lá permanece o monólito.
Esse objeto é, até hoje, motivo de especulação. Não se sabe ao certo o que ele representa, só que ele está sempre presente. E o filme é todo montado dessa forma, para instigar o espectador a buscar novas informações e explicações.
6. Psicose, Alfred Hitchcock
Motivos não faltam para o filme de 1960, baseado no livro do escritor Robert Bloch, ser considerado uma das obras-primas do cinema internacional.
Psicose conta a trágica história de Marion, uma secretária que, após roubar 40 mil dólares, foge para encontrar seu noivo. Porém, no meio do caminho, ela faz uma parada em um motel, administrado pelo perturbado Norman Bates.
A montagem e a direção impecáveis tornam o suspense ainda mais assustador. A trilha sonora marcante e cortes secos fizeram do longa uma referência para o gênero de suspense e terror.
A cena mais famosa (que você já deve conhecer) é a do chuveiro, quando Bates ataca Marion. Esta é uma sequência de 45 segundos com nada menos do que 70 cortes.
7. 8 e 1/2, Federico Fellini
8 e 1/2 é um filme essencial na carreira de Federico Fellini. Este longa foi concebido durante o bloqueio criativo do diretor e se tornou uma de suas principais obras.
Fellini já tinha o dinheiro e o elenco contratado, mas não conseguia escrever o roteiro. Essa situação se tornou o enredo do filme, que mostra um diretor que passa por uma crise criativa.
Federico teve total liberdade para conduzir o longa e isso o tornou único, além de uma referência para qualquer aluno de Cinema e Audiovisual.
A forma como 8 e 1/2 foi dirigido e montado joga com o espectador e o convida a interpretar os momentos do filme de diferentes maneiras.
Quando ele se acostuma com a sequência de planos do filme, é transportado para situações que levam à fantasia e ao imaginário. Além , é claro, de mostrar como o cinema é feito.
Viu como filmes de diferentes gêneros marcaram o cinema mundial? Seja pelo roteiro, montagem, fotografia, trilha sonora ou direção, todas as obras citadas se tornaram referência pela sua originalidade, qualidade e pelo que despertam no espectador.
E, então, gostou da nossa lista de filmes que são indispensáveis para quem estuda Cinema e Audiovisual? Compartilhe com seus amigos nas redes sociais e se reúnam para assisti-los!
Rada Rezedá e Beto Magno
quinta-feira, 31 de janeiro de 2019
Maracangalha será cenário de curta dirigido pelo Diretor Marcos Wainberg (Zorra Total, “Cara, crachá”)que aproveita a estadia e faz Workshop para TV e cinema em Salvador!
quarta-feira, 30 de janeiro de 2019
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
MEU AMIGO " FERA"!
Dramaturgo e cineasta baiano Gildásio Leite morre aos 73 anos
Durante décadas dirigiu e produziu peças de teatro, viajando pela Bahia com seu grupo Saltimbancos
O cineasta, dramaturgo e diretor teatral Gildásio Leite faleceu nesta quinta-feira (17), aos 73 anos, após lutar durante quatro anos contra um câncer de próstata e outro de reto. Segundo Informações da filha, Pauline Leite, o câncer evoluiu e acabou se tornando um quadro de metástase e então seu pai não resistiu.
Natural de Vitória da Conquista, ele tinha seu conterrâneo Glauber Rocha, como principal espelho para sua arte. Gildásio participou de grandes produções brasileiras como Tenda dos Milagres (1979), Central do Brasil (1998) e a primeira versão de Quincas Berro D'água para o cinema, produzida na década de 70. Seu último trabalho no cinema foi em 2004, no filme Cascalhos de Tuna Espinheira. No teatro, sua participação final foi na Tragédia do Tamanduá, de 2010, com texto e direção de Paulo Tiago, seu terceiro filho, falecido aos 33 anos.
O filho João Gabriel Leite fez uma publicação desabafando no Facebook e escreveu: "Hoje dia do Senhor do Bonfim meu pai partiu para uma nova jornada. Quem o conheceu sabe que poucos levaram a vida com tanto entusiasmo e leveza. Foi uma luta difícil e ele como sempre se mostrou um grande guerreiro. Que fiquem as boas lembranças e sons de sorrisos pra sempre em nossas memórias... Que a jornada continue... pedalando pelo plano espiritual nas estradas do universo."
Formado pela Universidade Federal da Bahia, Gildásio participou de grandes montagens de espetáculos que marcaram a história do teatro baiano, como "Um homem é um homem", de Bertolt Brecht, dirigido por João das Neves em 1974, “A Casa de Bernada Alba”, de Frederico Garcia Lorca, do mesmo ano, e “A Morte de Quincas Berro D’agua”, com direção de João Augusto.
Durante décadas dirigiu e produziu peças de teatro, viajando por toda Bahia com seu grupo Saltimbancos, formado por sua família.Também foi professor de teatro.
Ele também realizou filmes como diretor, escreveu diversos roteiros, textos teóricos e criticas de teatro. Gildásio é pai dos diretores de cinema João Gabriel Leite e Gabriela Leite.
O velório acontece hoje em Salvador, à tarde, no Cemitério Campo Santo. Amanhã, ele terá velório na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista, a partir das 08:00hs, e também ao longo do sábado. O sepultamento será às 16:00hs de sábado, no Cemitério Praça da Saudade.
Da Redação
redacao@correio24horas.com.br
quarta-feira, 16 de janeiro de 2019
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
COMO O ESTADO LEVOU O CINEMA BRASILEIRO AO FRACASSO E MATOU A INICIATIVA PRIVADA NO SETOR
Beto Magno (cena do filme "Eu só queria vencer" )
Por Daniel Moreno
Que tal uma legislação de reserva de mercado para o Cinema Nacional? Diante de tantos filmes estrangeiros – especialmente norte-americanos – que chegam ao mercado interno todos os anos, deve ser uma “boa ideia” obrigar que uma parcela da programação das salas de cinema ofereça o “similar nacional”.
Você deve estar pensando: “Bem, isto já existe, desde o tempo da Embrafilme, no regime militar”. Sim, isto já existe: você só errou a data. A ideia de “proteger” o conteúdo nacional da concorrência estrangeira vem desde Getúlio Vargas, em 1932, com o artigo 13 do decreto Nº 21.240.
Bem, e que tal injetar dinheiro público nos filmes? Quanto tempo tem essa ideia? Ela também é muito antiga: em 1953, por exemplo, a célebre companhia produtora Vera Cruz estava atolada em dívidas, mas ainda assim a imprensa defendia que o Governo de SP (através do Banespa, na época um banco estatal paulista) “salvasse” a empresa com mais empréstimos em condições vantajosas – o que se revelaria, no final das contas, um desperdício.
Muita gente esforça-se para tentar compreender por que a indústria cinematográfica brasileira vive essa eterna novela na qual os capítulos parecem repetir sempre o mesmo drama. Mas o problema é efetivamente mais simples de ser entendido se assumirmos que, entra governo e sai governo, as tais “políticas públicas” para o setor continuam usando o mesmo remédio esperando, eventualmente, atingir resultados diferentes.
Desde meados do século passado, dois fantasmas assombram o audiovisual nacional: a reserva de mercado e o subsídio (em seus infinitos disfarces e variações). Tais fantasmas, a despeito de sua natureza, são usados como verdadeiros pilares para a indústria do setor. Vejamos, assumindo como ponto de partida a criação da Embrafilme (em 1969), embora como se disse o problema (e a falsa solução) seja anterior a isso.
Durante toda a existência da estatal criada pelos militares para produzir e distribuir filmes nacionais, a reserva de mercado acentuou-se e centenas de produções foram levantadas com dinheiro público. Depois de uma década desse modelo, o que se conseguiu foram basicamente duas coisas: uma diminuição expressiva do número de salas de cinema abertas e um cinema dividido – de um lado, os filmes dependentes da Embrafilme, que representavam menos de um terço da bilheteria da parcela destinada ao produto nacional; de outro, os filmes livres de dinheiro público, a indústria paulista da pornochanchada e do cinema de gênero da chamada “Boca do Lixo”. Ou seja: a despeito da imensa injeção de verba estatal no cinema, a parte da indústria que realmente prosperava era aquela esquecida pelos burocratas (os dois terços de venturosos capitalistas). Mas qual seria a explicação para esse fenômeno, uma vez que mesmo entre os títulos financiados pela Embrafilme havia grandes sucessos de bilheteria, como o célebre “Dona Flor e seus dois maridos”? Espere, voltaremos ao tema mais adiante.
Quando o modelo da estatal exauriu-se, havia um consenso de que algo precisava mudar. Não é verdade que o corajoso Ipojuca Pontes, o homem incumbido por Fernando Collor para privatizar o Cinema Nacional, agiu à revelia da comunidade: o que os cineastas não queriam era ficar órfãos, mas a Embrafilme era uma herança indigesta inclusive para eles, após anos de crescente desprestígio perante a opinião pública.
Depois do desastre generalizado da administração Collor, inicia-se um novo ciclo: em vez de aprender com a experiência de negócios dos cineastas (especialmente paulistas) que viviam de produzir e vender filmes sem dinheiro público (o pessoal da Boca do Lixo), mais uma vez os políticos cedem à pressão dos cineastas mais engajados e inventam o modelo do “incentivo fiscal” para as artes em geral (em 1991), mas cujos maiores beneficiados serão, mais uma vez e durante cerca de uma década, os produtores de filmes. Ele, evidentemente, não vem sozinho: com ele está a inevitável “cota de tela”, a velha obrigatoriedade imposta por lei de exibir filmes nacionais mesmo que ninguém se interesse por eles.
Então, temos, de novo, um modelo todo construído sobre reserva de mercado e subsídio (no caso, disfarçado de renúncia fiscal cujos maiores montantes vêm – ou costumavam vir – de estatais e concessionárias de serviços públicos com recolhimento de IR). O resultado: o modelo dura somente até os próprios cineastas atolarem-se novamente em denúncias de desperdício, exaustão perante a opinião pública e uma constante de verbas insuficiente para atender a demanda crescente de mais e mais cineastas atraídos pela aparente moleza de produzir filmes sem arriscar o próprio bolso na operação.
Mais uma vez, o roteiro se repete: um modelo esgotado (no caso, o das leis de incentivo, que por sua vez substituíra outro modelo esgotado, o da Embrafilme) cede lugar a uma reformulação que, na verdade, altera a forma, mas não o conteúdo da política: vem a criação de uma agência reguladora (em 2001) para o setor que nada fará além de, basicamente, cuidar da reserva de mercado crescente e da transferência de recursos das mais variadas fontes e mecanismos para a produção e a distribuição dos filmes.
De novo, reserva de mercado e subsídio. Alguém imagina que tal modelo pudesse se sustentar?
Como que por alguma “mágica” envolvida em princípios da lógica mais elementar, o velho remédio no mesmo doente nas mesmas condições provoca o mesmo resultado: em um prazo até menor do que o esperado, o modelo dá sinais de saturação. Um mercado audiovisual transformado radicalmente pelo advento da difusão de conteúdo em outras janelas (notadamente, a TV por assinatura) faz com que um número cada vez maior de produtores de cinema com seus filmes debaixo do braço (afinal, há muito dinheiro público para muitas produções, mas a demanda de mercado não cresce nem de longe na mesma proporção) faça fila sem encontrar espaço para a exibição. Qual a resposta? Ampliar tanto a reserva de mercado quanto o subsídio, agora estendendo as políticas (fracassadas) que deram errado no mercado de salas de exibição para os canais a cabo (em 2011), repentinamente obrigados a exibir conteúdo audiovisual nacional (especialmente seriados). Mas como pagar para sustentar essa nova produção? Obviamente, com uma nova fonte de financiamento público (especialmente, o Fundo Setorial do Audiovisual, que por sua vez é abastecido com recursos do Tesouro e cobrança de uma contribuição chamada Condecine).
Então, vamos resumir até agora para o leitor não se perder: reserva de mercado e subsídio sempre assombraram o Cinema Nacional. Uma estatal (a Embrafilme) chegou a ser criada apenas para apoiar o setor sobre esses dois pilares invertebrados. O resultado: crise. A resposta para a crise? Mais reserva de mercado e subsídio através das leis de incentivo. E quando tal modelo também se esgota, qual a nova resposta? Mais reserva de mercado e mais subsídio. E de novo. E outra vez.
Não é preciso ser um estudioso do mercado audiovisual para constatar que tudo que se conseguiu intervindo no mercado permanentemente e sustentando toda uma cadeia produtiva baseada em reserva de mercado e subsídio foi… uma indústria cinematográfica incapaz de sobreviver sem, precisamente, reserva de mercado e subsídio!
Em qual capítulo desta novela estamos agora?
Com as rápidas transformações do audiovisual em todo o mundo e a crise dos canais fechados, o Brasil tem hoje uma comunidade ativa e gigantesca (ao menos em termos financeiros) de produtores de audiovisual que precisa escoar seus produtos. O espaço em salas de cinema e TV é limitado e possivelmente parou de crescer na proporção necessária para acomodar a oferta. O objetivo agora é ampliar a intervenção estatal para a web, taxando serviços como Netflix e obrigando também que o audiovisual nacional entre pela rede mundial mesmo que o interesse dos usuários seja pequeno ou mesmo não exista.
O que vem pela frente é, então, mais reserva de mercado e subsídio, pois uma vez que a demanda por audiovisual brasileiro é aumentada à força, o Estado precisa aparecer com fontes de financiamento para que tais produtos efetivamente sejam disponibilizados. Quem paga, como sempre, é o contribuinte e o espectador.
Alguém que está lendo este texto pode dizer: “Mas isto é assim em todo o mundo, o audiovisual é sempre protegido!” Bem, rebater tal afirmativa seria possível, mas num outro artigo. O que eu fiquei devendo foi falar sobre aquela que é, para mim, a verdadeira chave do problema.
Eu disse lá em cima que parece haver um fenômeno observado no Cinema Nacional que faz com que alguns filmes sejam bem-sucedidos dispensando a tal “ajuda” do governo. A resposta não é “São filmes aos quais o público realmente quer assistir”; a história está repleta de grandes sucessos populares de filmes subsidiados, como o próprio “Dona Flor…”, “Tropa de Elite” e tantos outros. Na verdade, desde a Chanchada até sua herdeira bastarda (a Pornochanchada), passando por Mazzaropi e Os Trapalhões, o filme (audiovisual) nacional que realmente pode funcionar é aquele “barato” – ou ao menos suficientemente barato para que sua capacidade de recuperar o investimento seja atraente ao investidor que não quer (ou não pode) ser subsidiado.
O audiovisual nacional é caro demais, tanto em termos absolutos quanto em termos relativos a seu potencial de mercado. O problema é, também, antigo. O excepcional sucesso de 1953, “O Cangaceiro”, teve dificuldades de recuperar o (alto) valor investido a despeito da bilheteria expressiva; em 1999, militantes do setor como Ivan Isola já admitiam que muitos filmes nacionais poderiam ser realizados por pouco mais da metade de seus orçamentos sem prejuízo da qualidade; em 30 de janeiro de 2013, uma extensa reportagem do Estadão abordava o problema crescente de produzir cinema no Brasil por valores tão altos. “Os nossos orçamentos estão quase o dobro dos argentinos e dos chilenos e mais caros do que os dos espanhóis”, diria Lucy Barreto, a decana produtora.
Num cinema tão caro, o aporte permanente de dinheiro público impede que os custos de produção diminuam naturalmente. Como não diminuem, investidores dispostos a arriscar seu próprio dinheiro não se interessam pelo negócio. Sem a entrada de tais investidores no setor (caros demais, os filmes nacionais são incapazes de dar lucro), a dependência do dinheiro público prossegue, realimentando o ciclo.
Enquanto o problema for confortavelmente deixado de lado pela comunidade cinematográfica (por motivos que dariam outro texto), continuaremos assistindo a este patético espetáculo de uma indústria dependente de reserva de mercado e injeção de dinheiro público implorar rotineiramente por mais reserva de mercado e subsídio para superar os problemas causados por… reserva de mercado e subsídio!
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