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sexta-feira, 1 de maio de 2020
quinta-feira, 30 de abril de 2020
TÉCNICAS DE FILMAGEM
Por Beto Magno
Técnica de filmagem - Captura
ENQUADRAMENTOS
O enquadramento é o campo visual capturado pela objectiva da câmara. A esse
elemento capturado chamamos plano, o qual mediante a disposição dos elementos
ganha diferentes valores significativos e diferentes tempos de leitura.
São vários os tipos de enquadramento que se podem usar no momento de filmar.
Neste tipo de plano as costas e o ombro do
jornalista podem aparecer em algumas das
respostas do entrevistado, embora vá criar algum
ruído na imagem.
O entrevistado deve surgir sempre em primeiro
plano, olhando na direção do jornalista
O jornalista pode surgir em primeiro plano nas
perguntas, com um enquadramento similar ao do
entrevistado.
Este plano normalmente é gravado
posteriormente ao fim da entrevista. Nesta fase o
jornalista pode também “perguntar” usando como
imagem um plano médio, dando assim mais recursos de imagem para o trabalho de
edição
PLANOS DE CORTE
Este tipo de plano é essencial na construção de uma peça de televisiva já que permite a
mudança de planos, locais e momentos.
Um dos planos mais famosos em televisão é o plano de corte que utiliza as mãos do
entrevistado. Este típico plano causa ruído e distração sendo por isso considerado uma
coisa do passado.
Outros planos, não menos famosos, são o de alguém a escrever ou a imagem de uma
outra câmara de filmar. Estas também são imagens do passado que nada acrescentam e
que também causam ruídos, distração, quebra na história visual.
Ao usar o plano de mãos como plano de corte, o telespectador perde a atenção, e a
peça fica prejudicada na sua sequência informativa, já que as mãos não se relacionam
com o conteúdo.
Este plano deve ser substituídos por planos abertos, planos fechados ou pela utilização
do plano e do contra-plano do jornalista e do entrevistado.
OS CONTRA-PLANOS
É um plano recomendado sempre que existam condições para tal, já que facilita a edição
do diálogo.
O que é contra-plano do entrevistado? É a gravação deste calado enquanto olha para o
jornalista que lhe coloca a questão.
Por sua vez, o contra plano do jornalista, é naturalmente a imagem oposta, olha para o
entrevistado ouvindo-o numa atitude neutra, sem movimentos de cabeça a dizer que
“sim” ou “não”, nem recorrendo ao “uhm, uhm”.
O repórter de imagem é essencial nestas situações, já que deve avisar o jornalista dos
movimentos de cabeça caso eles existam.
O jornalista neste momento caso use microfone de mão, deve ter o cuidado, de efetuar
as questões colocando o microfone sempre à mesma distância que usou para colocar a
questão ao entrevistado durante a entrevista.
PLANO GERAL
O plano inteiro é outro que facilita o trabalho de edição.
Nas entrevistas em salas ou gabinetes, o plano geral
deve ser feito para que apareça o jornalista e o
respectivo entrevistado na imagem.
Este plano pode ser feito mais cedo, enquanto o
jornalista prepara a entrevista na conversa prévia com o entrevistado, ou pode ser feita
no fim, quando a entrevista terminou.
AS REGRAS
OS 180º
É uma regra que os repórteres de imagem devem respeitar. Traça-se uma linha
imaginária que une o jornalista ao entrevistado, e apenas se trabalha de um desses
lados, respeitando sempre o ângulo dos 180º, conforme a figura:
Ao ser respeitada a regra, o telespectador tem a facilidade de perceber que mesmo que
o jornalista e o entrevistado não apareçam juntos, o entrevistado está voltado para o
jornalista e vice-versa.
Centros de interesse
O interesse do telespectador sobe em função da localização do centro da imagem.
O centro de interesse principal deverá ser colocado no terço direito da imagem.
Se a imagem tiver um único centro de interesse, toda a ação se centra nele.
A imagem poderá ter dois centros de interesse e nesse caso a nossa atenção divide-se
por ambos.
Se uma imagem tiver vários centros de interesse, a atenção varia, centrando-se
alternadamente num ou noutro ponto, conforme a sua posição relativa
ESCALA DE PLANOS
Considerando um homem como exemplo, podemos dividir o seu espaço em três
grandes áreas demonstrativas
1. A que nos mostra o ambiente que o envolve
2. A que nos permite observar a ação que executa
3. A que nos possibilita analisar a sua expressão
Desta forma surgem três grupos de planos: Ambiente, Ação e Expressão
Os planos de ambiente podem ser:_ PMG – Plano Muito Geral
_ PG – Plano Geral
Os planos de ação podem ser:
_PGM – Plano Geral Médio
_PA – Plano Americano
_ PM – Plano Médio
Os planos de expressão podem ser:
_ PP – Plano Próximo
_ GP – Grande Plano
_ MGP – Muito Grande Plano
_ PD – Plano de Detalhe
AS CARACTERÍSTICAS DOS DIVERSOS PLANOS
PLANO MUITO GERAL (PMG) – É o plano que não tem
qualquer limite, é bastante geral. Contém, essencialmente, o
ambiente. O elemento humano quase que não é visível na
imagem.
PLANO GERAL (PG) – Este plano também se centra no
ambiente. Apesar disso já se vê o elemento humano na
imagem. Este plano já contém alguma ação apesar de o
ambiente ainda prevalecer.
PLANO AMERICANO (PA)Neste plano, apesar do ambiente
estar presente, o conteúdo principal é a ação das personagens.
O limite inferior da imagem corta o ser humano pelo meio da
coxa.
PLANO MÉDIO (PM) – O ambiente não surge neste plano. Este
plano caracteriza-se fundamentalmente pela ação da parte
superior do corpo humano. O plano é cortado pela cintura. Este
plano é considerado um plano intermédio entre a ação e a
expressão.
PLANO PRÓXIMO (PP) – Este plano é cortado pouco abaixo das
axilas. Permite por exemplo imagens de alguém a fumar,
cortando totalmente o ambiente em redor. Este tipo de planos
privilegia o que é transmitido pela expressão facial.
GRANDE PLANO (GP) – Este plano é a expressão na sua máxima
importância. É um plano que é cortado pela parte superior dos
ombros. Este plano retira a ação e o ambiente da imagem.
MUITO GRANDE PLANO (MGP) – Plano de expressão exagerado.
É um plano que ao ser cortado pelo queixo e pela testa permite
que seja aumentada a carga emotiva da imagem para o
telespectador.
PLANO DE DETALHE (PD) – Este plano foca apenas parte de um
corpo, desmontando assim o corpo humano. Este plano permite
também que seja aumentada a carga emotiva da imagem, ao
focar, por exemplo, uns olhos a chorar.
Ao introduzirmos movimento na câmara, criamos outro tipo de planos dependentes
desse movimento ou do uso de um ângulo diferente dado à câmara. Assim temos:
FOCA-DESFOCA – Plano em que ao focar-se o primeiro elemento mais próximo desfoca-se
o segundo elemento.
ZOOM – Aproximação, ou afastamento, a determinado objecto. Este tipo de plano deve
ser equilibrado, não deve ser muito rápido nem exageradamente lento
PANORÂMICAS – Normalmente é um movimento efetuado de acordo com a nossa
leitura ou seja da esquerda para a direita apesar de se poder efetuar no sentido
contrário. Também é um plano que requer equilíbrio, não devendo ser nem muito
rápido nem muito lento. Neste plano, o movimento da câmara é apoiado no eixo do
tripé.
TILTS – Movimento parecido com a panorâmica. O movimento é também efetuado
normalmente de acordo com a nossa leitura, de cima para baixo, apesar de se poder
efetuar no sentido oposto. É também um plano que requer equilíbrio, não deve ser
nem muito rápido nem muito lento.
TRAVELLING – Movimento bastante utilizado no cinema. A câmara efetua um
determinado percurso. Este tipo de plano é normalmente utilizado em situações de
explicação de determinada situação/movimento.
TRACKING - Movimento que segue uma personagem ou um objecto que se movimenta,
como se fosse uma perseguição.
Este gênero de planos deve ser utilizado com bom senso. O uso excessivo na mesma
peça deste gênero de planos acaba por transmitir a ideia de um trabalho feito à imagem
de um vídeo de casamento.
ALGUNS APONTAMENTOS RELATIVAMENTE AOS PLANOS
Apesar da descrição sucinta de cada plano, os limites referidos nunca são rígidos. Cada
caso é um caso, e se determinado plano (feito de acordo com as regras apontadas) é
indicado para determinada peça isso não significa que esse mesmo plano resulte na
peça seguinte.
O repórter de imagem, em consonância com o jornalista, seu colega de equipa, deve
optar sempre pelos planos que vão encaixar na história. Para isso é fundamental o trabalho de equipa e um perfeito conhecimento das razões pela qual estão a fazer
aquele trabalho. Uma boa preparação do trabalho é fundamental para que exista um
bom trabalho de equipa.
Nota: Filmar é contar uma história, não é apontar a câmara e carregar no botão.
ERROS DE ENQUADRAMENTO
A IMAGEM EGÍPCIA
Um erro habitual é quando o entrevistado fica de lado para a câmara, ficando assim o
entrevistado de lado, e metade do visor vazio. É uma imagem pobre e errada, que nada
diz ao telespectador.
Este erro tem uma solução extremamente fácil, o jornalista coloca-se sempre ao lado da
câmara de filmar. O entrevistado surge bem enquadrado na imagem já que olha para os
olhos do jornalista. Desta forma o telespectador pode observar as expressões do
entrevistado, detalhes que acabam por reforçar a ligação entre o entrevistado e o
telespectador.
IMAGENS PICADAS
O olhar da pessoa deve estar sempre ao nível da objectiva. Nunca se deve filmar um
convidado ou jornalista de cima para baixo (picado), ou ao contrário de baixo para cima
(contrapicado). No caso de alguém filmado de cima para baixo estamos a dar uma
imagem do convidado de ser alguém diminuído. Se o convidado for filmado de baixo
para cima estamos também a dar uma falsa imagem de poder.
ABERTURAS, PASSAGENS E FECHOS
O jornalista nunca deve surgir em plano próximo em
qualquer destas situações devendo usar o plano médio.
A posição do jornalista deve ser ligeiramente diagonal,
com o cenário em fundo. O telespectador fica, desta
forma, com um enquadramento mais agradável
Ao usar as passagens, o jornalista nunca deve ficar no centro da imagem, mas sim num
dos lados, para que o ponto de fuga ser aproveitado, valorizando a informação visual.
Neste tipo de imagens o limite é sempre a cintura. Porém, caso seja necessário, pode-se
usar o plano inteiro, sendo este fechado até se atingir a zona da cintura.
Para este tipo de imagens serem utilizadas e bem feitas o trabalho de equipa entre o
jornalista e o repórter de imagem é fundamental. Assim o conjunto do ambiente e do
jornalista saem reforçados.
Os movimentos de câmara e do jornalista devem ser treinados para que exista
sincronização.
As passagens, aberturas e encerramentos não devem ser iguais. O jornalista deve ter
todas as condições para uma boa imagem e o repórter de imagem deve orientar o
jornalista de modo a que os enquadramentos sejam os corretos.
Este tipo de planos deve reforçar o trabalho da equipa e a qualidade do trabalho e não o
contrário.
segunda-feira, 27 de abril de 2020
SEM TEMER - Mariá Pinkusfeld (Clipe)
SERÁ UMA "RENASCENÇA" DO BOM GOSTO MUSICAL NO BRASIL??? TOMARA!
sábado, 25 de abril de 2020
SOS AUDIOVISUAL
BETO MAGNO, RADA REZEDÁ E DR. FRANCISCO LEITTE
PROGRAMA CAFÉ COM LEITTE"
TV Verde Vale - Juazeiro do Norte - Ceará
Com fundo retido, setor audiovisual brasileiro corre risco de quebrar
Após período de crescimento, setor entrou em crise com governo Bolsonaro; trabalhadores e entidades cobram medidas
Fabiana Reinholz
Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Do boom dos anos 2000 até uma nova recessão que veio a partir de 2016, agravada pelo descaso e desinteresse do governo Jair Bolsonaro, o setor audiovisual é mais um entre tantos segmentos a sofrer com a pandemia causada pelo novo coronavírus. Com um diferencial: possui recursos do Fundo Setorial Audiovisual (FSA), estimados em R$ 724 milhões, mas que não são repassados há cerca de um ano por falta de vontade política, apontam representantes do setor. Para eles, provavelmente, muitas empresas não sobreviverão se não houver o mínimo de atenção e socorro por parte do governo federal.
Criado em 28 de dezembro de 2006, por meio da Lei 11.437,o FSA pertence ao Fundo Nacional da Cultura (FNC) e tem como finalidade estimular, por meio de editais, a produção do cinema independente, a distribuição de obras audiovisuais, a produção regional e a parceria com outros países. Seus recursos vêm principalmente da arrecadação da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) e do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Todo o produto — conteúdo audiovisual, as empresas, as teles, as TVs — pagam esse imposto e, a partir dele, as produções audiovisuais são realimentadas.
Conforme explica a presidenta da Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do Estado do Rio Grande do Sul (APTC), Daniela Strack, a explosão do setor se deu principalmente a partir de 2010, com a Lei da TV Paga, por meio da qual as teles passaram a ser obrigadas a contribuir com o Condecine. “Houve um boom de uma demanda das TVs pelo conteúdo nacional. O mercado vivia um momento de plena expansão, e aqui, no Rio Grande do Sul, não era diferente. Tivemos uma série de novas produtoras surgindo, realizadores conseguindo fazer os seus primeiros ou segundos longas já financiados pelo Fundo Setorial do Audiovisual ou também por outros editais do Ministério da Cultura”, aponta.
“O audiovisual brasileiro estava a pleno desenvolvimento, no caminho de se tornar uma importante e forte indústria, gerando mais de 300 mil empregos diretos e crescendo a uma taxa média de 8,8% ao ano, quando o atual governo assumiu e paralisou a Ancine [Agência Nacional do Cinema] e o FSA”, complementa o diretor, produtor executivo e presidente do Sindicato da Indústria Audiovisual RS (SIAV RS), Rogério Rodrigues.
Ao assumir o governo, Bolsonaro não nomeou o comitê gestor do FSA, o que fez com os recursos permanecem paralisados, explica Daniela. “Há um ano estamos com os recursos parados de projetos já aprovados, selecionados em editais, e esse Fundo não pode ser movimentado por uma vontade política, seria só nomear esse comitê gestor”, aponta. A estimativa é que haja, em todo o país, de 400 a 600 projetos de filmes e séries parados.
Para agentes da categoria, desde que Bolsonaro assumiu, há um desprezo e perseguição ao setor, e o enfraquecimento da Ancine. “A Ancine sofreu um abalo muito grande com esse governo, uma intervenção muito grande e não foi reestruturada. Toda a indústria audiovisual sofre muito com isso. Pela agência passa o fomento, discussão sobre legislação, toda a parte normativa da atividade. E se ela está desestruturada, tem uma consequência enorme na produção, tanto para cinema, quanto televisão”, delineia a cineasta, diretora, roteirista e sócia da produtora Casa de Cinema de Porto Alegre, Ana Luiza Azevedo.
Dos recursos travados no Fundo, há um edital contemplado para o Rio Grande do Sul, em fase de contratação, o FAC 2, no valor de R$ 7 milhões, sendo R$ 1,5 milhão aportado pelo estado e os outros R$ 6 milhões de recursos da Ancine e do Fundo. “Há uma apreensão muito grande, inclusive uma pressão da Secretária de Estado da Cultura (SEDAC), Bia Araújo, para que esses recursos sejam aportados pela Ancine, para que a agência cumpra o contrato com o estado, de fazer esse repasse de verba”, afirma Daniela.
O Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais da Cultura, entre suas as principais reivindicações, solicitou a necessidade de liberação imediata dos recursos do FNC e FSA, como forma de retomar a atividade da economia da cultura no país. De acordo com Bia Araújo, ainda não se obteve resposta a este pleito. “Aguardamos nova agenda com a Secretária de Cultura do governo Federal, Regina Duarte para renovar nossos pleitos”, comunica a secretária.
Conforme reforça Ana Luiza, esse dinheiro não pode ficar parado. “O dinheiro é da indústria para a própria indústria, é retroalimentado por ela. Isso acaba provocando uma crise muito grande, uma paralisia muito grande. E agora, com o isolamento social, tem a dificuldade de como produzir, várias produções foram canceladas. Como vamos sair dessa, ainda não sabemos”, afirma.
Com a covid-19
A pandemia parou produções no mundo todo, desde a potente indústria hollywoodiana às produções de novelas no Brasil. Contudo, o abalo maior se dá nos trabalhadores do setor.
“Toda a indústria cultural sofreu muito com a pandemia. Quem depende de espetáculos acabou ficando completamente paralisado. O audiovisual é uma cadeia enorme, os exibidores estão com as salas completamente fechadas, sem ter previsão de quando voltar, porque mesmo que o isolamento termine e que o público se sinta encorajados a voltar às salas de cinema, vai se passar um tempo. A gente imagina que vai ter uma mudança muito grande do comportamento do público em geral para qualquer tipo de atividade que prevê um acúmulo maior de pessoas”, ilustra Ana.
De acordo com o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), o parque exibidor brasileiro encerrou o ano de 2019 com um total de 3.477 salas de exibição em funcionamento, ultrapassando o recorde de 3.347 salas em 2018 e distanciando-se ainda mais do recorde histórico anterior de 3.276 salas em 1975.
Para Ana Luiza, é difícil fazer uma previsão do que acontecerá com o setor. “Talvez muitas salas de cinema não aguentem, muitas vão acabar sendo fechadas, tudo isso é especulação. Talvez termine tudo e as pessoas queiram ir para a rua, para o cinema. É difícil prever o que vai acontecer”.
Conforme pontua Rogério, o setor audiovisual é muito específico e não está sendo atendido pelas medidas anunciadas pelo governo federal. De acordo com ele, poderia se autorizar um socorro de emergência para o setor com recursos do próprio fundo. “Basta existir vontade política em um momento de emergência”, pontua.
Como solução, exemplifica o diretor, o FSA poderia criar editais de emergência de desenvolvimento de projetos, núcleos criativos e editais de finalização, processos de trabalho adaptáveis ao isolamento social, com valores relativamente baixos para permitir a maior abrangência possível de produtoras e de profissionais.
“Já temos grupos de trabalho neste sentido e esperamos nos próximos dias nos unirmos a outras entidades em busca de uma proposta do setor, mas o grande entrave são as regras de seleção e contratação do FSA, que precisam ser flexibilizadas em um momento de emergência como este que exige união, solidariedade e respeito”, conclui.
Mapeamento da situação dos profissionais
Assim como muitos setores da cultura, os profissionais do audiovisual vivem em uma situação híbrida entre ser arte e ser indústria, ilustra Daniela, e muitos se encontram em um limbo no tocante às leis trabalhistas. “Pouquíssimos deles são contratados via CLT, a maioria tem suas empresas individuais, ou uma MEI, ou uma ME”, destaca Daniela. De acordo com ela, isso coloca numa situação de fragilidade porque grande parte dos profissionais não se enquadra nos projetos de renda mínima elaborados pelo governo federal.
Para traçar um panorama da situação dos profissionais do setor, a APTC lançou um mapeamento no último dia 15. Com mais de 300 questionários preenchidos, o diagnóstico preliminar aponta que 80% não possuem vínculo empregatício; 44% são usuários do Sistema Único de Saúde (SUS); 44% se dizem não elegíveis para concessão emergencial; 46% contribuem com a Previdência Social; 80% tiveram trabalhos cancelados por conta da pandemia; e 21% estão com dificuldade de receber cachês tanto de trabalhos interrompidos pela pandemia, quanto de trabalhos realizados. Diante da pergunta “com a atual paralisação do setor, você teria condições de manter o sustento seu e da sua família por quanto tempo?”, 24% responderam que teriam por pelo menos 30 dias, 39% responderam ter sustento por 30 a 60 dias e 11% responderam acima de 90 dias.
Amparo ao trabalhador
“Sugerimos, junto com outras entidades, a criação de um Fundo de Amparo ao Trabalhador. Mas o que acho mais importante, e que reiteramos em uma reunião com a secretária Bia Araújo, foi a criação de um comitê de crise da cultura no estado, do qual as entidades façam parte assim como os colegiados setoriais, para que possamos pensar em políticas públicas que abranjam todos os profissionais dessa cadeia. Há uma série de profissionais que não se sentem contemplados pelas ações que a secretaria vem desenvolvendo até o momento”, destaca Daniela.
Mesmo com toda a adversidade, afirma Ana, todo mundo está solidário. “Agora não podemos largar a mão de ninguém. Não é hora de ganhar dinheiro com isso, pelo contrário, é hora de ser solidário, estarmos juntos e apoiando quem tem que estar lá na linha de frente, que são os profissionais de saúde. Então tudo que nós pudermos fazer para que as pessoas possam ficar em casa, para que o sistema de saúde não se sobrecarregue, vamos fazer, e o que podemos fazer é contribuir com o nosso trabalho”, aponta a cineasta. Entre as ações está a disponibilização de filmes feitos pela própria Casa de Cinema, pela Cinemateca Capitólio e pela Cinemateca Paulo Amorim.
Nesse sentido, a Casa de Cinema de Porto Alegre e Caetano Veloso lançaram um clipe para arrecadar fundos a universidades. A iniciativa foi do diretor Jorge Furtado, com o apoio do movimento #342 Artes. Objetivo é reforçar a importância do isolamento social e promover doações às áreas de pesquisa em testes de coronavírus na UFRGS, UFRJ e USP.
Cadê Regina?
“Esse governo decretou os artistas como seus inimigos número 1, é um governo que funciona tendo que ter um inimigo. E a própria secretária de cultura (Regina Duarte), não sei onde ela anda, não se manifesta. Nem mesmo na morte, tanto do Morais Moreira quanto do Rubens Fonseca, que foram perdas enormes da cultura, ela se mostrou”, frisa Ana. O ator Marcos Caruso, em sua rede social, lembrou esse fato também. De acordo com ele, cultura também é cultivar bons hábitos.
Ao se analisar a conta oficial da secretária no Instagram, esse silêncio é comprovado. Diante disso, um grupo de atores, diretores e produtores iniciou uma campanha virtual perguntando onde está a secretária e cobrando providências para o setor, em destaque a liberação do Fundo Nacional.
Medidas aprovadas
Nesta quarta-feira (22), a Ancine anunciou medidas para o setor. Entre elas está a linha de crédito emergencial para o setor audiovisual. De acordo com a agência, o objetivo é a manutenção dos empregos e das empresas do setor, inclusive exibidores proprietários de salas de cinema atualmente fechadas. Os recursos já disponíveis são R$ 250 milhões para operações diretas (BNDES); e R$150 milhões para operações indiretas (BRDE). Também a suspensão temporária por seis meses para pagamento das parcelas de crédito contratadas junto ao BNDES, com recursos do FSA, visando a preservação da capacidade financeira das empresas de infraestrutura audiovisual. Ainda um apoio não reembolsável ao pequeno exibidor, com o objetivo de manter os empregos e as empresas exibidoras de cinema de pequeno porte, com recursos de R$11 milhões. As Propostas precisam agora passar pela aprovação do Comitê Gestor do FSA. Mais detalhes podem ser acessados aqui.
Também no dia 22, o Senado aprovou a inclusão de artistas de várias áreas no auxílio emergencial do governo.
Ação Solidária
Após ouvir relatos da equipe com quem trabalha, o diretor de fotografia Lucas Cunha, juntamente com Wilton Soares Martins, criou uma rede para arrecadação de fundos para aquisição de cestas básicas. Posteriormente, se somou à equipe Beto Picasso, diretor de produção. A ação que começou no dia 7 de abril conseguiu, até o momento, distribuir 76 cestas básicas. “Temos indiretamente beneficiado 248 familiares. Nossa ação continua arrecadando, temos garantido o mês de maio”, relata Lucas.
A realidade dos 65 profissionais cadastrados, de acordo com Lucas, é preocupante. “Muitos profissionais ganham por diária. Só trabalham nessa área. Estamos conseguindo dar alimento, mas tem pessoas que não tem como pagar aluguel. Dá para contar na mão os que não precisaram, que estão conseguindo se manter, mas 90% não sabem como pagarão o aluguel .” Sobre o auxílio, Lucas pontua que muitos profissionais não sabem se cadastrar ou não se encaixam nos requisitos.
Para contribuir com a ação solidária do audiovisual, você pode entrar em contato com Lucas Cunha por meio do telefone (51) 9.8201.1988.
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Marcelo Ferreira
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