BETO MAGNO
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sábado, 19 de outubro de 2019
quarta-feira, 16 de outubro de 2019
BACURAU
A colônia se rebela
por Bruno Carmelo
Como é estranho o filme proposto por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles! Talvez descrever uma produção como “estranha” soe um tanto superficial, mas o adjetivo se encaixa ao projeto no sentido mais estrito do termo: Bacurau está o tempo todo se transformando, apontando novos caminhos, rompendo com expectativas e ressignificando as imagens mostradas anteriormente. Ao espectador, cabe acompanhar a narrativa como quem tateia um caminho às escuras: aos poucos, sem certezas, aberto às inevitáveis surpresas que virão. Esta não é uma dessas produções que busca agradar o espectador a todo custo: ela se move por um caminho peculiar, ciente de sua heterogeneidade, deixando ao público a tarefa de acatar, ou não, as subversões propostas.
Tendo isso em mente, vale dizer que este texto busca preservar as diversas surpresas da trama. Mesmo assim, alguns elementos podem ser adiantados: primeiro, não existe um protagonista único – a não ser que a cidade inteira seja encaixada nesta categoria. Cerca de vinte personagens tomam a cena, desempenhando papéis muito específicos, apenas para ceder espaço a outros na cena seguinte. Talvez se termine a sessão sem lembrar o nome da maioria destes habitantes, mas pouco importa: o essencial se encontra na função que ocupam. Por isso, a identificação do espectador se dará menos com a jornada de um herói do que com uma situação sociopolítica precisa.
Além disso, Bacurau demora bastante a esclarecer seus conflitos principais. Nos trabalhos anteriores como diretor, Kleber Mendonça Filho propunha narrativas segmentadas em três partes. Desta vez, embora não haja divisão formal com letreiros em tela, ainda se constata uma divisão muito precisa em três atos. O primeiro deles corresponde ao realismo social, onde os diversos moradores de Bacurau são apresentados ao público. Conhecemos o professor, a médica, a prostituta, o guerrilheiro, o político corrupto. Este segmento se desenvolve em ritmo contemplativo, mais próximo ao psicologismo dos romances literários do que à média dos roteiros cinematográficos.
Em paralelo, a estética foge ao que seria considerado “polido” para uma grande obra do circuito de festivais: a imagem é saturada demais, contrastada em excesso, enquanto a fotografia permite cenas superexpostas do sertão nordestino e a montagem aposta em recursos de transição incomuns, para não dizer anacrônicos. O espectador pode levar cerca de uma hora se questionando onde de fato a trama pretende chegar, até que o roteiro comece a fornecer suas primeiras resoluções e completar a leitura dos estranhos símbolos propostos. Em outras palavras, os diretores não facilitam a vida do espectador médio, propondo uma longa introdução hermética antes de mergulhar nos prazeres das produções B.
Assim, o segundo ato se consagra a um estilo de cinema bastante americano. A narrativa muda por completo – não apenas a língua majoritária, mas também o ritmo, o estilo de atuações e a relação com o humor. Se na primeira parte a comicidade provinha de uma relação orgânica com regionalismos e sugestões de suspense, nesta parte o espectador pode se julgar dentro de uma produção trash norte-americana, com atuações exageradas, planos maquiavélicos e soluções gratuitas. Estas escolhas podem ser interpretadas como uma bela paródia do cinema de gênero, ou então como uma condução artificial por parte dos diretores, dependendo do grau de consciência e controle que se atribua à dupla.
Bacurau chega, enfim, ao seu terceiro e melhor ato. O filme se transforma novamente, para não apenas unir as duas esferas em termos de estilo (cinema naturalista e cinema de gênero) mas também em formas de discurso. Temos então os americanos contra os brasileiros, a lógica do sertão brasileiro contra o ponto de vista dos snipers gringos, a cidade enquanto lugar de convivência ou espaço de apropriação. O roteiro une todas as suas pontas soltas, ressignifica elementos (o estranho produto colocado na boca, os caixões) e se livra à catarse prometida tacitamente desde as primeiras imagens. Por mais premonitórias que fossem as cenas iniciais – vide o olhar externo, chegando de fora da Terra, enquanto Gal Costa canta uma “canção de amor para gravar num disco voador” -, elas só se completam realmente neste segmento final. Os diretores parecem então mais desenvoltos, mais assertivos, propondo uma estética do gozo (político e sexual) após a longa exposição conceitual.
Por esta razão, vale a pena enfrentar o trajeto árido do filme para descobrir onde desemboca tamanho contorcionismo narrativo. Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles constroem uma curiosa fábula social sobre uma cidade que desaparece, uma cidade tomada por inesperados inimigos munidos de arrogância e um curioso senso de propriedade privada. “Nada justifica melhor a condição burguesa do que acreditar que se merece ocupá-la”, afirmavam os sociólogos Pinçon, num raciocínio bem exemplificado pela trama. Enquanto isso, os moradores de Bacurau vivem numa comunidade solidária, horizontal e progressista, tendo aprendido a desaparecer quando necessário, a transformar sua invisibilidade em força e estratégia, desde o encontro com o prefeito até as cenas finais.
A relação deste conto com o cenário brasileiro se faz ao mesmo tempo metafórica e evidente: nos tempos em que se questiona com frequência porque o povo brasileiro tem aceitado calado tamanha opressão, sem se unir e se revoltar, o filme propõe uma revolução simbólica da classe trabalhadora contra as classes dominantes, uma revanche histórica dos brasileiros contra o colonizador. “Se alguém tem que morrer, que seja para melhorar”, afirma a canção final, sustentando o preceito revolucionário segundo o qual, para se construir algo, é preciso destruir o sistema preexistente. A incitação à revolta pode ser apenas alegórica, ou então concreta, de acordo com o ponto de vista. Mesmo assim, a ideia está lá, clara até demais.
PS: Ao invés de organizar um protesto político no tapete vermelho do Festival de Cannes, como tinha feito alguns anos anteriormente com Aquarius, Kleber Mendonça Filho, Juliano Dornelles e sua equipe deixaram que a obra se tornasse um discurso por si própria. E acrescentaram, nos letreiros finais, que este projeto gerou mais de 800 empregos, movendo a indústria nacional. Isso serve de aviso cristalino àqueles que não enxergam o empenho nem o valor (cultural e econômico) do cinema nacional.
domingo, 13 de outubro de 2019
IRMÃ DULCE SERÁ RECONHECIDA COMO SANTA NESTE DOMINGO.
Por Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil Brasília
Neste domingo (13), às 5h da manhã em Brasília (10h em Roma), a soteropolitana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (1914–1992), nominada como Irmã Dulce desde 1933, torna-se a primeira santa nascida no Brasil reconhecida pela Igreja Católica Apostólica Romana. Torna-se Santa Dulce dos Pobres.
A canonização ocorre nove anos após o colegiado de cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos, da Cúria Romana, atestar o primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce descrito no processo de beatificação da religiosa iniciado pela Arquidiocese de São Salvador da Bahia. A decisão do colegiado é baseada em avaliação de peritos de saber científico (como médicos) e teólogos.
O milagre que levou à beatificação foi a intercessão da freira, a pedido de orações de um padre, para salvar a vida de uma mulher que deu à luz a um menino e estava desenganada por causa de uma hemorragia depois do parto, que os médicos não conseguiam conter. O caso ocorreu nove anos após a morte de Irmã Dulce (2001), em uma cidade do interior de Sergipe.
Para a canonização, a Constituição Apostólica exige a comprovação de um segundo milagre e semelhante ritual processual e comprobatório. A segunda graça, conforme publicado pela Arquidiocese de Salvador, foi a recuperação da visão do músico e maestro José Maurício Bragança Moreira, após 14 anos sem enxergar por causa do glaucoma.
“Eu fui paciente de glaucoma muito grave que me cegou durante 14 anos. No dia do milagre, 10 de dezembro de 2014, o meu coral ia cantar, mas a minha esposa nem me deixou sair de casa por causa do derrame que eu tive nos olhos devido a uma conjuntivite viral. Eu passei a noite sem conseguir dormir e por volta das 4h eu peguei a imagem de Irmã Dulce, que fica na cabeceira da minha cama, a coloquei nos meus olhos e pedi que ela aliviasse a minha dor”, descreve Moreira em relato publicado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
De acordo com o músico, após colocar o santinho impresso sobre os olhos, sentiu sono e adormeceu. “Quando eu acordei de manhã, a minha esposa me deu umas compressas de gelo e foi quando eu comecei a enxergar o gelo e a ver a minha mão, e aos poucos a visão foi voltando. O momento que começou o retorno da visão foi pouco tempo depois da oração. É um milagre”, afirma. Após o reconhecimento do milagre pela Igreja, o Papa Francisco anunciou a canonização de Irmã Dulce.
Vocação social
A vocação religiosa de Irmã Dulce é revelada ainda na adolescência sob influência de uma tia paterna. Ela tornou-se freira no começo da década de 1930 pela Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão (Sergipe).
Formada como professora, teve como primeira missão ensinar a crianças em colégio de sua congregação em Salvador. A vocação para as causas sociais teve início naquela década quando passou a prestar assistência à comunidade pobre de Alagados, e a participar da União Operária São Francisco.
Em 1937, funda o Círculo Operário da Bahia, juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup. Em 1939, Irmã Dulce inaugura o Colégio Santo Antônio, escola comunitária voltada para operários e filhos de operários.
Dez anos depois, ocupa um galinheiro ao lado do Convento Santo Antônio de Salvador para acolher 70 doentes. Em 1959, é instalada oficialmente as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.
Celebração
O Santuário de Irmã Dulce, em Salvador, ao lado da sede das Osid permanecerá aberto durante toda noite de sábado (12) e a madrugada de domingo para a vigília à espera das canonizações que o Papa Francisco presidirá no Vaticano.
Junto com a santa brasileira, serão canonizados os beatos John Henry Newman (1801-1880), cardeal, fundador do Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini, Madre Josefina (1859-1911), italiana, fundadora das Filhas de São Camilo; a Maria Teresa Chiramel Mankidiyan (1876-1926), indiana, fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família; e Margherita Bays (1815-1879), suíça, da Ordem Terceira de São Francisco de Assis.
A primeira missa em honra à Santa Dulce dos Pobres ocorrerá em Roma na igreja San't Andrea della Valle, segunda-feira(14), 24 horas depois da canonização. No dia 20 de outubro, domingo, em Salvador, haverá a celebração pela canonização da Santa. Será no estádio de futebol Arena Fonte Nova, com abertura dos portões ao meio-dia. Os ingressos gratuitos estão à disposição nas diversas paróquias da Arquidiocese de Salvador e começaram a ser distribuídos no início deste mês.
segunda-feira, 7 de outubro de 2019
O MUNDO DO MENINO IMPOSSÍVEL
Beto Magno
Jorge de Lima
Jorge de Lima
Fim da tarde, boquinha da noite
com as primeiras estrelas
e os derradeiros sinos.
Entre as estrelas e lá detrás da igreja
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.
E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:
o sol e os meninos.
Mas ainda vela
o menino impossível
aí do lado
enquanto todas as crianças mansas
dormem
acalentadas
por Mãe-negra Noite.
O menino impossível
que destruiu
os brinquedos perfeitos
que os vovós lhe deram:
o urso de Nürnberg,
o velho barbado jagoeslavo,
as poupées de Paris aux
cheveux crêpes,
o carrinho português
feito de folha-de-flandres,
a caixa de música checoeslovaca,
o polichinelo italiano
made in England,
o trem de ferro de U. S. A.
e o macaco brasileiro
de Buenos Aires
moviendo da cola y la cabeza.
O menino impossível
que destruiu até
os soldados de chumbo de Moscou
e furou os olhos de um Papai Noel,
brinca com sabugos de milho,
caixas vazias,
tacos de pau,
pedrinhas brancas do rio...
“Faz de conta que os sabugos
são bois...”
“Faz de conta...”
“Faz de conta...”
E os sabugos de milho
mugem como bois de verdade...
e os tacos que deveriam ser
soldadinhos de chumbo são
cangaceiros de chapéus de couro...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas
longe das mães
presas nos currais de papelão!
É boquinha da noite
no mundo que o menino impossível
povoou sozinho!
A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.
E vem descendo
uma noite encantada
da lâmpada que expira
lentamente
na parede da sala...
O menino pousa a testa
e sonha dentro da noite quieta
da lâmpada apagada
com o mundo maravilhoso
que ele tirou do nada...
Chô! Chô! Pavão!
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado
domingo, 6 de outubro de 2019
MUSEU DE KARD
Lilian Moraes, Ivan Cravo e Beto Magno
Gravando depoimentos de artistas baianos sobre a importância do Museu De Kard para o Brasil. Na foto com Lilian Moraes (Artista Plástica) e Ivan Cravo (Filho e curador da obra de Mário Cravo).
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
domingo, 11 de agosto de 2019
sábado, 10 de agosto de 2019
FALAR SOBRE CINEMA INTELIGENTE É FALAR SOBRE TODAS AS COISAS
Por Silvia Marques*
Sim, falar sobre Cinema inteligente é falar sobre todas as coisas. Não me refiro à abordagens mais técnicas, que envolvem a análise de um roteiro consistente ou à beleza dos enquadramentos e movimentos de câmera. Me refiro à falar sobre o conteúdo fílmico e da sua linguagem quando ela diz respeito e está a serviço do conteúdo.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre política, tanto nas macro como nas micro estruturas da sociedade. Política vai muito além de falar sobre impeachment, corrupção passiva e os escândalos variados que animam os nossos governos e governantes. Falar sobre política inclui analisar os mecanismos de poder da sociedade, que perpassam todas as instituições existentes: as políticas, as econômicas, as religiosas, as educacionais e a familiar.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre cultura. E quando falo cultura não me refiro apenas a museus e óperas. Não me refiro à cultura como cultura erudita ou alto grau de instrução. Me refiro a cultura sob o viés da semiótica da cultura: cultura como um gigantesco conjunto de códigos comunicacionais que expressa todos os nossos modos de pensar, sentir, fazer e comunicar. Falo de cultura como nossos costumes, crenças e valores mais arraigados. Falo de cultura como as nossas dicotomias mais estridentes, nossa hipocrisia mais pútrida, nossos jogos mais perversos, nossos passatempos mais ingênuos, nossa absurda capacidade de sermos fascinantes e asquerosos em medidas praticamente iguais.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre Psicologia e Psicanálise. Félix Gattari já havia nomeado o cinema como o divã do pobre em um artigo sobre as estreitas e íntimas relações entre Cinema e Psicanálise. Mais do que mostrar variados distúrbios emocionais e diferentes padrões comportamentais, o Cinema não deixa de realizar uma espécie de terapia com espectadores abertos para esta experiência.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre História. Quantos filmes não permitem que não nos esqueçamos de personalidades e momentos trágicos , impactantes e decisivos para o entendimento do nosso tempo presente?
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre ética e estética. É por em debate os valores morais da nossa sociedade. É questionar o próprio conceito de beleza em sua multiplicidade.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre o amor e seus mecanismos de estranhamento , redenção e condenação. Falar sobre Cinema inteligente é dissecar a raça humana com suas contradições, impulsos, paixões e misérias. Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre a sexualidade em suas múltiplas faces.
Falar sobre Cinema inteligente é falar sobre as Artes de um modo geral. Cinema é uma arte síntese, que reverenciou e reverencia muitos artistas.
Falar sobre Cinema é falar sobre as Ciências e suas idas e vindas. Avanços e retrocessos. É falar sobre as mudanças na forma de pensamento.
Sim, falar sobre Cinema inteligente é falar sobre todas as coisas. Que pena que para a maioria das pessoas ver um filme é um mero passatempo e estudar e conversar sobre cinema seja apenas um sintoma de uma personalidade lunática. Os exemplos dados no artigo são meramente ilustrativos. A quantidade de filmes importantes é inúmera.
terça-feira, 6 de agosto de 2019
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
CELSO TADDEI EM SALVADOR
Quem estará Em Salvador para ministrar uma oficina sobre roteiro será o mestre Celso Taddei, o roteirista chefe do Programa Zorra da rede Globo, uma parceria com a empresária, produtora de elenco e atriz Rada Rezedá. da CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA
Celso Taddei que foi finalista do Emmy Internacional de 2016 e vencedor do Prêmio Imprensa 2019, e tem em seu currículo trabalhos como os filmes “Vestido para Casar”, “Os Caras de Pau”, “Misterioso Roubo do Anel” e das peças “Apesar de você” e o “Baterista”.
A oficina Roteiro de Humor para TV com Celso Taddei, será ministrado nos dias 08 de agosto (quinta) das 17h às 21h30 e 09 de agosto (sexta) das 14h às 18h, indicado para roteiristas iniciantes e profissionais, idade mínima é de 12 anos, no valor: R$400,00.
Vale ressaltar que os inscritos poderão ser escalados para atuar no filme de comédia no qual Celso Taddei será o roteirista e diretor, contando com elenco baiano.
Mais informações e contato (71) 98846-8994
Beto Magno
OFICINA DE ROTEIRO
Quem estará na capital baiana para ministrar workshop sobre roteiro será o mestre Celso Taddei, o chefe do Programa Zorra da rede Globo, uma parceria com a empresária, produtora de elenco e atriz Rada Rezedá. da CAP ESCOLA DE TV E CINEMA DA BAHIA
Celso que foi finalista do Emmy Internacional de 2016 e vencedor do Prêmio Imprensa 2019, leva no currículo trabalhos como os filmes “Vestido para Casar”, “Os Caras de Pau”, “Misterioso Roubo do Anel” e das peças “Apesar de você” e o “Baterista”.
A oficina Roteiro de Humor para TV com Celso Taddei, será ministrado nos dias 08 de agosto (quinta) das 17h às 21h30 e 09 de agosto (sexta) das 14h às 18h, indicado para roteiristas iniciantes e profissionais, idade mínima é de 12 anos, no valor: R$400,00.
Vale ressaltar que os inscritos poderão ser escalados para atuar no filme de comédia no qual Celso Taddei será o roteirista e diretor, contando com elenco baiano.
Mais informações e contato (71) 98846-8994
domingo, 4 de agosto de 2019
MINISTRO OSMAR TERRA APRESENTA PROPOSTA PARA ANCINE
Beto Magno
Por Estadão Conteúdo
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 2, que pode manter a Agência Nacional do Cinema (Ancine). No início de julho, ele havia dito que iria extinguir a agência. “Se recuar, recuo. Quantas vezes vocês falam que eu recuei? Tem a questão do audiovisual que emprega muita gente, tem de ver por esse lado”, explicou.
Agora, o presidente afirmou que o ministro da Cidadania, Osmar Terra, já enviou a ele um rascunho de como ficaria o órgão. “Uma versão parecida com o dinheiro da lei Rouanet“, afirmou. Bolsonaro disse também que está sendo reavaliada a composição do Fundo Setorial do Audiovisual, cuja dotação para este ano é de R$ 724 milhões.
O recurso advém de receitas de concessões e permissões e pela arrecadação de um tributo pago pela exploração comercial de obras audiovisuais. Ele disse, no entanto, que pode extinguir este imposto. “Eu conversei com o ministro Paulo Guedes da Economia de redirecionar. Se for para extinguir imposto, extingue. Acho que o Estado teria muito mais inteligência para dar uma nova direção”, disse.
sábado, 11 de maio de 2019
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019
MARACANGALHA, EU VOU! ( O FILME )
Beto Magno, Dr. Breno Konrard, Delegado Valdir Barbosa, Yin Carneiro, Rada Rezedá e Gilberto.
Por Valdir Barbosa
As ruas de Maracangalha, canto imortalizado na música do magistral Caymmi voltaram a viver, no fim de semana que voou, tempos de gloria, tal qual nos idos em que a usina Cinco Rios fumaçava suas chaminés a todo vapor tornando pujante o lugar, onde borbulhava prosperidade, alegria, animação e festa. Época do Cine Maracangalha, de espetáculos circenses, quando a economia gerando riqueza trazia de arrasto, manifestações artísticas e culturais de todos os matizes.
Sim, sob a égide da VM filmes e Santo Guerreiro foi possível reunir ali, sábado e domingo passados, produtores, diretores, técnicos, figurinistas e artistas do quilate de RADA REZEDÁ, BETO MAGNO, ROSEANE PINHEIRO, MÔNICA SAN GALO, GEORGE DINIZ e DOUGLAS, VITORIA MAGNO, TÁBITA REZEDÁ, além de valores induvidosamente futurosos, dentre estes, crianças e adolescentes, nomes que haverão de brilhar nos palcos cênicos da TV, teatro e cinema de nosso Estado, figuras que certamente rasgarão fronteiras, para fulgurar em toda terra brasilis, quiçá, mundo afora, tudo isto, para rodar cenas do Curta Metragem, MARACANGALHA EU VOU, baseado em texto do inesquecível Bebert de Castro. No topo das consagradas estrelas presentes, MARCOS WAINBERG, responsável pela direção do filme.
Os residentes de agora assistiram embevecidos, a movimentação dos artistas e demais envolvidos no trabalho, num vai e vem que iniciou desde quando primeiros raios de sol rasgaram a manhã do sábado último, até quando, ao cair da tarde de domingo houve apoteótico encerramento das tomadas, nos pés das ruínas daquela velha usina, antes razão de tudo, ao som da voz maviosa de Mônica San Galo e acordes da Lira local regida pela maestrina Sônia Oliver, na embocadura de seu saxofone.
Nesta hora, enquanto todos quantos participaram das gravações bailaram em torno da belíssima Anália (Roseane) embalados pela música tema (obviamente, a marca posta por Dorival), lágrimas de emoção brotadas dos olhos de Rada vinham na forma mais límpida e pura de agradecimento a Deus, por tudo quanto afinal realizado.
Findas as cenas, a fanfarra seguiu tocando em direção à rua principal para encerrar o cortejo, frente ao armazém de Bosco, um dos locais nos quais a trama se desenrolou, ponto que ainda guarda características antigas insculpidas na película produzida. Vale reprisar trecho do texto: “... MARACANGALHA... a terra do massapé, da Trilha do Besouro Mangangá, Dos Rosa, de Dona Marita, a melhor cozinheira da cidade, de Dona Eremita do Bandolim, de Aloísio, o Belo; de Renato do Alambique, de Dona Nininha de Nozinho, famosa porque bateu um prato de feijoada no mesmo dia em que saiu do hospital depois de operada... num é que ela viveu mais dez anos? Ahhh, claro, de Alô Boys, Bié, Come Pele, Assombra Onça, Colodina louca, afff... é, muita gente viu! A terra da Usina Cinco Rios, verdadeira responsável por nossas histórias...”.
Quando a noite acendia a lua fui um dos que dançando e cantando aguentou subir a ladeira, passando pela praça do violão, até o ponto onde a orquestra parou de tocar em definitivo, como dito, aos pés da venda de Bosco.
Mas, não só fui testemunha de todas estas nuances, na verdade, na esteira de privilégio concedido por Rezedá e Magno integrei a caravana daqueles que interpretaram Maracangalha, eu vou. Fui dirigido por Wainberg, atendi aos conselhos de Rada e Beto, Tábita definiu meu figurino, as câmeras de George e Douglas focaram em mim, o microfone sensível de Vitória captou minha voz contracenando com os demais atores incorporando, imaginem, o Delegado da cidade, no tempo daquele tempo.
Senti-me a própria autoridade do sitio onde fervilhava a vida, ao talante da Usina Cinco Rios, então, esqueci por momentos que o destino me concedeu a possibilidade de atuar, nas derradeiras quatro décadas que se foram, protagonizando um homem de polícia, dono de insígnia que levarei até a eternidade, mesmo porque dela lhe devo ter trazido.
Ontem, depois das despedidas, quando finalmente o pano desceu e voltava para casa, na estrada que conduzia mais uma vez o guerreiro a seu repouso entendi a verdade inscrita numa máxima insofismável. A ARTE IMITA A VIDA, A VIDA IMITA A ARTE.
P. S.: Como especialista em segurança devo dizer: Imponderável não parabenizar o prefeito de São Sebastião do Passé, Dr. Breno Konrard Moreira, pelo inestimável apoio, sem o qual, provavelmente, seria impossível aos realizadores do filme fazer com que a obra se tornasse realidade. Sensibilidade de gestores que tais, preocupados com cultura, esporte e lazer, vetores indispensáveis para afastar de caminhos tortuosos os jovens, futuro das gerações que vão ficando para trás, faz a diferença. A ele e toda a sua equipe, dos mais graduados assessores, aos mais simples, sobretudo, aqueles que permaneceram horas cuidando da segurança, do trânsito, em favor das atividades, registro os mais sinceros agradecimentos.
Salvador, 18 de fevereiro de 2019
Valdir Barbosa
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019
CINEMA MAIS ANTIGO DA AMERICA LATINA
Cine Teatro Rio Branco
Por Suely Alves
O mais antigo cinema da América Latina em funcionamento, o Cine Teatro Rio Branco é motivo de orgulho para a cidade de Nazaré.
Administrado pela Fundação Marcos Vampeta (FMV), o cinema é um espaço multicultural, onde a cultura é expressa através da arte no palco e nas exibições de filmes.A restauração do monumento foi possível graças ao investimento realizado por Marcos André Batista Santos, o Vampeta.
Craque de futebol brasileiro, ele dá uma lição de cidadania com apoios a projetos culturais e sociais no município.O Rio Branco atravessa o milênio com o mesmo brilho do passado. O espaço foi fundado em 1927, na época em que a cidade era o centro comercial da região e atraia multidões nas noites de festas com shows de vários artistas famosos, como Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Nelson Gonçalves e outros que foram a referência do Rio Branco.
domingo, 10 de fevereiro de 2019
SÉTIMA ARTE?
Beto Magno - VM FILMES
Algumas pessoas devem ter se perguntado por que o cinema é considerado a Sétima Arte. Para quem ainda não sabe, esse termo surgiu em 1912, dado por Ricciotto Canudo no "Manifeste des Sept Arts" (Manifesto das Sete Artes), documento que foi publicado apenas em 1923.
1ª Arte - Música (som)
3ª Arte - Pintura (cor)
4ª Arte - Escultura (volume)
5ª Arte - Arquitetura (espaço)
6ª Arte - Literatura (palavra)
7ª Arte - Cinema (Áudio-Visual) (Contém artes anteriores como a música para trilha sonora, artes cênicas para dublagem e captura de movimentos, pintura, escultura e arquitetura para o design, e literatura para roteiros)
Outras formas expressivas também consideradas artes foram posteriormente adicionadas à numeração proposta pelo manifesto:[nota 1][5][6][7]
8ª Arte - Fotografia (imagem)[8]
9ª Arte - Historia em quadrinhos (cor, palavra, imagem)
10ª Arte - Vídeo Games (integra os elementos de outras artes)
11ª Arte - Arte digital (integra artes gráficas computadorizadas 2D, 3D e programação).
LUZ
Beto magno e José Umberto
Por José Umberto
" Cinema é arte do cão, menino", costumava advertir seu Domingos Palmeiras. Não atinava o velho, em desgastado conselho, que o neto já fora possuído pelo luminoso brinquedo maldito. O adentrado quintal da casa, varrido por mangueiras, goiabas e jaqueiras, sustentava quase que diariamente os improvisos de palhaços, equilibristas e rumbeiras. Quando não exaustivos ensaios de dramas lacrimosos, tipo A Louca do Jardim, fazendo até adultos dar nó na garganta. O sonho mais ousado, porém nunca concretizado, seria a incrível façanha do fantástico, extraordinário globo da morte. Tudo isso era inspirado pelos contínuos circos armados no centro da praça do Campo do Gado. Os artistas chegavam entusiasmados, repletos de parafernálias, jaulas de leão, tigre, leopardo, o pesado elefante enlameado, a inquietude dos macacos alegres, só que o espetáculo tinha inicio na plastica suspensão da lona. Mais parecia o mundo subindo pro céu.
A gente nem possuía tostões para penetrar nas costumeiras funções noturnas, então aguardava-se contrariado a longínqua matinada dominical. sempre havia, contudo, algum destemido a driblar os " mata-cachorros" e passar por baixo da geral. O jeito que tinha, mesmo, era brincar de picula, até se esbaldar, suar como bica e depois ser intimado a deitar-se. vestia o pijama, listrado,apagava-se a lampada do quarto, punha a cabeça no afofo do travesseiro, deixando o ouvido ligado aos apupos do picadeiro. A vigília ia superpondo-se gradualmente á ilusão circense enquanto um violino esticava a corda incontrolável dos sonhos. O feixe das imaginações, em escalas homeopáticas, ia-se moldando em avanços e recuos de um tempo sem idade. não existia vácuo, precipício ou espaço nulo: tudo preenchido, submerso de ar. Quando não sobrava mais nada, inventava-se. O radio era uma estimuladora alternativa, ouvindo atento ao capítulos em suspense de Jeronimo, o Herói do Sertão ou brincando de medico, um exercício escondido onde iniciávamos - excitados - as descobertas microscópicas nas reintrâncias e saliências das mocinhas. A pesar dum terreno meio proibido, movediço, o cinema atraia por demais o reinado das experimentações. "Mexer com eletricidade é um perigo menino", rosnava dona Lió , de xale, obstinada com a penca de chaves no corpete, pros netos não malinarem na despensa. Todos doidim doidim por um cacho de bananas devez; mas era lá, trancado, regrado. O engenho consistia em pegar uma caixa de sapatos, cortar um pequeno quadrado na parte frontal do papelão, preder uma lupa (senão uma lampada transparente, cheia d'Água, que substituía fielmente a lente de grau, um vidro raro para nós), instalar uma luz elétrica... e estava proto o projeto cinematográfico! O filme, matéria prima da criação, obtinha-se de duas formas distintas, proporcionando espetáculos variados. Adquiriam papel-de-manteiga, com a tesoura elaboravam extensas tiras de 50 milímetros de largura para, assim, partir aos desenhos, na vertical, decompondo as imagens dos quadros em seus respectivos movimentos sucessivos. Cada rolo narrava uma estória animada, com os personagenzinhos torneados em cores... pena que esses filmecos estejam definitivamente perdidos.
Outra modalidade de projeção, descontinua, realizava-se com fotogramas de películas recortadas. Tratava-se de uma aventura mais emocionante: nossa ponte era os operadores dos cinemas comerciais. Apos a sessão, eles desciam da cabina com um monte de celuloides divididos em partes- cenas longas, enrodilhadas e quadros únicos. Aquele cheiro que desprendia das fitas, provenientes das químicas de revelação, exercia no meu sentido um fascínio exuberante. Guardava meus filmes numa caixinha magica, bem vedada. Era de um enorme prazer abri-la, aspirar aquela essência divina com a mesma avides do avo aspirando o rapé. A inalação provocava um barato da natureza espiritual, sentimental, quem sabe inspirador. Um odor especial que me acompanhou de prazer ao longo da vida. vinham cenas de caubóis, gladiadores romanos, policiais, comedias, dramas, jornal da tela, seriados...uma variedade de gêneros. Um enquadramento de Brigitte Bardot em E Deus Criou a Mulher foi o meu maior sucesso exibidor. Como a fita era cara tínhamos que realizar verdadeiros comércios mirabolantes em troca de gibis.
Nosso negocio começara a crescer, com espectadores cativos nas sessões agitadas. O ingresso era cobrado a fim de que renovássemos o estoque de títulos novos, afinal de conta o preço da fita aumentava a cada termino de tarde aos domingos. A seguir, surge no mercado das lojas o requintado projetor Barlon, ao tempo em que abandonava-se a gerigonça artesanal e partia-se para o inevitável aperfeiçoamento técnico. Recursos mecânicos á parte, nossa alma ia-se impregnando, por todos os poros, pela magia soberba da usina de sonhos. Não se tratava, aquela altura, de uma mera curiosidade juvenil. Era em verdade a alvorada de uma nova dimensão linguística - o surgimento de emergentes cineastas mirins. Profanando-se a luz, jogando-se contra as sombras, provocando o embrionário ato criador, experimentando as formas, dando asas á imaginação, a sétima arte engrossava suas filheira de novas estrelas. O fogo pinta no escuro as cores do desafio, estava definido o ponto de partida. cabia agora, palmilhar as veredas labirínticas da poesia. mui correto o genial Orson Wells, cinema é um brinquedo magico.
Por José Umberto
" Cinema é arte do cão, menino", costumava advertir seu Domingos Palmeiras. Não atinava o velho, em desgastado conselho, que o neto já fora possuído pelo luminoso brinquedo maldito. O adentrado quintal da casa, varrido por mangueiras, goiabas e jaqueiras, sustentava quase que diariamente os improvisos de palhaços, equilibristas e rumbeiras. Quando não exaustivos ensaios de dramas lacrimosos, tipo A Louca do Jardim, fazendo até adultos dar nó na garganta. O sonho mais ousado, porém nunca concretizado, seria a incrível façanha do fantástico, extraordinário globo da morte. Tudo isso era inspirado pelos contínuos circos armados no centro da praça do Campo do Gado. Os artistas chegavam entusiasmados, repletos de parafernálias, jaulas de leão, tigre, leopardo, o pesado elefante enlameado, a inquietude dos macacos alegres, só que o espetáculo tinha inicio na plastica suspensão da lona. Mais parecia o mundo subindo pro céu.
A gente nem possuía tostões para penetrar nas costumeiras funções noturnas, então aguardava-se contrariado a longínqua matinada dominical. sempre havia, contudo, algum destemido a driblar os " mata-cachorros" e passar por baixo da geral. O jeito que tinha, mesmo, era brincar de picula, até se esbaldar, suar como bica e depois ser intimado a deitar-se. vestia o pijama, listrado,apagava-se a lampada do quarto, punha a cabeça no afofo do travesseiro, deixando o ouvido ligado aos apupos do picadeiro. A vigília ia superpondo-se gradualmente á ilusão circense enquanto um violino esticava a corda incontrolável dos sonhos. O feixe das imaginações, em escalas homeopáticas, ia-se moldando em avanços e recuos de um tempo sem idade. não existia vácuo, precipício ou espaço nulo: tudo preenchido, submerso de ar. Quando não sobrava mais nada, inventava-se. O radio era uma estimuladora alternativa, ouvindo atento ao capítulos em suspense de Jeronimo, o Herói do Sertão ou brincando de medico, um exercício escondido onde iniciávamos - excitados - as descobertas microscópicas nas reintrâncias e saliências das mocinhas. A pesar dum terreno meio proibido, movediço, o cinema atraia por demais o reinado das experimentações. "Mexer com eletricidade é um perigo menino", rosnava dona Lió , de xale, obstinada com a penca de chaves no corpete, pros netos não malinarem na despensa. Todos doidim doidim por um cacho de bananas devez; mas era lá, trancado, regrado. O engenho consistia em pegar uma caixa de sapatos, cortar um pequeno quadrado na parte frontal do papelão, preder uma lupa (senão uma lampada transparente, cheia d'Água, que substituía fielmente a lente de grau, um vidro raro para nós), instalar uma luz elétrica... e estava proto o projeto cinematográfico! O filme, matéria prima da criação, obtinha-se de duas formas distintas, proporcionando espetáculos variados. Adquiriam papel-de-manteiga, com a tesoura elaboravam extensas tiras de 50 milímetros de largura para, assim, partir aos desenhos, na vertical, decompondo as imagens dos quadros em seus respectivos movimentos sucessivos. Cada rolo narrava uma estória animada, com os personagenzinhos torneados em cores... pena que esses filmecos estejam definitivamente perdidos.
Outra modalidade de projeção, descontinua, realizava-se com fotogramas de películas recortadas. Tratava-se de uma aventura mais emocionante: nossa ponte era os operadores dos cinemas comerciais. Apos a sessão, eles desciam da cabina com um monte de celuloides divididos em partes- cenas longas, enrodilhadas e quadros únicos. Aquele cheiro que desprendia das fitas, provenientes das químicas de revelação, exercia no meu sentido um fascínio exuberante. Guardava meus filmes numa caixinha magica, bem vedada. Era de um enorme prazer abri-la, aspirar aquela essência divina com a mesma avides do avo aspirando o rapé. A inalação provocava um barato da natureza espiritual, sentimental, quem sabe inspirador. Um odor especial que me acompanhou de prazer ao longo da vida. vinham cenas de caubóis, gladiadores romanos, policiais, comedias, dramas, jornal da tela, seriados...uma variedade de gêneros. Um enquadramento de Brigitte Bardot em E Deus Criou a Mulher foi o meu maior sucesso exibidor. Como a fita era cara tínhamos que realizar verdadeiros comércios mirabolantes em troca de gibis.
Nosso negocio começara a crescer, com espectadores cativos nas sessões agitadas. O ingresso era cobrado a fim de que renovássemos o estoque de títulos novos, afinal de conta o preço da fita aumentava a cada termino de tarde aos domingos. A seguir, surge no mercado das lojas o requintado projetor Barlon, ao tempo em que abandonava-se a gerigonça artesanal e partia-se para o inevitável aperfeiçoamento técnico. Recursos mecânicos á parte, nossa alma ia-se impregnando, por todos os poros, pela magia soberba da usina de sonhos. Não se tratava, aquela altura, de uma mera curiosidade juvenil. Era em verdade a alvorada de uma nova dimensão linguística - o surgimento de emergentes cineastas mirins. Profanando-se a luz, jogando-se contra as sombras, provocando o embrionário ato criador, experimentando as formas, dando asas á imaginação, a sétima arte engrossava suas filheira de novas estrelas. O fogo pinta no escuro as cores do desafio, estava definido o ponto de partida. cabia agora, palmilhar as veredas labirínticas da poesia. mui correto o genial Orson Wells, cinema é um brinquedo magico.
sábado, 9 de fevereiro de 2019
MARACANGALHA, EU VOU! ( O FILME )
Por Rada Rezedá
Marancagalha cantada por Caymmi, será cenário de filme dirigido por Marcos Wainberg
Maracangalha, Eu Vou! tem roteiro e produção executiva de Rada Rezedá e direção de Marcos Wainberg e será filmado em Maracangalha, distrito de São Sebastião do Passé, no Recôncavo baiano. A história conta sobre os personagens exóticos de Maracangalha dos anos 30 e suas peripércias na cidade, também sobre o cinema de Alô Boys e do Circo da vila, passando pela morte do Besouro Mangangá, Anália sambadeira e pelos beijos gelados de Edson Lingua de Gelo. O curta pretende invadir os festivais de cinema do Brasil e do mundo.
A vila de Maracangalha já foi cenário de cinco filmes produzidos por Rada Rezedá em parceria com a VM Filmes, de Beto Magno. Maracangalha, Eu Vou! é o sexto filme da dupla. Todos os curtas foram foram inspirados no livro Cine Maracangalha, do jornalista José Augusto Berbert de Castro, que posui mais de 40 crônicas sobre a vila da Usina Cinco Rios e que abrigou o primeiro modelo de shopping na Bahia, bem como o primeiro cinema do Recôncavo baiano. Já são 11 anos de histórias cantadas e contadas sobre a vila da samabadeira mais famosa do mundo, Anália, que inspirou Caymmi em sua música Eu Vou pra Maracangalha, eu vou...que por sua vez inspirou a roteirista neste seu último filme .
O elenco conta com 31 jovens atores, estreantes das artes e da telona. Todos são alunos e empresariados de Rada Rezedá, que possui a Cap Escola de TV e Cinema da Baha há 23 anos, com 12 cursos na aréa do audiovisual.
Maracangalha, Eu Vou! possui as exuberantes participações especiais de Mônica Sangalo, Rosiane Pinheiro e do delegado especial Valdir Barbosa, nos personagens Fofoqueira 2, Anália sambadeira e Investigador, respectivamente. A direção artística de Marcos Wainberg, que já fez novelas e séries em algumas emissoras: Sol de Verão, Hipertensão, Anos Dourados, Vale Tudo, Kananga do Japão.. Mas, foi em Zorra Total, que Marcos ganhou fama com o personagem do Diretor ao lado do ator Paulo Silvino que fazia o Brasil rir, com o famoso bordão “Cara, crachá” e a iluminada direção de fotografia de César Pires, que etem em seu curriculo trabalhos ao lado do ilustre Walter Carvalho (Central do Brasil, O Canto da Sereia)
Elenco e Equipe em lista,
As crianças:
Cecília Sande
Clara Campos
João Pedro Campos
Sâmila Silva
Aine Rocha
Malu Reis
Rebeca Ferreira
Emily Reis
Lara Fontenele
Lulu Alcantara
Sophia Amaral
Maria Nicoly
Lara de Paiva
Adolescentes:
Júlia d'Almeida
Yuri Viana
Ingrid Hannah
Victor Lima
Gabi Paixão
Andressa Victória
Beatriz Limeira
Adultos:
Yin yee Carneiro
Amacloe
Lila Vidal
Catarina Viana
Cris Magalhães
Gilberto Pereira
Bruno Dourado
Antônio Márcio
Participações Especiais:
Mônica Sangalo
Rosiane Pinheiro
Delegado Valdir Barbosa
.
🎬 Na equipe técnica temos:
Roteiro e Produção Executiva: Rada Rezedá
Produção: Beto Magno
Foto: Vitória Magno
Figurino, Make e Caracterização: Tábita Rezedá.
César Pires: Direção de fotografia
Direção Artistica: Marcos Wainberg
Produtora de Cinema parceira: Santo Guerreiro.
Assessoria de imprensa: Yin yee Carneiro
Agradecimentos Especiais:
Pais de alunos e empresariados
Prefeitura de São Sebastião do Passé
Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de São Sebastião do Passé
CAHIERS DU CINEMA OU AÍ SÓ TEM ARTISTA
arquivo VM FILMES Beto Magno
Dia de Gravação em " Maracangalha" São Sebastião do Passé - BAPor Fernando Vita Souza
Baiano não nasce, estréia! costumam dizer, com indisfarçável despeito, todos os que, por algum inexplicável motivo, não conseguiram nascer na Bahia, estando por isso mesmo condenados a passarem o resto da vida sem poder bater a mão no peito, prenhes de orgulho cívico. e dizer-se conterrâneos de glorias nacionais como Castro Alves, Caetano, Joana Angelica, Chocolate do Mercado Modelo, Ruy Barbosa ( o que foi para Inglaterra ensinar inglês! ) e Beijoca. E dia desses, por obra e graça da Globo, que reexibiu " A Tenda dos Milagres", de Nelson Pereira dos Santos, pude ter a certeza de que a Bahia pode não presar pra outras coisas, mas duvido que exista qualquer outro lugar no mundo com tanto artista...
Rapaz inteligente, apesar de não ser baiano, o cineasta Pereira dos Santos houve por bem decidir que em tendo que filmar " A Tenda dos Milagres" ai, nesta verdadeira fabrica de artistas, não teria por que esquentar a cabeça contratando gente em outras plagas. E, sabiamente, assim o fez. Chegou no primeiro boteco e bradou, em alto e bom som, a senha magica que em segundos permitiu-lhe lotar seis ônibus, duas kombis e três fuscas de artistas:
- Por acaso, aqui tem artistas?
E acompanhado por uma verdadeira multidão de artistas baianos, de todas as cores, credos, habilidades e preferências, pôde o bom Nelson, ideia na cabeça e câmera na mão, desempenhar o seu mister sem problemas, legando á cinematografia nacional mais que um filme com sua grife, um valioso mostruário de talento, da genialidade e do domínio da difícil arte de interpretar de uma serie de verdadeiros astros da tela, que província da Bahia escondia aos olhos do mundo, modesta como é desde que Cabral começou a fazer o Brasil - logo por onde, adivinhem? - pela Bahia, isso mesmo, aí pela Bahia.
Assim, ao longo da história do negro Pedro Arcanjo, o bedéu que deitava e rolava inteligencia e saber em cima dos doutos, teve o Brasil e o mundo mais uma vez que se curvar ante a artistice baiana, em desempenhos memoráveis e definitivos de astros de primeira grandeza, que modéstia e a timidez furtavam ás telas, escondendo-os em outras profissões igualmente nobres, mas ainda assim cometendo um verdadeiro crime de lesa-arte, posto que lugar de artista é na tela, verdade que até office-boy em Hollyood sabe.
Não fosse Nelson Pereira dos Santos e o seu hoje histórico grito de "Por acaso, aqui tem artistas?" e o mundo acabaria privado de ver gente como Jehová de Carvalho, Tuna Espinheira, Tasso Franco, Pedro Formigli, Carlos Navarro Filho, Rêmulo Pastore, Nadja Miranda, Césio Oliveira, Claudio Barreto, Raimundo Machado e tantos outros mostrar para os pósteros como é que se trabalha ante os spots-lights e câmeras da vida. Todos eles, sem exceção, poderiam abandonar os afazeres que originalmente abraçam - taí por que nunca levei fé nos chamados testes vocacionais - e partir para disputar mercado com os Pereios, Tarcísios Meiras, Newmans, Brandos e Nicholsons, sem receio nenhum.
Diante de TV, com o espírito crítico aguçado e afiado ante os conterrâneos acima citados, todos meus amigos, aplaudi de pé momentos que considero definitivos na cinematografia mundial, como, por exemplo, aquele em que o jornalista Césio de Oliveira levanta-se e bate palmas numa conferencia. Nunca vi ninguém bater palmas tao bem, de forma tão convincente, em toda historia do cinema.Ali, em questão de segundos, o nosso Césio conseguiu brilhar mais que o outro césio- 137, que fez aquela zorra toda em Goiânia. E Rêmulo Pastore, o nosso Reminho? A este Pereira dos Santos concedeu apenas alguns segundos em cena, mas suficientes para firma-lo como ator, por todo o sempre, amém. Coube ao citado artista a difícil tarefa de atravessar de forma furtiva uma sala onde pessoas discutiam acalouradamente alguma coisa. E o nosso Rêmulo o fez de forma tão furtiva, astro que é, que nem ele conseguiu depois ver-se na tela... Até hoje o diretor de "A Tenda Dos Milagres" elogia. Mas não para por aí a genialidade dos nossos artistas em " A Tenda"... Não há como descrever a performance do também jornalista Tasso Franco, interpretando polemico repórter de jornal. Ele faz um 'Oh, não é possível!" tão comovente, tão brilhante no filme que se Fellini o pega de jeito pela Europa, adeus Amélia, jamais Serrinha teria de volta seu filho mais ilustre. E Pedro Formigli, o Pedrinho Me Mate Logo, também como repórter, anotando com raro brilho o que o pesquisador gringo falava? Fui, por instantes, transportado ao Orson Wells do "Cidadão Kane"... Não há como deixar de lado desempenhos como o de Carlos Navarro Filho, o ontem vereador de Alagoinhas e hoje presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia. Além do jeitão misterioso de encarar as câmeras, merece aplausos o periodista em questão, pela gravata parecida com uma raquete de tênis que usava, encarnando o publicitário-picareta. E a calça boca de sino de Raimundo Machado? E o seu "Sex- appeal" dando esporro na sua equipe de repórteres? Por muito pouco A TARDE não perdeu um de seus melhores repórteres de policia para o cinema.
O publicitário Claudio Barreto como maestro, a professora Nadja Miranda como mulher dama e Tuna Espinheira como professor estão geniais.
Vejam como o Claudio, no filme, segura a batuta. E o decor de Nadja? O Tuna, uma das poucas pessoas que sabem de cor e salteado o hino de Juracy Magalhães na campanha para o governo do estado, dirige um olhar de reprovação para um colega professor em certa hora que, meu Deus, Humprey Bogart jamais conseguiria fazer igual.
O homem de leis, letras e litros Jehová de Carvalho teve atuação destacadíssima, e não pode, por questão de justiça, ser olvidado. Bom de discurso e gestos, é mesmo nos momentos em que aparece de copo na mão que mais se sente a sua genialidade. Mas, aí, não há por que se surpreender, haja vista que o bom Jehová treina essa arte de levantar copos desde tenra idade, ainda na sua Santa Maria da Vitória, e quem sabe, sabe, quem aprende bem não desaprende jamais, mesmo com o baque surdo da claquete no pé do ouvido.
Como se vê, aí na Bahia só tem artista! E se Hollyood, ao invés de estar na Califórnia, fosse aí em São Sebastião do Passé, por exemplo, a historia do cinema, não tenham dúvidas, teria sido outra.
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